O presidente da Câmara Municipal de São Paulo, o vereador Ricardo Teixeira (União), cancelou um evento que marcaria os 77 anos da Nakba (tragédia, em árabe), termo usado para nomear a criação do Estado de Israel, que gerou o massacre e expulsão dos palestinos de seu território. O evento 77 anos da Nakba: uma aula de resistência, programado para acontecer nesta quarta-feira (15), havia sido proposto pela Bancada de Direitos Humanos, Núcleo Palestino do Partido dos Trabalhadores (PT) e Fórum Latino Palestino. Enquanto isso, o número de mortes na Faixa de Gaza segue aumentando.
Em nota, a Executiva do Diretório Municipal do PT São Paulo repudiou a atitude de Teixeira. “O ocorrido evidencia a crescente intolerância e repressão contra a expressão de solidariedade ao povo palestino, e reforça a necessidade de defender os direitos humanos e a liberdade de expressão.”
De acordo com o partido, a decisão evidencia um lobby sionista na Câmara. “Há cerca de um ano, o então presidente da Câmara Municipal Milton Leite também proibiu um evento sobre a Palestina. Naquele caso, ele deixou explícito que o pedido vinha direto do Consulado de Israel”, afirma a nota. “Não podemos aceitar este tipo de censura calados.”
Genocídio em Gaza
O cancelamento do evento ocorre em meio ao aumento de mortes de palestinos. A Defesa Civil da Faixa de Gaza informou que pelo menos 50 pessoas morreram nesta quinta-feira (15) em ataques israelenses. O porta-voz da agência, Mahmud Bassal, disse à AFP que pelo menos 13 corpos foram “retirados dos escombros” após um bombardeio na cidade de Khan Yunis, no sul. Outras 35 pessoas morreram em 12 ataques em diversos pontos do enclave.
Uma mulher morreu ao ser atingida por disparos de artilharia e um homem faleceu em um ataque com arma de fogo no sul da Faixa, disse Bassal. Por outro lado, uma israelense grávida – integrante de um assentamento ilegal em terra palestina – foi morta nesta quinta na Cisjordânia. Os médicos salvaram a criança e se espera uma reposta violenta e desproporcional de Israel.
Ampliação da ofensiva e viagem de Trump ao Oriente Médio
O governo israelense aprovou este mês um plano para ampliar a ofensiva e mencionou a “conquista” de Gaza. Ao mesmo tempo, nesta quinta-feira (15), Donald Trump concluiu sua visita ao Catar, onde o xeque Tamim bin Hamad Al Thani instou o presidente dos Estados Unidos a usar sua influência para um cessar-fogo em Gaza. A expectativa é que a visita incentive o processo de paz no território palestino.
“Nossas equipes estão engajadas em intensa diplomacia para garantir um cessar-fogo em Gaza, proteger todos os civis, especialmente mulheres e crianças inocentes, e garantir a libertação de todos os reféns”, disse Al Thani durante um jantar de Estado na quarta-feira.