Apesar de ter a maior renda média mensal do país, o Distrito Federal também lidera o ranking da desigualdade social no Brasil. O abismo é ainda mais profundo quando se analisa os recortes de gênero e raça: mulheres ganham 31,1% a menos do que homens, e pretos recebem 80,7% a menos do que brancos. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C): Rendimento de Todas as Fontes (2024), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última quinta-feira (8).
A pesquisa mostra que em 2024 o DF registrou o maior Índice de Gini – indicador que mede o nível de desigualdade de renda numa escala de 0 a 1 – do país: 0,547, enquanto o nacional foi de 0,506. Em seguida, vem os estados de Pernambuco (0,532) e Roraima (0,530). “Enquanto no Brasil a desigualdade diminuiu, segundo os dados do IBGE, aqui no Distrito Federal ela aumentou. Realmente somos a capital da desigualdade”, comentou o deputado distrital Fábio Felix (Psol-DF).
Historicamente, o DF mantém o posto de maior rendimento domiciliar per capita, calculado dividindo a soma da renda de todas as pessoas de um domicílio pelo número de moradores. Em 2024, segundo o IBGE, essa média foi de R$3.276 no DF. São Paulo, com R$ 2.588, e Santa Catarina, com R$ 2.544, estiveram em segundo e terceiro lugar, respectivamente. A média nacional foi de R$ 2.020, maior valor da série histórica e com alta de 4,7% ante 2023.
O DF se afasta do topo quando se trata da parcela da população mais pobre. No ranking da média dos ganhos dos 40% da população com menor renda, o DF aparece em 6º lugar. com R$ 779. Nesse caso, quem lidera são os estados de Santa Catarina, com R$ 997 mensais por pessoa do domicílio, seguido do Rio Grande do Sul, com R$ 892. A média nacional para o rendimento domiciliar dos 40% mais pobres ficou em R$ 601 mensais por pessoa em 2024.
Gênero e raça
A pesquisa do IBGE também traz dados sobre o rendimento de todas as fontes, que é a soma de todos os tipos de renda que uma pessoa recebe individualmente. Para esse índice, a média da população do DF em 2024 foi de R$5.043.
Quando se observa mais de perto, porém, os números revelam abismos: homens ganham, em média, R$ 5.632, enquanto as mulheres recebem R$ 4.295 — uma diferença de 31,1%. A desigualdade se aprofunda ainda mais quando o critério é raça. Pessoas brancas têm rendimento médio de R$ 6.975, já os pardos recebem R$ 3.893 e os pretos, R$ 3.859 — ou seja, uma diferença de 80,7% entre brancos e pretos.
“Nós não podemos entender esses dados só como um ranking distante da realidade. Se a gente olha para o lado aqui no Distrito Federal, nós temos o Sol Nascente e o Lago Sul numa distância tão pequena. Temos o Lúcio Costa com pessoas morando num espaço regularizado, e no Setor de Inflamáveis [SIA], as pessoas sendo despejadas de forma truculenta, violenta. É preciso fazer alguma coisa para enfrentar a desigualdade nessa cidade”, avaliou Fábio Felix.
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