
*Artigo escrito por Fábio Pimenta, cirurgião plástico e médico do exercício, professor titular da UVV e do Instituto Paciléo em SP, membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Empreendedorismo e Gestão do Ibef-ES.
O risco cardiometabólico está aumentando em prevalência ao longo da vida. Fatores de risco estabelecidos e a progressão da doença associada se tornam mais difíceis de reverter à medida que se consolidam ao longo do tempo; se as tendências atuais não forem controladas, as consequências para o bem-estar individual e social se tornarão insustentáveis.
As causas raiz inter-relacionadas da adiposidade ectópica e da resistência à insulina são compreendidas, mas identificadas tardiamente na trajetória da desregulação metabólica sistêmica, quando os fatores de risco cardiometabólico tradicionais cruzam os limites diagnósticos atuais da doença.
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Crianças em risco
Assim, crianças em risco cardiometabólico são frequentemente expostas a um metabolismo subótimo ao longo dos anos antes de apresentarem sintomas clínicos, momento em que a dependência vitalícia da farmacoterapia pode apenas mitigar, mas não reverter o risco.
Indicadores de ponta são necessários para detectar o desvio mais precoce do metabolismo saudável, para que a prevenção direcionada, primordial e primária do risco cardiometabólico seja possível.
Uma melhor compreensão dos biomarcadores que refletem precocemente as transições para o dismetabolismo, começando no útero e ao longo da vida, é crucial.
Esta declaração científica feita pela American Heart Association (AHA, 2020), explora biomarcadores emergentes de risco cardiometabólico em campos de pesquisa “ômicos” em rápida evolução e inter-relacionados (epigenoma, microbioma, metaboloma, lipidoma e inflamossomo).
Conexões em cada domínio com a função mitocondrial são identificadas, as quais podem mediar as respostas favoráveis de cada um dos biomarcadores ômicos presentes em um estilo de vida saudável para o coração, notadamente em intervenções nutricionais.
A implementação mais completa da nutrição baseada em evidências deve abordar as disparidades ambientais e socioeconômicas que podem facilitar ou dificultar a resposta à terapia.
Jovens em risco
Jovens em risco cardiometabólico, podem estar expostos à níveis subótimos de nutrientes por muitos anos antes de se apresentarem para tratamento, ponto em que a dependência vitalícia de medicamentos pode apenas mitigar, mas não reverter o risco.
Uma declaração de política da AHA, destacou o impacto do risco cardiometabólico em jovens sobre o aumento da prevalência de doenças cardiometabólicas em adultos.
O documento enfatiza a urgência de incorporar, ao longo do curso da vida, novos fatores de risco e novas tecnologias, se quisermos obter melhor avanço no cumprimento da Meta de Impacto de 2030, que busca aumentar, de forma equitativa, a expectativa de vida saudável além das projeções atuais.
Embora cada um desses campos ômicos esteja crescendo muito além do escopo de uma única declaração científica, a ênfase aqui está em sua integração e utilidade específica como biomarcadores precoces, mecanicistas e modificáveis, que torna possível a intervenção pelo médico afeito a essas tecnologias, na gestão da saúde desses indivíduos, fazendo as devidas correções de forma personalizada e mitigando a doença e promovendo saúde.
Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.