A Índia e o Paquistão concordaram neste sábado (10/05) com um cessar-fogo imediato após a escalada no conflito na região da Caxemira. O anúncio foi pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e confirmado pelo ministro paquistanês do Exterior, Ishaq Dar.
A pausa no conflito foi mediada pelos Estados Unidos. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, informou que ele e o vice-presidente americano, J.D. Vance, estiveram em contato nas últimas 48 horas “com autoridades indianas e paquistanesas”, incluindo os primeiros-ministros de ambos os países.
“Paquistão e Índia concordaram com um cessar-fogo com efeito imediato. O Paquistão sempre lutou pela paz e segurança na região, sem comprometer sua soberania e nem sua integridade territorial”, disse Dar em uma mensagem publicada em seu perfil na rede social X.
Minutos antes, Trump havia anunciado um cessar-fogo entre as duas potências nucleares, que nos últimos dias viveram seu maior nível de tensão desde o século passado, com 98 mortes confirmadas entre os dois países.
“Após uma longa noite de conversas mediadas pelos EUA, tenho o prazer de anunciar que Índia e Paquistão concordaram com um cessar-fogo total e imediato. Parabéns a ambos os países pelo bom senso e grande inteligência. Obrigado pela atenção a este assunto!”, disse Trump em uma postagem em sua rede social Truth Social.
Os EUA disseram várias vezes que estavam monitorando de perto o novo conflito entre Índia e Paquistão, que começou em 22 de abril após um ataque terrorista na parte da região da Caxemira que integra o território indiano matar 26 pessoas.
A responsável das Forças Armadas indiana, Vyomika Singh, disse em uma coletiva de imprensa que Nova Delhi está empenhada na “não escalada [do conflito], desde que o lado paquistanês retribua” a postura.
Pior momento desde 1999
O cessar-fogo foi anunciado após as tensões aumentarem na fronteira dos dois países. Em reação a um ataque realizado pelo Índia na quarta-feira, as Forças Armadas paquistanesas dispararam neste sábado mísseis contra várias posições na Índia.
O governo indiano afirma que a ofensiva da quarta-feira foi em retaliação ao atentado terrorista de 22 de abril em que homens armados, supostamente baseados no Paquistão, invadiram Pahalgam, região turística na Caxemira administrada pela Índia, e abriram fogo contra civis, deixando ao menos 26 mortos, a maioria hindus. Eles teriam selecionado as vítimas com base em sua religião, pedindo para que recitassem versos islâmicos para identificar não-muçulmanos antes de atirar. O Paquistão nega envolvimento no ataque.
Desde então, a situação se deteriorou rapidamente. O Paquistão informou neste sábado que ao menos 13 civis foram mortos e 56 ficaram feridos na Caxemira administrada pelo Paquistão desde a meia-noite devido a confrontos transfronteiriços.
Islamabad havia relatado anteriormente que os ataques aéreos da Índia na última quarta-feira contra bases supostamente terroristas em seu território e as violações do cessar-fogo na fronteira de fato entre as nações vizinhas deixaram 33 civis mortos e 57 feridos no lado paquistanês.
Também foram registradas mortes no lado indiano da Linha de Controle (LoC) devido a intensas trocas de tiros entre forças paquistanesas e indianas, com ao menos 26 vítimas, a maioria delas devido a violações do cessar-fogo dentro do território indiano. O número de mortos na Índia também inclui três mortes relatadas neste sábado, devido a um ataque aéreo paquistanês.
A escalada de tensão entre Índia e Paquistão marcou o pior momento entre as duas potências nucleares desde o Conflito de Cargil, em 1999. A Caxemira, disputada entre Nova Delhi e Islamabad desde sua partição em 1947, tornou-se o foco de disputas entre os dois países.