“Cloud é o novo normal”. Essa frase foi dita pela primeira vez em novembro de 2016, no re:invent, pelo então CEO da AWS, Andy Jassy (que foi quem idealizou a empresa junto com o Jeff Bezos, anos antes). Já era uma frase óbvia em 2016, mas o óbvio deve ser dito.
Nem uma década depois e a frase óbvia do momento é “AI é o novo normal”, talvez dita pela primeira vez por mim aqui, em abril de 2025.
Em menos de uma década, passamos de uma abstração de infraestrutura de cloud para serviços sofisticados até chegarmos no estágio atual, tão incrível que parece mágico – como parecia magia e incauto usar cloud pública anos atrás.
A história não se repete exatamente da mesma forma e, agora, o que temos de observar é que, embora o potencial de revolucionar tudo no nosso mundo une cloud com AI, há várias diferenças:
- AI, e em especial GenAI, está evoluindo muito mais rápido em adoção e inovação do que cloud evoluiu no mesmo estágio – talvez cino vezes mais rápido!
- Cloud rompeu com o passado ao convidar o mundo ao modelo as-a-service radical. AI vem de uma evolução de décadas, embora GenAI signifique uma vertente inovadora.
- A velocidade de evolução de cloud foi no passo certo para que nós aprendêssemos como atuar, tanto na forma de planejar quanto de arquitetar, migrar e sustentar ambientes. Com AI, a evolução é tão rápida que nos resta confiar que profissionais de cloud e dados consigam nos ajudar na jornada com o que já sabem. Todos estamos aprendendo – errando e acertando – juntos.
- Embora já existisse SaaS desde o logo de “proibido software”, da Salesforce, foi a AWS que criou a primeira IaaS e assim foi por muitos anos, quando Google e Microsoft correram para criar GCP e Azure. Mas com AI, o mercado inteiro rapidamente se posicionou: da OpenAI surgem as soluções da Microsoft, já concorrendo desde o primeiro dia com AWS, Google e Meta, dentre tantos outros. Só falta corrigir o monopólio de GPUs, mas isso virá.
- Cloud começou com empresas pequenas, atingiu as digitais e chegou nas grandes, uma jornada de mais de uma década. Com AI, todas pularam para dentro ao mesmo tempo.
- Migrar para cloud era uma questão de atitude e desapego. Com AI é uma questão de preparo. Não siga com projetos audaciosos em AI sem tratar de dados e segurança, por exemplo.
- Os investimentos em cloud que o mercado fez eram, inicialmente, muito pequenos. A AWS demorou alguns anos para atingir 1 bilhão de dólares em receita (hoje, fatura mais de 100 bilhões e o mercado todo deve faturar uns 350 bilhões de dólares. Em AI, em apenas dois anos, já foram investidos mais de 400 bilhões – mas a receita ainda não chega a 40% disso.
- E o mais importante deles: cloud falava com o profissional de tecnologia. AI transforma o negócio. Você, profissional de tecnologia, está preparado para isso?
Enfim, reconhecer semelhanças e diferenças é importante para podermos seguir adiante com precisão. A Dedalus foi (e é) muito bem-sucedida em serviços de cloud. Acreditamos que essa experiência e visão nos ajudem em dados e AI – e até o momento, é o que tem acontecido. Mas ainda há muito pela frente. Acredito que esta onde perdure por mais tempo e tenha um impacto ainda mais transformador que cloud ou qualquer coisa que tenhamos usado desde o ENIAC, em 1943.
Maurício Fernandes, CEO da Dedalus.