36 perguntas para um casal se apaixonar: estudo identificou como criar conexões mais profundas; faça o teste no jogo do g1


Experimento mostrou que a chave para desenvolver um relacionamento e aproximar os parceiros é se abrir de forma contínua e recíproca. 36 perguntas para um casal se apaixonar; conheça o Jogo do Amor do g1
Você já se apaixonou por alguém na primeira conversa? Ou saiu de um encontro com a certeza de que estava se apaixonando pela pessoa? Se sim, você não é um “emocionado” e a ciência está do seu lado: provavelmente, você só fez as perguntas certas.
➡️ Um experimento realizado pelo psicólogo Arthur Aron, que estuda o amor há mais de quatro décadas, mostrou que seria possível criar intimidade profunda entre duas pessoas em apenas uma conversa guiada por 36 perguntas. A experiência uniu duplas de desconhecidos em laboratório, e a proposta inicial não era despertar o amor, mas terminou até em casamento.
❤️ Aron, que é professor na Universidade Stony Brook (uma das mais renomadas de Nova York) e ganhou notoriedade pelo experimento, disse que a chave para desenvolver um relacionamento e se aproximar do parceiro é a auto-revelação de forma contínua e recíproca entre essas duas pessoas.
📊 No Brasil, 80 milhões declararam seu estado civil como solteiro, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A mudança dos padrões sociais fez com que compreendêssemos que se relacionar e ter felicidade vão além de ter parceiros amorosos. Além disso, com os novos formatos e aplicativos de relacionamentos, nem sempre ser solteiro significa estar sozinho.
➡️ No entanto, para quem tem esse estado civil como condição e não como escolha e está em busca de mudança há uma fala comum:
A falta de profundidade nas conversas e a coragem para ser vulnerável são obstáculos.
A médica psiquiatra e especialista em neurociências Nina Ferreira explica que, quando uma pessoa se abre, ela oferece espaço para que o outro também o faça. Segundo ela, sem esse tipo de escuta, não há como transformar atração física em algo emocional e encontrar o amor. (Leia mais ao final desta reportagem.)
💘 Agora, se você está decidido a mudar o estado civil em 2024 e cansado de dates que não dão em nada ou quer ter uma experiência diferente de intimidade com quem você já tem uma relação, o g1 pode te ajudar com o Jogo do Amor.
Com base no estudo, o jogo traz as 36 perguntas, que geram uma conversa de 45 minutos a 1 hora. A proposta é colocar o experimento à prova no date ou no bate-papo como uma brincadeira. E esteja preparado para se apaixonar!
Confira a versão completa do Jogo do Amor:

OU
Se quiser fazer as perguntas por partes, confira o Jogo do Amor numa versão com 3 perguntas por dia:

Cansada de ser solteira
Aquela história de que a vida de solteiro é uma longa e solitária espera não é mais uma máxima. A noção de que todo mundo quer e precisa de um par romântico para ser completo já é antiquada. E, de fato, essa não é a única maneira de levar a vida.
💞 Coisas vistas de forma romântica, como um jantar à luz de velas, cinema, viagens e até mesmo ter filhos, já fazem parte da listas de realizações que as pessoas, naturalmente, têm, independentemente de ter parceiro ou parceira.
📝 No mundo moderno, ter profundo autoconhecimento, liberdade de não assumir as responsabilidades de um compromisso e aprofundar outras relações que não a romântica se tornaram prioridade.
Além disso, o ditado de antes só que mal acompanhado também tem se feito valer com a compreensão do que são relacionamentos tóxicos, abusivos e violentos.
No entanto, distante da idealização, quem está solteiro diz que nem sempre é fácil e é isso o que leva alguns dos 80 milhões de solteiros no Brasil a decidirem sair em busca da mudança de estado civil. A atriz e influenciadora Glória Maciel é uma dessas pessoas.
Por que nosso primeiro amor costuma ser tão inesquecível, segundo a Ciência
Depois de dois anos solteira e muitos encontros, ela diz que percebeu que queria namorar. Foi aí que ela começou uma jornada.
📊 Nos últimos dois anos de tentativa, ela foi a 45 encontros com um total de 20 pessoas e dividiu a conta mais de 50% das vezes. Como ela sabe disso? Porque decidiu planilhar sua trajetória e publicar em suas redes em forma de retrospectiva. Os vídeos de 2022 e 2023 renderam quase 3 milhões de visualizações e muitos comentários de quem, assim como ela, estava na tentativa e fechou o ano ainda solteiro. (Veja os vídeos abaixo)
Influenciadora faz retrospectiva de seus ‘dates’
Glória conta que foram muitos dates ruins, bolos, foras e até uma “carreira corporativa” como ficante, mas ainda continua solteira.
Em 2022, eu achei que iria dar certo. Eu e um cara ficamos juntos por dez meses. Fazíamos coisas de namorado, encontros regulares, conheci a família dele, mas ia passando de ficante júnior, para pleno e sênior e não chegava no namoro. Eu não, né, mas ele sim porque depois de todo esse tempo ele sumiu do nada e apareceu namorando uma outra pessoa.
Depois da decepção, ela diz que continuou tentando, mas percebeu que os encontros eram sempre com conversas superficiais e quase nunca chegavam em pontos importantes para um relacionamento – ainda que a pessoa com quem estivesse saindo quisesse namorar. Para ela, a questão é que as pessoas não estão dispostas a se aprofundarem e, por causa das redes e aplicativos, seguem mantendo uma “pose”.
“As conexões são on-line e, às vezes, parece que as pessoas querem manter aquele mundo distante aqui fora. Os aplicativos são como um cardápio de pessoas e dão a sensação de que você não está sozinho. Muita gente dá match e não sai do on-line, não transa, porque é só uma pessoa para ter ali para conversar”, conta.
Sem medo de ser emocionada
Alice e o namorado por quem se apaixonou com jogo de perguntas
Reprodução/Instagram
Segundo o dicionário, ser emocionado é demonstrar os sentimentos, algo necessário quando se pensa em uma relação. Mas, na versão atualizada dos relacionamentos, não é bem assim.
➡️ Ser emocionado é uma gíria para quem é acelerado demais para desenvolver a relação, apesar de os padrões de tempo não serem bem estabelecidos. Em resumo, a jornada é a seguinte:

A empresária Alice Milbratz disse que viveu esses padrões ao longo da vida adulta, mas sentia que não se encaixava porque se define como uma pessoa emocionada e intensa.
“Eu sou aberta, me envolvo, e fui vendo uma dificuldade de ter relações amorosas. Tudo ficava muito superficial. A gente saia uma, duas vezes e depois levava ghosting [afastamento repentino]”, conta.
💞 Cansada, ela decidiu pensar em uma forma de conectar as pessoas e acabou chegando à pesquisa de Aron. Com base nos dados e em sua vivência pessoal, criou uma nova lista de perguntas que começou a colocar em prática. O questionário se tornou um aplicativo e, depois, um jogo de cartas e uma comunidade de cerca de 4 mil pessoas.
Isso não é um Jogo foi elaborado com perguntas que podem levar a intimidade entre casais
Divulgação
Alice é testemunha pessoal do experimento. Ela propôs o jogo ao, hoje, namorado no segundo encontro. Ela conta que gostou dele, mas queria sair da superficialidade e propôs as perguntas. Na carta “O que você gostaria de falar para a sua família que você não fala?”, ele fez uma confidência que iniciou uma conexão emocional entre eles, que seguem juntos.
Ele é uma pessoa de sucesso e expôs sua vulnerabilidade e chorou para mim. Ele confidenciou algo que disse que não tinha contado para as pessoas e saiu em uma conversa comigo, que também estava me expondo. A gente se apaixonou.
A designer Izabella Beck também disse que estava cansada da vida de matchs e conversas superficiais on-line. De Brasília, ela se interessou por um carioca que conheceu nas redes sociais na pandemia, em 2021. Eles fizeram os primeiros encontros virtuais guiados pela proposta criada por Alice, um esquema de perguntas para que se conhecessem melhor.
“Sempre gostei de ter relações profundas com as pessoas. E o jogo me ajudou a construir uma relação profunda com ele mesmo à distância, sabe? Não tinha aquele papo furado, aquele silêncio constrangedor, porque as perguntas tornavam isso impossível”, conta Izabella.
Izabella Beck e o namorado que se conheceram usando jogo que usou pesquisa como base
Arquivo Pessoal
Por uma tela, os dois aprofundaram a relação com base nas perguntas até o primeiro encontro e oficializaram a relação três meses depois e, em cinco meses, Izabella se mudou para o Rio de Janeiro, onde os dois moram juntos.
A gente se entregou e construímos a relação já abrindo espaço para a intimidade e poder falar sobre coisas profundas. Eu me mudei para o Rio de Janeiro cinco meses depois, fomos morar juntos. Acho que a forma como as coisas começaram foram importantes para termos a relação que temos hoje.
É impossível amar sem ser vulnerável
A pesquisa de Aron foi publicada em 1997, ou seja, quase 27 anos atrás. A ideia dele era encontrar uma maneira de as pessoas se conectarem emocionalmente. Você pode pensar que a resposta não era tão simples porque não havia a hiperconectividade que existe hoje com apps, redes sociais e internet mais abrangente.
➡️ Você, solteiro ou casado, se lembra quando foi a última vez que perguntou ao seu companheiro ou a alguma pessoa o que a fazia triste? E feliz? Ou ainda, como ela se sentia com a forma como foi criada e como isso impactou em quem ela é? E quais as dores? Ou quando ela chorou pela última vez?
Se você não se lembra ou nunca fez essas perguntas, é porque a descoberta de Aron segue atual: as pessoas se conectam com o hábito constante de se abrirem em coisas profundas e escutar isso do outro. Ou seja, de se mostrarem vulneráveis e criarem espaços vulneráveis.
Compartilhar vulnerabilidades é chave para estreitar relações e, quem sabe, encontrar o amor
Pexels
A médica psiquiatra e especialista em neurociências Nina Ferreira explica que “não há nada que conecte mais as pessoas do que falar de suas profundidades”.
Você conta coisas que são difíceis e tem da outra pessoa o interesse em ouvir. Isso, de forma mútua, cria uma conexão que quase nada abala. Você aceita as imperfeições do outro e ele as suas e esse acolhimento é o que gera o amor de um ser humano pelo outro. É impossível amar e ser amado sem ser vulnerável.
A especialista diz que esse é o tipo de espaço difícil de criar hoje em dia e destaca que alguns dos motivos pelos quais isso acontece são:
💔 Insegurança: A pessoa tem medo de se abrir e ser ignorada e, com isso, mergulha em jogos em que não demonstra o que sente e mantém um certo afastamento. “As pessoas se mantêm distantes como forma de proteção. Só que, quando as duas se protegem, como criar uma relação?”, questiona a psiquiatra.
💔 Traumas: A responsabilidade emocional é um ponto importante. Com a jornada até que haja, de fato, um compromisso, a outra pessoa não se sente responsável pelo que o outro sente. Coisas como ghosting, em que a pessoa com quem você está se envolvendo desaparece sem dar satisfações, deixam as pessoas retraídas de se exporem na próxima tentativa de relação.
💔 Redes sociais e aplicativos: Para a especialista, as redes e os aplicativos mudaram a forma como nos relacionamos. Na dinâmica dos encontros, para ela, as pessoas não querem se expor para manter a imagem de como se apresentam on-line. Para além disso, centraliza a atenção em si mesmos. “Conhecer o mundo interno do outro e o que ele sente não é interessante”, explica Nina Ferreira.
“A sociedade é boa em criar regras e foi isso que aconteceu com as relações. As pessoas repetem esses padrões sem perguntar se é bom para elas e aí fica mais fácil seguir do que questionar. Criar uma relação exige energia e entrega e é uma escolha, não um processo natural. Tem que estar disposto”, diz a psiquiatra.
Especialista explica que para se relacionar é preciso esforço
Maksim Goncharenok
Sendo vulnerável
Ser vulnerável não é um processo natural, é preciso coragem de se expor e não ter medo de julgamentos. Não há como romantizarmos e dizemos que será fácil. No entanto, segundo os especialistas, a única maneira de conseguir é se conhecendo, respeitando seus próprios sentimentos e, com isso, perder o medo do julgamento alheio.
A psiquiatra dá algumas dicas:
❤️ Respeitar a própria decisão: Se você sabe que quer se relacionar, que quer ser vulnerável e não encontra reciprocidade no outro, não negocie suas decisões e siga em frente.
❤️ Estar disposto: Se relacionar é uma decisão que exige gasto de energia em olhar para dentro de si e do outro. É preciso entender que esse não é um processo simples para não desistir sem tentar.
❤️ Cuidar dos próprios sentimentos: Se você souber olhar para dentro de si e não tiver medo de lidar com os próprios sentimentos, vai poder lidar com os do outro.
“Eu ainda diria que, além de tudo isso, entender que a paixão é passageira e essa excitação pode não se transformar em amor. O ser humano precisa de segurança e é isso é capaz de estabelecer uma relação duradoura. A paixão é passageira”, acrescenta Nina Ferreira.
A especialista ainda frisa que é preciso olhar atento a “red flags” (na tradução, bandeiras vermelhas), que um possível companheiro pode ter como sinais de violência, controle e desrespeito.
Ela reforça que se conhecer e se valorizar afastam as pessoas de relações assim, que as diminuem, mas não as livram completamente. E que, nesse caso, ser vulnerável com quem é próximo, ouvir os sinais que as pessoas despertam sobre o outro, como indícios de controle e violência, são importantes.

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