Com fixador na perna, advogada e corredora atropelada por motorista bêbado e que ficou em coma volta a correr no ES


Karina Vaillant, de 27 anos, voltou a caminhar (e dar os primeiros passos na corrida) com fixador na perna após acidente em dezembro de 2022. Ela ficou em coma e teve várias fraturas, como traumatismo craniano, trauma na face e perfuração no pulmão. Após acidente grave, corredora Karina Vaillant volta a caminhar (e dar os primeiros passos na corrida) com o fixador.
Arquivo pessoal
O que é superação? Esta é uma das perguntas que uma advogada e corredora de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, sabe responder. Depois de sofrer um acidente grave em dezembro de 2022, no qual ficou cerca de sete dias em coma induzido e teve múltiplas fraturas pelo corpo, Karina Vaillant, de 27 anos, comemora não apenas os primeiros passos, mas também os primeiros metros de corrida mesmo ainda com o fixador para calcificação do osso.
Compartilhe no WhatsApp
Compartilhe no Telegram
“A corrida era a engrenagem da minha vida. Muita coisa ruim decorreu depois do acidente porque eu não tinha mais aquilo que mais amava. Por mais que eu saiba que não vai ser como antes, porque eu estava com uma performance muito bom, até a nível estadual, eu quero conseguir a voltar o mesmo prazer e amor que tinha antes”, disse a corredora.
Karina Vaillant voltou a correr após acidente grave que sofreu no Sul do ES
Arquivo pessoal
De acordo com a também advogada, a vida com o fixador externo deve terminar ainda no mês de janeiro de 2024.
“Estou ansiosa, claro! Ainda verei o próximo passo, ainda não se sabe. Vamos ver, por exemplo, com quais sequelas eu ficaria. Mas estou sempre muito otimista e grata”, disse.
Enquanto ainda não tira o fixador, a corredora explicou que a peça que fica pro lado de fora do corpo não a incomoda fazer as atividades do dia a dia com ele.
“Quando eu não usava, eu tinha a sensação de gastura que as pessoas têm. Mas doeu apenas nos primeiros 20 dias. Eu não sinto dor na perna com o fixador. Além disso, eu posso bater e esbarrar em qualquer lugar, isso não vai dor. Está muito fixo no osso, até eu me surpreendi”, comentou Karina.
📲 Clique aqui para seguir o canal do g1 ES no WhatsApp
Relembre o acidente
Karina Vaillant, corredora e advogada
Reprodução
Em entrevista ao g1, Karina disse não lembra do acidente. Na ocasião, a corredora participava de um desafio esportivo quando foi atingida por um carro na contramão, na ES -482, e ficou 20 dias sem consciência.
“Eu não lembro basicamente de nada. Eu só lembro da gente no início, onde seria a largada. A gente fez uma oração. Depois não lembro de nada”, disse Karina.
O motorista, identificado como Gilmar Almeida dos Anjos, foi encontrado dormindo sobre o volante, dentro do carro, que estava estacionado no trevo que dá acesso ao município de Presidente Kenedy, às margens da BR-101. O veículo, segundo a PM, estava com a lataria danificada e com marcas de sangue.
O homem foi submetido ao teste de alcoolemia, que teve resultado de 0,78 mg/l – constatando que ele havia ingerido bebida alcoólica. Gilmar foi autuado em flagrante por lesão corporal culposa na direção de veículo automotor e encaminhado ao presídio, onde permanece desde o dia do acidente.
LEIA TAMBÉM:
Motorista que atropelou e matou motociclista no ES estava embriagado, diz polícia
Motorista bêbado em BMW atropela e mata dois jovens que estavam em moto no ES
Recuperação
Karina Vaillant, de 27 anos, voltou a fazer musculação após o acidente
Arquivo pessoal
No acidente, Karina teve traumatismo craniano, fratura exposta no fêmur, trauma na face, trauma na clavícula e perfuração no pulmão por uma costela. Neste período de mais de um ano, a advogada e corredora passou por pelo menos nove cirurgias, o que fez com que ela contraísse uma bactéria que estava impedindo a calcificação dos ossos após uma haste intramedular ser colocada em sua perna.
“Meu osso quebrado não estava calcificando. Para combater a bactéria, eu tinha que retirar a haste, mas eu não podia retirar a haste porque o osso estava quebrado. Até então, nada combatia a bactéria. Fiz cirurgia pra trocar haste, tomei medicamento, fiz tudo. A sensação que eu tinha era a de que estava em um labirinto, uma luta sem fim”, explicou a advogada.
Karina disse ainda que decidiu, por conta própria, buscar alternativas de tratamento, quando descobriu um médico de Belo Horizonte, Minas Gerais, que propôs uma nova cirurgia que precisava de uma material de alto custo. Ao todo, seria necessário pelo menos R$ 180 mil para o procedimento.
LEIA TAMBÉM:
O que se sabe sobre o assassinato de enfermeira grávida de oito meses no ES
Arrecadação
Karina Vaillant. de 27 anos, fez fisioterapia antes de voltar às atividades
Arquivo pessoal
Segundo Karina, para conseguir fazer a cirurgia, ela arrecadou todo o dinheiro de forma solidária.
“Eu estava sem plano, pois estava em carência quando eu sofri o acidente, então eu tive que fazer tudo no particular, como hospital, anestesista. Para fazer a cirurgia, eu não tinha outra alternativa a não ser arrecadar esse dinheiro. E nós conseguimos em apenas 14 dias!”, disse a advogada.
Segundo Karina, durante a arrecadação algumas pessoas a questionaram sobre o valor da arrecadação, assim como o porquê dela não tentar o tratamento por meio de um processo judicial.
“As pessoas acham que é muito, mas até hoje eu tenho diversos gastos, que já ultrapassaram essa quantia, que foi utilizada somente para a cirurgia. Além disso, como advogada, eu sei que a Justiça é lenta, e eu queria uma solução, queria voltar a andar”, disse a corredora.
LEIA TAMBÉM:
Três a cada quatro brasileiros estão otimistas em relação a 2023, aponta pesquisa
Progressão
Karina Vaillant, de 27 anos, arrecadou R$180 mil em 14 dias para realizar a cirurgia
Arquivo pessoal
Realizada no dia 25 de agosto em Vitória, a última cirurgia de Karina foi positiva e a equipe médica colocou um fixador externo na perna da corredora para a calcificação do osso.
“Depois da cirurgia, eu consegui chegar a uma recuperação progressiva. Até então, era paliativa. Com o passar dos meses, consegui voltar a malhar, mas antes a fisioterapia era deitada, só mexendo o pé”, lembrou Karina.
A corredora disse ainda que, inicialmente, começou a fazer fisioterapia todos os dias. Com o passar do tempo, a periodicidade diminuiu e outras atividades foram inseridas, inclusive o retorno para o escritório de advocacia.
“Hoje, faço fisioterapia duas vezes na semana. Consigo manter a musculação todos os dias e também faço um aeróbico à tarde, após o trabalho, que é a bicicleta”.
A advogada disse que já está realizando caminhadas de 5 quilômetros pela orla de Marataízes, também no Sul do Espírito Santo, o que é motivo de comemoração.
Eu consigo caminhar e isso é uma conquista e tanto. Também consigo correr por cerca de 10 metros. Na corrida, eu estou engatinhando. Enquanto uma perna está boa, querendo fazer tudo, a outra precisa de recuperação”, disse.
Vídeos: tudo sobre o Espírito Santo
Veja o plantão de últimas notícias do g1 Espírito Santo
Adicionar aos favoritos o Link permanente.