‘Se sentem superiores, se sentem melhores’, diz viúva de músico sobre ministros do STM após redução de pena de militares


Carro onde estava Evaldo Rosa dos Santos foi atingido com 257 tiros em 2017. Luciana Nogueira, viúva de Evaldo Rosa dos Santos, diz que resultado é ‘desanimador’. Segundo advogado, pode ser feito um pedido para Supremo analisar a constitucionalidade da decisão. Em 2019, carro foi fuzilado pelo Exército no Rio, causando a morte do músico Evaldo Rosa, de 51 anos
Fabio Teixeira/AP
Menos de 24 horas depois de o Superior Tribunal Militar reduzir a pena dos militares do Exército acusados de matar um músico e um catador em 2019 no Rio de Janeiro, a viúva de Evaldo Rosa dos Santos criticou os ministros do STM.
Segundo ela, os ministros do tribunal agiram “da mesma forma” que os homens do Exército que dispararam 257 tiros contra o seu carro:
“(Eles) agiram da mesma forma que os militares que atiraram contra o meu carro. Se sentem superiores, se sentem melhores, é lamentável. 257 tiros, pra eles, foi legítima defesa”, diz ela.
Luciana dos Santos, viúva do músico Evaldo Rosa dos Santos, em foto de abril de 2024
Gustavo Wanderley/g1
A pena foi diminuída de 28 anos para 3 anos em regime aberto, por homicídio culposo (sem intenção de matar).
“É lamentável você ouvir de um ministro que os verdadeiros bandidos estão por aí soltos, ouvir que a família quer vingança. 257 tiros foi sim para matar”, afirmou Luciana Nogueira.
Decisão foi tomada por maioria dos ministros do STM.
Mara Puljiz/TV Globo
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Henrique Coelho/G1
Em entrevista na tarde desta quinta-feira, a Ministra e futura presidente do Superior Tribunal Militar (STM), Maria Elizabeth Rocha definiu como “frustrante” a diminuição nas penas dos militares. A fala foi feita em entrevista no Estudio I, da GloboNews.
“Realmente, foi um pouco frustrante ver a diminuição das penas na medida em que os agravos cometidos foram uma verdadeira barbárie”, afirmou.
Família avalia recurso no STF
‘Frustrante’, diz futura presidente do STM sobre redução na pena de militares no caso Evaldo Rosa
O advogado André Perecmanis, que representou a família de Evaldo na ação, diz que qualquer chance de recurso no Supremo Tribunal Federal deve acontecer apenas em 2025. Ele explicou as razões que podem explicar o pedido:
“O recurso é um recurso extraordinário e visa submeter ao Supremo Tribunal Federal a análise da constitucionalidade da decisão”, afirmou o advogado.
Caso Evaldo: 5 anos depois
Luciana disse que ainda precisa conversar com a família de Evaldo antes de decidir os próximos passos. Segundo ela, no entanto, a decisão foi algo “desanimador”:
“Eu preciso conversar com os irmãos dele, porque é muito desesperador, você luta, luta, luta e tem a resposta que você teve ontem? Será que vale a pena pro meu mental, pro meu emocional, quando você se deparara com pessoas que não se importam com a sua dor?”, questionou ela.
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