Família de jovem morto pela polícia na frente da mãe presta depoimento e nega versão da PM sobre confronto


Vinicius Fidelis dos Santos de Brito morreu após ser baleado por policiais militares na comunidade Sambaiatuba, em São Vicente (SP). Parentes prestaram depoimento por mais de quatro horas na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Praia Grande (SP). Rapaz de 20 anos é morto pela Polícia Militar no litoral de SP; PM diz que houve confronto
A família de Vinicius Fidelis dos Santos de Brito, o jovem de 20 anos que morreu após ser baleado por PMs em São Vicente, no litoral de São Paulo, prestou depoimento à Polícia Civil. Conforme apurado pelo g1, os parentes negaram a versão da Polícia Militar sobre o rapaz ter entrado em confronto com as autoridades. De acordo com eles, o homem estava desarmado e sob o efeito de drogas.
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O caso aconteceu na comunidade Sambaiatuba, em 8 de dezembro, mas só veio à tona dias depois quando um vídeo da mãe de Vinicius viralizou nas redes sociais. Nas imagens, é possível ver a mulher gritando e perguntando se as autoridades tinham matado o rapaz (assista acima).
De acordo com a prefeitura, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e realizou procedimentos de ressuscitação em Vinicius, mas ele não resistiu aos ferimentos e morreu a caminho do Pronto-Socorro Central. Não há informações sobre policiais feridos durante a ação.
A TV Tribuna, emissora afiliada da Globo, apurou que a mãe, o pai e a irmã do jovem ficaram mais de quatro horas na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Praia Grande (SP) na sexta-feira (13). Os familiares apresentaram a versão deles sobre o que teria acontecido na noite em que Vinicius morreu.
À esquerda, Vinicius Fidelis dos Santos de Brito. À direita, Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Praia Grande (SP)
Reprodução/TV Tribuna
Vinicius tinha passagens por tráfico de drogas e publicava fotos com armas nas redes sociais. Segundo os parentes, o jovem era usuário de entorpecentes e o armamento era de brinquedo. “Ele não tinha envolvimento com crime”, garantiu a irmã, que não terá a identidade divulgada, à TV Tribuna.
Sobre a noite da morte, os familiares afirmaram que Vinicius estava desarmado e sob efeito de K2, um tipo de droga sintética com alto potencial destrutivo. Por estes motivos, eles garantiram que o jovem não tinha condições de estar em um confronto com os PMs.
“Eu quero Justiça. Eles balearam o meu filho, esculachou a minha ex-mulher”, afirmou o pai de Vinicius, que também não terá a identidade divulgada. “Acabou com a minha vida esses policiais”.
O advogado Leandro Santos da Silva, responsável pela defesa da família, disse à TV Tribuna que as imagens feitas por testemunhas foram cedidas à polícia. “Tudo isso [vídeos e depoimentos] vai ser encaminhado para o Ministério Público, e seguir com os passos do processo”, explicou.
O g1 entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) em busca de uma atualização sobre as investigações, mas ainda não teve retorno.
Família de jovem que morreu em ação policial presta depoimento em Praia Grande, SP
Versão da PM
A morte aconteceu na comunidade Sambaiatuba, durante uma operação da Polícia Militar. A versão dos PMs à Polícia Civil é de que patrulhavam a entrada de uma viela quando encontraram cinco suspeitos, sendo que três deles estavam armados.
Ainda de acordo com o depoimento, registrado em boletim de ocorrência (BO), os suspeitos atiraram contra os policiais e correram para o interior da comunidade, abandonando pelo caminho uma sacola com drogas – não especificadas -, uma arma falsa, um caderno e um rádio transmissor.
Consta no BO que, durante as buscas pela comunidade, os agentes foram surpreendidos por Vinicius Fidelis, que atirou duas vezes antes de entrar em uma residência.
Versão da família
Em entrevista à TV Tribuna, afiliada da Globo, a mãe do jovem negou a versão da PM e afirmou que o filho estava indo para a casa dela quando foi abordado pelos policiais, levando primeiro um tiro no braço.
De acordo com a mulher, Vinicius tentou se esconder dos agentes na casa da vizinha e não tinha condições de estar em um confronto, uma vez que estava desarmado e sob efeito de K2, um tipo de droga sintética.
Ela disse que tinha acabado de chegar da igreja quando foi avisada pela vizinha sobre os PMs estarem com ele na casa ao lado. Na sequência, segundo ela, aconteceu o que foi registrado no vídeo gravado por uma testemunha.
Vinicius Fidelis dos Santos de Brito morreu baleado durante uma operação da PM em São Vicente (SP)
Reprodução
Vídeo
Nas imagens, a mulher gritou desesperada: “Pelo amor de Deus, deixa eu entrar, eu sou a mãe dele. Vocês mataram meu filho? O que isso? Vocês vão matar meu filho”.
Depois dos primeiros disparos ouvidos, e enquanto a mãe de Vinicius gritava, um policial saiu da casa armado e a mandou deixar o local. A mulher se afastou e um novo barulho, semelhante a uma explosão, foi ouvido antes do vídeo acabar.
Morte confirmada
Segundo a Prefeitura de São Vicente, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e realizou procedimentos de ressuscitação em Vinicius, mas ele não resistiu aos ferimentos e morreu a caminho do Pronto-Socorro Central. Não há informações sobre policiais feridos durante a ação.
Revolta de moradores
De acordo com o BO, moradores da comunidade se revoltaram e jogaram pedras e garrafas na direção dos agentes, que usaram “munição química” – também não especificada – para dispersar a multidão.
Segundo o registro policial, o local do confronto ficou prejudicado para a realização de exames periciais, uma vez que não oferecia condições de segurança para os policiais. Os agentes passaram por exame residuográfico [que tem como objetivo identificar resíduos produzidos por disparo de arma de fogo] na delegacia.
Em nota, a SSP-SP informou que a Polícia Civil investiga todas as circunstâncias da morte. Ainda segundo a pasta, foram apreendidas uma arma e porções de drogas, além das armas dos policiais.
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