PGR arquiva, mas Moraes segura inquérito de Janot por ameaça a Gilmar

Após anos de investigação parada, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, arquivou investigação contra o ex-chefe da PGR Rodrigo Janot por uma suposta ameaça de morte ao ministro do STF Gilmar Mendes.

A decisão foi assinada por Gonet em 24 de junho de 2024, cinco anos após Janot dar entrevistas contando que, quando era PGR, chegou a ir armado ao STF em 2017 para matar Gilmar e se suicidar na sequência.

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Em livro, Janot confessou que pensou em matar o ministro do STF Gilmar Mendes

Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República
A confissão de Rodrigo Janot virou inquérito e está nas mãos do ministro Alexandre de Moraes
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O ex-procurador geral da República, Rodrigo Janot

João Américo/Secom/PGR

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Em livro, Janot confessou que pensou em matar o ministro do STF Gilmar Mendes

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Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República

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A confissão de Rodrigo Janot virou inquérito e está nas mãos do ministro Alexandre de Moraes

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As entrevistas foram concedidas por Janot em 2019 para divulgar seu livro de memórias, lançado naquele ano. Na publicação, o procurador fazia um relato do episódio, mas não citava o nome de Gilmar.

Após as entrevistas, um inquérito foi aberto no Supremo para investigar o fato. O relator escolhido foi o ministro Alexandre de Moraes. Ele enviou o caso para a PGR, que abriu uma “notícia de fato” para apurar os fatos.

A investigação andou a passos lentos durante a gestão de Augusto Aras no comando da Procuradoria-Geral da República e só agora, no primeiro ano da gestão de Gonet à frente do órgão, foi arquivada.

“Como se observa, todas as diligências investigatórias plausíveis foram realizadas e não trouxeram elementos suficientes para configurar a materialidade delitiva dos fatos narrados na reportagem que originou a apuração. Além disso, não se vislumbram novas providências que justifiquem a manutenção dessa investigação. Não parece crível que, após o decurso de mais de sete anos dos fatos narrados, surjam novos elementos informativos”, justificou Gonet na decisão sigilosa, à qual a coluna teve acesso.

Janot agora espera Moraes

Apesar da decisão de Gonet, o inquérito contra Janot segue aberto no STF, aguardando um despacho de Moraes oficialmente arquivando o caso. O arquivamento não tinha ocorrido até a publicação desta matéria.

Recentemente, a defesa de Janot pediu a Moraes a devolução de seus equipamentos eletrônicos que chegaram a ser apreendidos durante a investigação. Até o momento, porém, ele ainda não decidiu.

Bolsonaro relembra caso

Como mostrou a coluna, um dia depois da Polícia Federal revelar um suposto plano de militares para matar o presidente Lula, o ex-presidente Jair Bolsonaro relembrou a confissão de Janot contra Gilmar Mendes.

Na quarta-feira (20/11), Bolsonaro enviou a seus contatos no WhatsApp um “print” de uma notícia de que Janot tinha revelado em seu livro de memórias que chegou a ir armado à sede do STF, em Brasília, com a intenção de atirar em Gilmar Mendes.

Bolsonaro não fez comentários sobre a notícia. O ex-presidente, contudo, ressuscitou o tema um dia após a operação da PF que prendeu quatro oficiais do grupo especial do Exército conhecido como “kids pretos” e agente da Polícia Federal suspeitos de planejar a morte de Lula em 2022.

Em nota, a defesa de Janot chamou de “incabível comparação” a publicação de Bolsonaro e lembrou a decisão de Gonet de arquivar a investigação contra o ex-procurador geral da República.

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