Mais de 30 países participam do último dia de reunião de cúpula do Brics em Kazan, na Rússia


Na sessão ampliada, o anfitrião, Vladimir Putin, falou sobre a guerra no Oriente Médio e defendeu uma reforma do Conselho de Segurança da ONU, com um papel maior para a Ásia, África e América Latina. Representantes de 35 países participam da reunião final da Cúpula dos BRICS
No último dia de reunião de cúpula do Brics, mais de 30 países participaram da sessão em Kazan, na Rússia.
O dia foi intenso. A foto oficial cresceu. Afinal, além dos membros, havia também convidados. No total, representantes de 35 países e seis organizações internacionais. Apertos de mão, tapinhas nas costas. Nem o atraso do presidente turco atrapalhou.
Na sessão ampliada, o anfitrião, Vladimir Putin, falou sobre a guerra no Oriente Médio. Disse que as crescentes tensões entre Israel e Irã colocam a região à beira de uma guerra em larga escala.
Putin também defendeu uma reforma do Conselho de Segurança da ONU, com um papel maior para a Ásia, África e América Latina. A demanda foi destaque na Declaração Final de Kazan e é uma cobrança forte do Brasil, com apoio da Índia e da África do Sul, que também gostariam de um assento permanente – como Rússia e China já têm.
O representante brasileiro, Mauro Vieira, reforçou a posição do Brasil e defendeu mudanças na ONU. Enquanto ele discursava, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, prestava atenção.
Ao falar sobre a guerra na Faixa de Gaza, Mauro Vieira condenou os atos terroristas do Hamas e defendeu a criação do Estado Palestino.
“Não haverá paz enquanto não houver um Estado Palestino independente. A decisão sobre sua existência foi tomada há 75 anos pelas Nações Unidas. Mas, a mesma ONU que criou o Estado de Israel, hoje se vê de mãos atadas. Não há justificativa para atos terroristas como os praticados pelo Hamas. Mas a reação desproporcional de Israel tornou-se punição coletiva ao povo palestino”, afirmou o ministro Mauro Vieira.
O chefe da ONU declarou que é preciso paz – uma paz justa, alinhada com o direito internacional no Líbano e na Ucrânia.
Mais de 30 países participam do último dia de reunião de cúpula do Brics em Kazan, na Rússia
Jornal Nacional/ Reprodução
A invasão russa à Ucrânia foi assunto em uma entrevista coletiva com o presidente russo. Perguntado qual a chance de sucesso – de zero a 10 – para a proposta de paz apresentada pelo Brasil e pela China, Putin disse que é praticamente impossível dar um número porque, segundo ele, o comportamento do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, é muito irracional.
Putin também foi questionado sobre a participação da Venezuela no Brics.
“O senhor, ontem, agradeceu os esforços do presidente Nicolás Maduro para participar também do Brics. Mas o Brasil é contra. Eu gostaria de saber de que lado está a Rússia. Se a Venezuela pode entrar no Brics mesmo contra a vontade do Brasil”, perguntou a correspondente Bianca Rothier.
Putin disse que pensa diferente do presidente Lula em relação a Nicolás Maduro; que acha que Maduro venceu as eleições e que a Venezuela busca independência. Contou que, ao conversar esta semana com Lula pelo telefone, o presidente brasileiro o pediu que enviasse uma mensagem a Maduro. Mas, de qualquer forma, Putin reconheceu que, pelas regras, sem consenso, um país não pode se juntar ao Brics.
Mais cedo, participando da sessão ampliada como convidado, o ditador venezuelano ignorou a oposição do Brasil e disse que se sente “da família Brics”.
Esta já foi a primeira cúpula do chamado Brics+, com Etiópia, Egito, Emirados Árabes Unidos e Irã – além de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Havia uma grande expectativa para uma expansão maior, mas com uma nova categoria: a de parceiros, em vez de membros plenos. O plano avançou, mas o grupo só vai confirmar oficialmente os nomes dos países depois de uma consulta a cada um dos candidatos escolhidos.
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