As munições de Nunes e Boulos para o último debate da eleição em SP

São Paulo — O prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado Guilherme Boulos (PSol) se enfrentam nesta sexta-feira (25/10), a partir das 22h, na TV Globo, no último debate antes do segundo turno da eleição à Prefeitura da capital, que ocorre no domingo (27/10).

À frente em todas as pesquisas — segundo o Datafolha divulgado nessa quinta-feira (24/10), Nunes tem 49% das intenções de voto, contra 35% de Boulos —, o prefeito adotou uma postura mais defensiva na campanha e conseguiu impor ao adversário um ritmo de encontros que lhe foi vantajoso: esta será a terceira vez que se enfrentarão no segundo turno. O psolista queria que o número de debates chegasse a 12.

Embora a distância entre os dois oponentes seja significativa — nunca houve uma virada na eleição paulistana do candidato que largou o segundo turno atrás nas pesquisas —, a campanha de Nunes trabalha tanto para garantir que os eleitores dispostos a votar no prefeito compareçam às urnas no domingo quanto para evitar que aqueles que ainda estão indecisos depositem seu voto no rival — branco, nulo e indecisos somam 16% no Datafolha.

Por isso, Nunes vem preparando uma estratégia contra o adversário, que inclui atacar o programa “socialista” do partido de Boulos para reforçar o rótulo de “radical” que tem usado contra do deputado do PSol desde a pré-campanha, colocando o rival no campo da “extrema esquerda”.

“Eu quero discutir, por exemplo, o estatuto do PSol, de que vai pegar e vai ter ações de estatizar as empresas privadas. Como é que pensam? Como é que está no estatuto do PSol? E mostrar o meu governo, que é um governo liberal, um governo que enxuga a máquina. É um governo que reduz impostos. Eu quero discutir isso”, disse o prefeito nesta semana.

O programa do partido de Boulos defende de forma contundente a “estatização das empresas privatizadas” e prega contra “reformas reacionárias e neoliberais”, citando como exemplo a Reforma da Previdência. “É preciso reverter este verdadeiro saque à Nação, começando pela reestatização das empresas privatizadas”, diz um trecho do programa do PSol.

A exemplo do que já fez nos dois debates anteriores, nas emissoras Record e Bandeirantes, o emedebista também deve explorar a atuação de Boulos como líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) antes de virar político para tachá-lo de “invasor” e martelar que o psolista é a favor da descriminalização das drogas e da desmilitarização da polícia, duas bandeiras de esquerda.

Por outro lado, Nunes se prepara para o que sua equipe chama de “denuncismo” que deverá vir de Boulos, explorando suspeitas de desvios de dinheiro em sua gestão na Prefeitura e, mais uma vez, insistindo para que o prefeito “abra seu sigilo bancário” para provar que não se beneficiou de supostos esquemas de corrupção.

Boulos sem nada a perder

A campanha de Boulos encara o debate da Globo, a dois dias da eleição, como um “tudo ou nada”. A essa altura, segundo pessoas próximas ao deputado, o psolista tem menos a perder do que Nunes. O estilo mais incisivo do debate na Record deve ser repetido e endurecido para mostrar ao eleitor um candidato de “pulso firme”, em contraste com um prefeito que normalmente se esquiva de respostas difíceis.

O boletim de ocorrência que Regina Nunes registrou contra o prefeito em 2011, por violência doméstica, será novamente explorado, assim como as suspeitas de superfaturamento de obras e contratos sem licitação feitos pela atual gestão. Boulos também apelará para o desejo de mudança do eleitorado, como tem feito neste 2º turno, e citará histórias vividas durante a caravana pelas periferias ao longo da última semana, levando para a televisão “casos reais”, nas palavras de um aliado.

O deputado também foi estimulado a caminhar pelo estúdio e se mostrar à vontade ao questionar Nunes. Na avaliação interna, também é um fato a favor de Boulos a participação em uma sabatina, às 12h desta sexta-feira, com o influenciador Pablo Marçal (PRTB), adversário de ambos no 1º turno, o que pode reforçar a ideia de que o psolista está disposto a dialogar até mesmo com campos políticos opostos ao seu.

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