Cessar-fogo na Ucrânia: acordo favorece EUA e deixa incertezas sobre o futuro do conflito

OpiniГѓВЈo: o caminho da paz

A Ucrânia aceitou uma proposta dos Estados Unidos para a implementação de um cessar-fogo imediato de 30 dias, visando reduzir as hostilidades com a Rússia. O anúncio foi feito nesta terça-feira (11) em um comunicado conjunto entre Kiev e Washington, após o maior ataque com drones já realizado pela Ucrânia contra Moscou.

O acordo, que pode ser prorrogado caso haja consenso entre as partes, ainda depende da aceitação e implementação por parte da Rússia. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que levará a proposta ao governo russo, destacando que a reciprocidade do Kremlin será fundamental para garantir o avanço do processo de paz.

EUA retomam apoio estratégico à Ucrânia

Além do cessar-fogo, os Estados Unidos retomarão o compartilhamento de informações de inteligência com Kiev e irão restaurar a assistência em segurança, medidas que estavam pausadas nos últimos meses. Esse movimento reforça o apoio americano ao governo ucraniano, que busca fortalecer sua posição nas negociações de paz.

O encontro entre autoridades dos dois países durou mais de oito horas, com diálogos a portas fechadas. Segundo fontes próximas às negociações, a decisão da Ucrânia de aceitar a proposta norte-americana foi influenciada pelo contexto militar e pelo impacto econômico prolongado do conflito.

Acordo sobre minerais críticos avança

Outro ponto discutido na reunião foi a conclusão de um acordo estratégico entre Ucrânia e EUA para o desenvolvimento de minerais críticos, essenciais para setores de alta tecnologia e defesa. Esse pacto vinha sendo negociado há semanas, mas tinha sido colocado em espera após a reunião na Casa Branca entre o presidente Donald Trump e o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy. Agora, com o avanço das conversas, o compromisso deve ser formalizado em breve.

Expectativa para a resposta da Rússia

A proposta de cessar-fogo coloca a Rússia sob pressão internacional para responder. Embora o Kremlin ainda não tenha se manifestado oficialmente, analistas apontam que a decisão pode depender das condições exigidas por Moscou para uma eventual trégua.

Com os desdobramentos das negociações, os próximos dias serão cruciais para definir o rumo do conflito e a possibilidade de uma estabilização temporária no território ucraniano.

O que isso significa

O economista e doutor em Relações Internacionais Igor Lucena avalia que a aceitação do cessar-fogo pela Ucrânia representa uma rendição estratégica não à Rússia, mas aos Estados Unidos. Segundo ele, a retirada do apoio militar norte-americano enfraqueceu a posição de Kiev, permitindo que a Rússia avançasse sobre territórios estratégicos e economicamente valiosos.

Os EUA pressionaram a Ucrânia a assinar o acordo de minerais e agora usarão a mesma tática para tentar forçar um acordo com a Rússia“, afirma. No entanto, Lucena questiona quais serão as condições desse acordo e se a Ucrânia será obrigada a ceder 20% do seu território sem garantias concretas de que Moscou não voltará a invadir no futuro.

Ele também ressalta a incerteza sobre o papel da União Europeia na segurança da Ucrânia, especialmente diante do avanço do rearmamento europeu, que se torna uma tendência cada vez mais evidente no cenário global. Para Lucena, a trégua pode ter um impacto positivo do ponto de vista humanitário, mas, geopoliticamente, representa mais uma vitória dos interesses estratégicos dos EUA do que da Ucrânia ou da Europa.

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