Biólogo e técnica do PCS Lab Saleme estão foragidos


Quatro investigados no caso dos transplantes de órgãos infectados pelo HIV foram alvos da Operação Verum, da Polícia Civil, nesta segunda (14). Sócio e outro técnico do laboratório foram presos. Polícia detalha operação contra laboratório que emitiu laudos negativos para HIV
Um biólogo e uma técnica do PCS Lab Saleme são considerados foragidos pela polícia. Cleber de Oliveira dos Santos e Jacqueline Iris Bacellar de Assis foram alvos da Operação Verum, da Polícia Civil, nesta segunda-feira (14), mas não foram encontrados.
Pela manhã, foram presos um outro técnico e um dos sócios do laboratório, o médico ginecologista Walter Vieira, que assinou um dos laudos que dizia que um dos órgãos transplantados não tinha o vírus HIV (veja abaixo quem são).
Os quatro alvos da operação são investigados por:
crime contra as relações de consumo;
associação criminosa;
falsidade ideológica;
falsificação de documento particular;
infração sanitária.
O advogado de Jacqueline disse que ela vai se entregar no início da tarde desta terça-feira (15) na Delegacia do Consumidor (Decon).
Walter Vieira é ginecologista e sócio do PCS Lab Saleme
Reprodução/TV Globo
Quem é quem na operação:
Walter Vieira: é sócio do PCS Lab Saleme, médico ginecologista, responsável técnico do laboratório e signatário de um dos laudos errados. Vieira também é tio do deputado federal Doutor Luizinho (PP), que foi secretário de Saúde do RJ no ano passado. Foi preso.
Ivanilson Fernandes dos Santos: técnico de laboratório contratado pelo PCS para fazer análise clínica no material que chegava da Central Estadual de Transplantes. Foi preso.
Jacqueline Iris Bacellar de Assis: auxiliar administrativa que trabalhava no PCS Lab Saleme e cuja assinatura aparece em um dos laudos que atestaram que os doadores de órgãos não tinham HIV. Está foragida.
Cleber de Oliveira dos Santos: Cleber é biólogo e técnico de laboratório contratado pelo PCS para fazer análise clínica no material que chegava da Central Estadual de Transplantes. Está foragido.
Em entrevista à TV Globo, Jacqueline reconheceu que as rubricas nos documentos são suas, mas negou qualquer envolvimento no caso e disse que na hora que assinava os documentos não havia carimbo, nem registro de profissional, e que foi contratada para trabalhar no laboratório no setor administrativo (veja abaixo).
O g1 tenta contato com os outros citados.
Caso PCS Saleme: Técnica nega que tenha assinado laudos com resultado errado
Seis transplantados do RJ testaram positivo para HIV após receberem órgãos infectados. O incidente é inédito na história do serviço de transplantes do estado.
Segundo o governo do estado, o erro foi em 2 exames do PCS Lab Saleme. A unidade privada fica em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e foi contratada pela SES-RJ em dezembro do ano passado, em um processo de licitação via pregão eletrônico no valor de R$ 11 milhões, para fazer a sorologia de órgãos doados.
Entenda a falha apontada pela polícia
Por contrato, o PCS Lab Saleme deveria analisar o sangue de todo candidato a doador de órgãos.
Para saber se o doador era soropositivo, uma amostra do sangue é exposta a um reagente.
Mas esse reagente precisa ser submetido a um teste de qualidade antes de ser usado.
A prova era feita diariamente no Saleme, mas, segundo as investigações, houve uma ordem para passar a fazer só semanalmente.
De acordo com a polícia, isso abriu uma lacuna, que tornou maior a chance de um reagente ineficaz ser usado.
Em coletiva sobre a Operação Verum, o secretário estadual da Polícia Civil do RJ, Felipe Curi, disse que, a fim de lucrar, o PCS Lab Saleme deliberadamente afrouxou o controle dos testes em órgãos para transplantes.
“Houve uma falha de controle operacional na qualidade dos testes de HIV, tudo isso para obter lucro”, afirmou Curi.
Segundo as investigações, houve uma ordem para tornar menos frequente o controle de qualidade dos reagentes usados nas análises dos órgãos doados.
Os policiais não deram detalhes de como o afrouxamento supostamente aumentou os lucros do laboratório nem esclareceram se há a possibilidade de nenhum teste ter sido realizado de fato.
Os advogados que representam o laboratório PSC Lab Saleme informaram que os sócios da empresa “prestarão todos os esclarecimentos à Justiça”.
“A defesa de Walter e Mateus Vieira, sócios do PCS Lab Saleme, repudia com veemência a suposta existência de um esquema criminoso para forjar laudos dentro do laboratório, uma empresa que atua no mercado há mais de 50 anos. Ambos prestarão todos os esclarecimentos à Justiça.”

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