Quem é a mulher por trás dos prédios gigantes em Balneário Camboriú

Não é novidade que Balneário Camboriú é conhecida nacionalmente como a cidade dos arranha-céus. No topo do valor do metro quadrado brasileiro, uma mulher está em destaque: Stéphane Domeneghini é a engenheira civil por trás de vários projetos de prédios gigantes na cidade.

Ela é diretora  executiva da FG Talls, empresa do Grupo FG, responsável pelos maiores arranha-céus do país, o maior residencial da América Latina e, agora, o maior residencial do mundo, o Senna Tower.

Stéphane Domeneghini com prédios ao fundo

Stéphane Domeneghini lidera equipe que projeta arranha-céus em Balneário Camboriú – Foto: Vinícius de Morais

Seu currículo possui uma extensa experiência de 15 anos na área de projetos de edifícios altos. Ao todo, já trabalhou em mais de 30 projetos do tipo, desde fases iniciais de concepção até as fases finais de implantação.

Liderando uma equipe de 13 pessoas, figura como uma das profissionais de maior renome no assunto, com interlocução com os maiores players do segmento.

Recentemente, foi convidada pelo Conselho de Edifícios Altos e Habitat Urbano (CTBUH) para palestrar no CTBUH Internacional Conference 2024, o principal evento do segmento da construção civil de prédios altos do mundo, bem como para integrar o júri que elegerá os projetos de excelência.

Engenharia na veia

Uma amante de histórias sobre as antigas civilizações que alimentava o sonho de ser arqueóloga, Stéphane tomou outros rumos e acabou estudando Engenharia Civil. Desde pequena, tem o desejo de participar de construções importantes para a humanidade.

Stéphane Domeneghini com prédios ao fundo

Desde criança a engenheira queria fazer a diferença – Foto: Vinícius de Morais

“Ao ler sobre as grandes civilizações e como o homem transformou o mundo que habita, eu pude aprender e aperfeiçoar as habilidades naturais que sempre tive para projetar o futuro e ajudar a criar monumentos que transformam vidas e cidades, que se tornam ícones para toda uma civilização. Em algum momento do futuro, esses projetos serão parte importante”, destaca.

Mulher e engenheira

Stéphane conseguiu destaque em um espaço majoritariamente masculino. Dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA), mostram que as mulheres representam apenas 20% do total de engenheiros cadastrados nos 27 Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (CREAs).

“Admito que é um sentimento estranho, eu olho ao redor e realmente vejo um setor amplamente dominado por homens ou arquitetas a frente das áreas de projetos. É muito rara a configuração de engenheira e mulher a frente de uma área de projetos, e ainda mais raro uma mulher à frente de uma área técnica como é o meu caso”, conta.

Stéphane Domeneghini com prédios ao fundo

Ser mulher não foi empecilho para atingir o auge na profissão – Foto: Vinícius de Morais

Ao ND Mais, a engenheira contou como já lidou com o preconceito, inevitável na área em que atua. “Esse preconceito inicial normalmente dura até haver a primeira discussão técnica mais densa, em que o conhecimento técnico é colocado à mesa e o gênero passa a ser desprezado diante do conhecimento que apresento”, inicia.

“Não digo que seja uma situação tranquila, mas é contornável e acredito que me saia bem nesse contexto da área dominada por homens, pois pautei minha trajetória no conhecimento genuíno”, relata.

O primeiro passo para romper as barreiras do preconceito, segundo a profissional, é incentivar a diversidade nas equipes de trabalho para que dessa forma, mulheres se sintam mais confiantes.

“Aqui na FG, já somos maioria, mas entendo que é preciso que as mulheres acreditem no seu potencial e corram atrás de seus sonhos. A construção civil precisa continuar a se abrir para as mulheres, não apenas em funções técnicas, mas também nas decisões estratégicas e nas lideranças”, enfatiza.

Prédios altos vêm de sonhos altos

Ao ser questionada sobre o diferencial de trabalhar em projetos de prédios tão majestosos, a resposta vem na ponta da língua: superar limites.

“Prédios como Senna Tower precisam de uma dose alta de ousadia, coragem e vontade de superar desafios e limites convencionais, é preciso buscar ao redor de todo planeta as pessoas mais inteligentes de cada parte ou sistema de um projeto dessa, unir todas essas mentes e extrair soluções eficientes”, diz.

Stéphane Domeneghini com prédios ao fundo

Stéphane participa do projeto do maior residencial do mundo – Foto: Vinícius de Morais

Para chegar ao ápice de sua profissão, Stéphane teve que sonhar mais alto do que os prédios que projeta.

“Venho de uma origem muito humilde e nenhum suporte diferenciado para obter uma capacidade intelectual a altura de um desafio desse. Construí minha trajetória com esforço integralmente individual e me dediquei muito para entender mais do universo da minha profissão, edifícios altos”, comenta.

Atualmente trabalhando no projeto do edifício residencial mais alto do mundo, a engenheira entende que a superação de obstáculos resultou no auge de sua carreira.

“O Senna é o auge daquilo que sempre sonhei como visão de carreira, de um desafio que faça minhas mãos tocarem em algo que ficará para história. Nesse projeto há minha inteligência, mas toda minha alma pois eu sei que ele transmitirá uma mensagem aquém de um edifício alto, e sim a mensagem de superação que eu carrego dentro de mim, que nós como brasileiros somos reconhecidos, e que finalmente iremos mostrar ao mundo nosso potencial de uma maneira tangível e real, com um monumento edificado”, finaliza.

 

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