Inea permite, e CSN adia acordo para diminuir poluição em Volta Redonda


Siderúrgica tinha até setembro deste ano para cumprir o Termo de Ajustamento de Conduta, que determinava a modernização de equipamentos para emitir menos poluentes. Novo prazo é até 2026. CSN consegue adiar acordo para diminuir poluição em Volta Redonda
A Companhia Siderúrgica Nacional conseguiu adiar o acordo com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para diminuir a poluição em Volta Redonda (RJ).
A empresa tinha até a última quinta-feira (19) para modernizar equipamentos para emitir menos poluentes, mas não cumpriu medidas.
Segundo o RJ2 da Globo Rio, o novo prazo acordado com o Inea é 2026. Esta é a quarta vez que a siderúrgica descumpriu com o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).
O TAC é um acordo que permite a uma empresa flagrada em irregularidades ou crimes se livrar do pagamento de multas pesadas ou sanções administrativas previstas em lei, desde que se comprometa a cumprir com as medidas estipuladas.
O documento, que foi assinado pela CSN em 2018, tinha como objetivo que a empresa cumprisse metas e prazos para reparar os danos causados e cumprir o que determina a lei.
Por não ter cumprido totalmente o TAC, a empresa foi multada no valor de R$ 7.545.179,38.
Em nota enviada para o RJ2 da Globo Rio, o Instituto Estadual do Ambiente informou que a Comissão Estadual de Controle Ambiental aprovou, por unanimidade, a prorrogação do TAC e que o prazo foi adiado para que a CSN possa concluir o restante das obrigações determinadas.
A produção da TV Rio Sul procurou a CSN e aguarda resposta. Assim que a nota for enviada, a matéria será atualizada.
Cidade sofre com pó da CSN tem muito tempo
Moradores protestam contra ‘pó preto’ da CSN em Volta Redonda
Giovani Rossini/TV Rio Sul
Volta Redonda sofre com a poluição provocada pelo pó da CSN tem muito tempo. A última manifestação dos moradores aconteceu no dia 21 de julho.
Os manifestantes se concentraram na Praça Brasil, no bairro Vila Santa Cecília, por volta de 9h. Eles estavam com cartazes com frases escritas, como: “Eu amo VR sem Póluição” e “Respeite nosso direito a respirar!”.
Na ocasião, a siderúrgica informou em uma nota enviada para a produção da TV Rio Sul que vai investir R$ 1,3 bilhão de reais em equipamentos visando a redução da emissão do “pó preto”, e que Volta Redonda não faz parte da lista de cidades em “alerta vermelho” do sistema “Vigiar” do Ministério da Saúde.
‘Pó preto’ entra em lista de monitoramento do RJ
Pá com pó preto em Volta Redonda
Reprodução
Em setembro do ano passado, o estado do Rio de Janeiro regulamentou os padrões de qualidade do ar com base nos modelos nacionais e as diretrizes e recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). O decreto foi assinado pelo então governador em exercício, Thiago Pampolha.
Uma das novidades foi a inclusão do Programa Estadual de Monitoramento de Partículas Sedimentáveis, o pó preto, material emitido pela CSN.
Desde 2017, os poluentes sedimentáveis não estavam na lista daqueles que precisavam ser monitorados pelas autoridades ambientais. Isso porque o governo do estado havia retirado essa obrigatoriedade.
A regulamentação estabelece a criação de Planos de Controle de Emissões para episódios críticos de poluição do ar em todo o estado
O decreto prevê ainda que o Inea responsável por fiscalizar o cumprimento das normas, divulgue, diariamente, os índices de qualidade do ar no estado e que amplie o número de estações de monitoramento. O documento também determina que, anualmente, o órgão elabore um relatório de avaliação as condições do ar.
Passados quase 1 ano desta regulamentação, o g1 questionou o Inea sobre a realização das novas determinações. O instituto disse que “o município irá receber a primeira rede de partículas sedimentáveis (também conhecida como “pó preto”) do Estado do Rio de Janeiro”. A data não foi informada.
Efeitos na saúde
Moradores de Volta Redonda reclamam do aumento da poluição nos últimos dias
Doenças respiratórias, poluição, ruas e casas sujas. Essas são algumas das consequências provocadas pelo pó preto. O material produzido pela siderúrgica mais antiga do Brasil, a CSN, é formada por micropartículas de ferro que, soltas no ar, podem contaminar moradores e poluir rios.
O material poluente é o responsável por provocar o aumento de casos de doenças respiratórias no município.
“A poluição atinge quando ela começa a interferir na nossa qualidade de vida. Eu quero brincar com meu filho do lado de fora da casa, mas a minha preocupação é: Vai vir uma crise de asma? (…) A gente ta sempre sujo. A gente lava roupa, coloca no varal para secar e a roupa volta suja. O impacto da CSN na nossa vida hoje é sujeira”, disse a fisioterapeuta Thais Vasconcellos ao repórter André Trigueiro, da Globo Rio, em 14 de julho de 2023.
Em julho do ano passado, o Inea multou a empresa em mais de R$ 1 milhão por poluir Volta Redonda.
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