
Com a voz carregada de sofrimento, Leicester Ladário, mãe do adolescente Kaylan Ladário, de 17 anos, descreveu a tristeza que sentiu ao ver as imagens do filho sendo jogado da Segunda Ponte.
O caso aconteceu no dia 18 de fevereiro, quando o garoto foi abordado por policiais militares no bairro Aparecida, em Cariacica, porque tinha um mandado de apreensão em aberto por um roubo praticado em 2023.
Horas depois, vídeo registrou uma cena que seria dos PMs jogando Kaylan da Segunda Ponte. O corpo dele foi encontrado no dia seguinte.
No vídeo, divulgado pelo Folha Vitória, novos ângulos na Segunda Ponte mostram uma movimentação na água, na baía de Vitória. Segundos antes, é possível ver a viatura da PM parada com os militares e o adolescente na ponte, quando algo é arremessado no mar.
Em entrevista à reportagem da TV Vitória/Record, Leicester descreveu que ficou imaginando o desespero do filho e não consegue nem ao menos imaginar o quanto Kaylan sofreu.
Fiquei imaginando o desespero. Ele não esperava que fossem fazer aquilo porque estava de costas para os policiais. Fico imaginando meu filho naquele mar, se debatendo, sem saber nadar. É desesperador, não consigo imaginar o quanto o meu filho sofreu.
Sobre o caso que o adolescente respondia na Justiça, Leicester explicou que, após uma audiência judicial, a qual Kaylan havia participado, ele afirmou que iria “quitar a dívida com a Justiça”, assumiria as consequências e mudaria de vida.
“A gente veio para a audiência, veio a sentença e ele falou que ‘queria pagar, quitar a dívida porque foi um erro, iria assumir as consequências e mudaria de vida. Dá um sentimento de tristeza em saber que nada do que foi feito vai trazer meu filho de volta”, disse a mãe.
Confira a entrevista com a mãe:
Três policiais foram presos no ES
Três policiais militares foram presos suspeitos de jogarem o adolescente da Segunda Ponte.
O cabo Franklin Castão Pereira, o soldado Luan Eduardo Pompermaier Silva e o soldado Leonardo Gonçalves Machado foram indiciados por homicídio qualificado e estão presos no Quartel do Comando-Geral da Polícia Militar, em Vitória.
No dia do crime, o adolescente foi abordado pelos policiais no bairro Aparecida porque havia contra ele um mandado de apreensão em aberto.
Kaylan foi levado para a Delegacia Especializada do Adolescente em Conflito com a Lei (Deacle), em Vitória, mas estava com a ordem judicial vencida.

Na ocasião, o delegado orientou os PMs a levarem o adolescente de volta para casa. Neste caso, como explica o secretário de Estado da Segurança Pública, Leonardo Damasceno, o procedimento de praxe seria entregar o garoto para o responsável legal, seja este indo até a delegacia ou os policiais entregarem o menor em sua residência.
Primeiro, é preciso contactar a família, o que foi feito no caso. Mas, por algum motivo, ninguém pôde atender. Está na investigação também essa informação. Então, os policiais tiveram que entregá-lo em casa, porque o menor não pode ser liberado, ele tem que ser entregue a um responsável. Ou o responsável vai à unidade policial para receber o menor ou a polícia o leva até a residência. Esse é o procedimento”, concluiu Damasceno.
No caminho, no entanto, a viatura para na Segunda Ponte e o adolescente teria sido jogado no mar.
*Com informações do repórter Gabriel Cavalini da TV Vitória/Record