A decisão do governo de aumentar abruptamente o IOF sobre remessas internacionais e voltar atrás em menos de 24 horas reacendeu entre investidores o temor de medidas unilaterais que afetem a liberdade de alocação de capital. A percepção de risco regulatório cresceu, mesmo com o recuo da equipe econômica.
O episódio, que envolvia uma elevação de alíquota de 0% para 3,5%, foi classificado por especialistas como uma sinalização negativa. Para William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, embora o recuo tenha sido importante, a mensagem transmitida foi preocupante.
“Quando um governo toma uma decisão sem diálogo e altera regras tributárias na canetada, o impacto vai além da medida em si. Isso aumenta a incerteza e mina a confiança do investidor”, afirmou Alves à BM&C News.
IOF e risco regulatório aumentam incerteza do investidor
Na visão do especialista, o movimento do governo assemelha-se a um controle de capital disfarçado, mesmo que a intenção tenha sido negada oficialmente. A proposta poderia encarecer o envio de recursos para o exterior, afetando diretamente quem busca diversificação internacional.
“O brasileiro tem direito de investir fora. Ao tornar isso mais caro ou burocrático, o governo restringe esse acesso. Hoje recuou, mas nada impede que amanhã retome a alta. Isso já aconteceu no passado”, disse.
A oscilação do dólar futuro na manhã do anúncio também refletiu o nervosismo do mercado. A cotação chegou a atingir R$ 5,74, impulsionada por uma corrida pontual de investidores tentando enviar recursos antes que as novas regras entrassem em vigor.
IOF como catalisador: proteção no exterior ganha força
“Foi um catalisador de curto prazo. Esse tipo de sinal reforça a importância de manter parte do patrimônio fora do país, em moedas fortes, como forma de proteção contra o chamado risco de fronteira”, completou Alves.
IOF e instabilidade reforçam alerta sobre previsibilidade
O recuo pode ter evitado um agravamento imediato na confiança dos investidores, mas a volatilidade do episódio deixou lições claras sobre a fragilidade da previsibilidade regulatória no Brasil.
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