{"id":8569,"date":"2025-02-11T10:47:00","date_gmt":"2025-02-11T13:47:00","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/agencia1\/8569"},"modified":"2025-02-11T10:47:00","modified_gmt":"2025-02-11T13:47:00","slug":"veja-os-limites-da-atuacao-de-vereadores-na-fiscalizacao-da-saude","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/agencia1\/8569","title":{"rendered":"Veja os limites da atua\u00e7\u00e3o de vereadores na fiscaliza\u00e7\u00e3o da sa\u00fade"},"content":{"rendered":"
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Uso pol\u00edtico de visitas a unidades de sa\u00fade gera debate sobre abuso de poderReprodu\u00e7\u00e3o\/montagem <\/span><\/figcaption><\/figure>\n

A fiscaliza\u00e7\u00e3o<\/strong> dos servi\u00e7os p\u00fablicos \u00e9 uma das atribui\u00e7\u00f5es dos vereadores<\/strong>, mas at\u00e9 que ponto essa prerrogativa pode ser exercida dentro das unidades de sa\u00fade<\/strong>? Nos \u00faltimos meses, diversos casos de parlamentares que entraram em hospitais e postos de atendimento sem autoriza\u00e7\u00e3o geraram pol\u00eamicas e levantaram questionamentos sobre os limites dessa atividade.<\/p>\n

No in\u00edcio de fevereiro, o Conselho Regional de Medicina do Estado de S\u00e3o Paulo (Cremesp) se manifestou contra a pr\u00e1tica de pol\u00edticos que entram em unidades de sa\u00fade sem autoriza\u00e7\u00e3o, constrangendo m\u00e9dicos e pacientes. Segundo o \u00f3rg\u00e3o, apenas os conselhos regionais de medicina t\u00eam compet\u00eancia t\u00e9cnica para fiscalizar o funcionamento desses locais.<\/p>\n

“O Cremesp continuar\u00e1 agindo com rigor contra pol\u00edticos que est\u00e3o invadindo unidades de sa\u00fade, constrangendo os profissionais em seu local de trabalho e colocando em risco a vida dos pacientes para a divulga\u00e7\u00e3o de v\u00eddeos sensacionalistas”, afirmou o conselho. A entidade informou ainda que acionou o Minist\u00e9rio P\u00fablico, a C\u00e2mara dos Vereadores e a Justi\u00e7a para coibir essas pr\u00e1ticas.<\/p>\n

O que diz a legisla\u00e7\u00e3o?<\/strong> <\/p>\n

Embora a fiscaliza\u00e7\u00e3o dos atos do Poder Executivo seja uma fun\u00e7\u00e3o constitucional dos vereadores, esse direito tem limites. Em entrevista ao Portal iG<\/strong>, a advogada Ariane Vilas Boas, especialista em Defesa M\u00e9dica e membro da Comiss\u00e3o de Direito M\u00e9dico da OAB-SP,\u00a0 afirma que a atua\u00e7\u00e3o parlamentar dentro de unidades de sa\u00fade precisa respeitar normas legais e \u00e9ticas.<\/p>\n

“Por ser membro do Poder Legislativo, o vereador possui o poder constitucional de fiscalizar os atos do Poder Executivo, conforme previsto no artigo 31 da Constitui\u00e7\u00e3o Federal de 1988. Esse poder de fiscaliza\u00e7\u00e3o inclui a an\u00e1lise da presta\u00e7\u00e3o de servi\u00e7os p\u00fablicos municipais, como o atendimento em hospitais e unidades de pronto atendimento”, explica.<\/p>\n

No entanto, a advogada ressalta que o que tem ocorrido em alguns casos n\u00e3o \u00e9 uma fiscaliza\u00e7\u00e3o leg\u00edtima, mas sim uma instrumentaliza\u00e7\u00e3o desse dever para autopromo\u00e7\u00e3o. “Quando a fiscaliza\u00e7\u00e3o perde sua finalidade original \u2014 que \u00e9 garantir um servi\u00e7o de qualidade \u00e0 popula\u00e7\u00e3o \u2014 e passa a ser utilizada para exposi\u00e7\u00e3o p\u00fablica, especialmente em redes sociais, isso se torna incompat\u00edvel com a fun\u00e7\u00e3o parlamentar, configurando inclusive abuso de poder, nos termos do artigo 28 da Lei 13.869\/2019”, afirma.<\/p>\n

Outro ponto de preocupa\u00e7\u00e3o \u00e9 a viola\u00e7\u00e3o de direitos fundamentais, como a privacidade dos pacientes e a autonomia dos profissionais de sa\u00fade. “A Lei Geral de Prote\u00e7\u00e3o de Dados (LGPD) garante a privacidade das informa\u00e7\u00f5es confidenciais, enquanto o direito \u00e0 imagem \u00e9 assegurado pela Constitui\u00e7\u00e3o Federal. No \u00e2mbito m\u00e9dico, o C\u00f3digo de \u00c9tica M\u00e9dica veda qualquer interfer\u00eancia indevida no exerc\u00edcio da medicina”, refor\u00e7a Ariane.<\/p>\n

O\u00a0Conselho Federal de Medicina (CFM) j\u00e1 se manifestou contra essas invas\u00f5es e classificou esse tipo de conduta como um desrespeito \u00e0s normas \u00e9ticas e legais.<\/p>\n

Casos recentes reacendem o debate<\/strong> <\/p>\n

Apesar das restri\u00e7\u00f5es legais, epis\u00f3dios envolvendo vereadores que ultrapassaram os limites da fiscaliza\u00e7\u00e3o t\u00eam se tornado frequentes.<\/p>\n

Em Angra dos Reis (RJ), o vereador Greg Duarte (PL) foi at\u00e9 o posto de sa\u00fade ESF do Bel\u00e9m e flagrou um m\u00e9dico deixando o local para levar uma enfermeira ao ponto de \u00f4nibus. J\u00e1 em Ribeir\u00e3o Preto (SP), Junim Ded\u00ea (PL) visitou a UBS Oswaldo Cruz, na Vila Mariana, para conversar com profissionais da sa\u00fade e usu\u00e1rios do servi\u00e7o.<\/p>\n

O caso mais grave, no entanto, ocorreu em Fel\u00edcio dos Santos (MG). O vereador Wladimir Canuto (Avante) invadiu a sala vermelha de uma Unidade B\u00e1sica de Sa\u00fade durante o atendimento de um paciente em estado grave, que acabou morrendo. Segundo a Prefeitura, o parlamentar ainda agrediu verbalmente os servidores da unidade.<\/p>\n

A advogada Ariane Vilas Boas alerta para o impacto dessas pr\u00e1ticas na rotina dos profissionais e pacientes. “Infelizmente, vivemos um momento em que a busca incessante por visibilidade e engajamento digital tem se sobreposto \u00e0 preocupa\u00e7\u00e3o real com a sa\u00fade p\u00fablica. \u00c9 fundamental que a sociedade compreenda a import\u00e2ncia da fiscaliza\u00e7\u00e3o respons\u00e1vel e exija que os parlamentares atuem dentro dos limites da lei, garantindo que o direito \u00e0 sa\u00fade da popula\u00e7\u00e3o permane\u00e7a como prioridade”, conclui.<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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