{"id":7358,"date":"2025-02-09T21:52:02","date_gmt":"2025-02-10T00:52:02","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/agencia1\/7358"},"modified":"2025-02-09T21:52:02","modified_gmt":"2025-02-10T00:52:02","slug":"uranio-no-sertao-projeto-para-extracao-divide-opinioes-no-ceara","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/agencia1\/7358","title":{"rendered":"Ur\u00e2nio no sert\u00e3o: projeto para extra\u00e7\u00e3o divide opini\u00f5es no Cear\u00e1"},"content":{"rendered":"

Em uma das regi\u00f5es mais secas do Brasil, o Fant\u00e1stico percorreu a fazenda que pode se transformar na maior mina de ur\u00e2nio do Brasil. Ur\u00e2nio no sert\u00e3o: projeto para extra\u00e7\u00e3o divide opini\u00f5es no Cear\u00e1
\nReprodu\u00e7\u00e3o
\nNo sert\u00e3o do Cear\u00e1, uma das regi\u00f5es mais secas do Brasil, o Fant\u00e1stico percorreu a fazenda que pode se transformar na maior mina de ur\u00e2nio do Brasil.
\nA visita foi acompanha de t\u00e9cnicos de um cons\u00f3rcio formado pela estatal INB \u2013 Ind\u00fastrias Nucleares Brasileiras \u2013 e uma mineradora privada de fosfato. O projeto prev\u00ea a abertura de uma mina, com quase um quil\u00f4metro de largura e 160 metros de profundidade.
\nAl\u00e9m de urano, h\u00e1 a presen\u00e7a de outro material nas rochas: 99,8% do material extra\u00eddo ser\u00e1 fosfato – e apenas 0,2% ur\u00e2nio. A estimativa \u00e9 produzir 750 mil toneladas de fosfato, para 2.300 de ur\u00e2nio por ano.
\nImpacto ambiental e conflito pelo uso da \u00e1gua
\nO Brasil importa 80% do fosfato que usa como fertilizante na agricultura em larga escala. Mas h\u00e1 um impasse: a separa\u00e7\u00e3o do fosfato do ur\u00e2nio exige uma grande quantidade de \u00e1gua.
\nO primeiro projeto, negado pelo Ibama, previa usar 30% da vaz\u00e3o do a\u00e7ude Edson Queiroz, um dos maiores do Nordeste. Um novo projeto, com tecnologia diferente, reduziu esse uso para 10%, mas organiza\u00e7\u00f5es ambientais alertam para os riscos em uma regi\u00e3o j\u00e1 afetada pela seca.
\n“Ocorreram mudan\u00e7as significativas no projeto, na tecnologia, uma redu\u00e7\u00e3o significativa do consumo de \u00e1gua da regi\u00e3o. E essa \u00e9 uma preocupa\u00e7\u00e3o para que os usos m\u00faltiplos da \u00e1gua naquela regi\u00e3o sejam compatibilizados. N\u00e3o pode uma atividade inviabilizar a sobreviv\u00eancia das popula\u00e7\u00f5es naquela regi\u00e3o”, destaca o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho.
\nO impacto chegaria a lugares como Queimados. Uma comunidade de quilombolas reassentados pela reforma agr\u00e1ria. O temor de que a radioatividade do ur\u00e2nio contamine a \u00e1gua e o ar chega at\u00e9 a cidade, onde eles vendem a produ\u00e7\u00e3o.
\n“Eles falam que a partir do momento que este empreendimento for explorado, eles n\u00e3o compram nada mais da gente. A\u00ed a gente fica preocupado por isso”, ressalta o morador Geraldo.
\nPrevis\u00e3o de benef\u00edcios
\nApesar das controv\u00e9rsias, o projeto tamb\u00e9m promete benef\u00edcios para regi\u00e3o.
\n “N\u00f3s temos que ver o que vai ter de ICMS para a cidade. Emprego, por exemplo, muito mais, direto e indireto, mais de 6 mil empregos”, pontua o presidente do INB, Adauto Seixas.
\nPara o setor nuclear brasileiro, h\u00e1 muito em jogo. Santa Quit\u00e9ria pode multiplicar por 8 o volume de extra\u00e7\u00e3o de ur\u00e2nio no pa\u00eds, tornando o Brasil autossuficiente para abastecer suas usinas e poss\u00edveis compradores de fora, rendendo at\u00e9 um bilh\u00e3o de reais por ano.
\n “Muitos pa\u00edses, especialmente na Europa Central e do Leste, est\u00e3o olhando a energia nuclear como uma fonte de autonomia”, diz Rafael Mariano Grossi, diretor geral da Ag\u00eancia Internacional de Energia At\u00f4mica.
\nOutro fator \u00e9 a demanda de energia para tocar os megacentros de processamento de dados da intelig\u00eancia artificial.
\nAngra 3: o grande impasse da energia nuclear no Brasil
\nNo Brasil, a expans\u00e3o do setor nuclear esbarra em um problema antigo: Angra 3. Com obras iniciadas nos anos 1980 e interrompidas diversas vezes, a usina j\u00e1 consumiu R$ 12 bilh\u00f5es e est\u00e1 com 65% das obras conclu\u00eddas.
\nO Banco Nacional de Desenvolvimento Econ\u00f4mico e Social (BNDES) estimou o custo de R$23 bilh\u00f5es para terminar o projeto e R$ 21 bilh\u00f5es para desistir. Al\u00e9m disso, a paralisa\u00e7\u00e3o imp\u00f5e um gasto anual de R$ 120 milh\u00f5es apenas para a manuten\u00e7\u00e3o dos equipamentos.
\nA grande quest\u00e3o com rela\u00e7\u00e3o a esse combust\u00edvel usado, para os cr\u00edticos da energia nuclear, \u00e9 o tempo em que isso tem que ser estocado com todos os cuidados. Com a tecnologia existente hoje, milhares de anos. E h\u00e1 o custo da energia, que o BNDES calculou em R$ 653 o megawatt.
\n “O fato \u00e9 que a gera\u00e7\u00e3o nuclear \u00e9 muito cara e ela teria um impacto ainda maior ent\u00e3o na tarifa de energia el\u00e9trica brasileira, que \u00e9 bastante alta”, diz o professor Roberto Schaeffer, membro do Painel Intergovernamental sobre Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas da ONU.
\nO ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, considera Angra 3 estrat\u00e9gica para o futuro da energia no pa\u00eds.
\n “A nuclear, naturalmente, \u00e9 uma energia pol\u00eamica, mas n\u00f3s n\u00e3o podemos deixar, com o potencial que temos e com a vis\u00e3o de que o mundo necessitar\u00e1 muito mais de energia firme e limpa, de olhar tamb\u00e9m para essa cadeia energ\u00e9tica do pa\u00eds”, afirma o ministro.
\nA decis\u00e3o dever\u00e1 ser tomada nas pr\u00f3ximas semanas pelo Conselho Nacional de Pol\u00edtica Energ\u00e9tica, que tem 15 ministros, representantes dos estados, da ci\u00eancia e da sociedade civil.
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