Busca pelo curriqueiro-real revela toda as belezas das cordilheiras andinas. Outras esp\u00e9cies tamb\u00e9m presenteiam a nossa equipe. Observa\u00e7\u00e3o de aves na Cordilheira dos Andes rende registros \u00fanicos
\nRodrigo Sarga\u00e7o\/TG
\nCusco \u00e9 o ber\u00e7o de uma das civiliza\u00e7\u00f5es pr\u00e9-colombianas mais desenvolvidas que existiram no continente americano. Os incas tinham uma liga\u00e7\u00e3o muito estreita com a natureza.
\nNa cultura incaica, o sol, a lua, os rios e as montanhas eram reverenciados como elementos sobrenaturais, algo divino. Em \u201cqu\u00eachua\u201d, a l\u00edngua original dos Incas, a M\u00e3e Terra tem um nome especial: \u201cPatchamama\u201d. At\u00e9 hoje, essa palavra tem um significado especial para os peruanos.
\nA equipe do Terra da Gente percorreu parte da Cordilheira dos Andes para observar p\u00e1ssaros na regi\u00e3o de Cusco. A geografia \u00e9 peculiar, muito diferente da paisagem brasileira. Para fazermos essa experi\u00eancia contamos com apoio do guia de observa\u00e7\u00e3o Jos\u00e9 Antonio Padilla.
\nJos\u00e9 Antonio j\u00e1 morou no pantanal sul-matogrossense, onde aprendeu a falar portugu\u00eas. A 3.500 metros de altitude, perto da cidade de Ollantaytambo, observamos o s\u00edtio arqueol\u00f3gico de Penhas. As ru\u00ednas dos Incas continuam por l.
\nEquipe do TG desbrava Cordilheira dos Andes
\nTerra da Gente
\nNa subida da cordilheira, o desafio \u00e9 encontrar uma ave rara e criticamente em perigo de extin\u00e7\u00e3o que s\u00f3 existe no Peru: o curriqueiro-real (Cinclodes Aricomae). O caminho para chegar at\u00e9 ele, \u00e9 espetacular. A cada curva um novo cen\u00e1rio surge diante de nossos olhos.
\nA equipe se aproxima do Nevado Ver\u00f4nica, um dos picos mais conhecidos do Abra de M\u00e1laga. Os picos ao longe, est\u00e3o cobertos de neve. Andar nessa altitude n\u00e3o \u00e9 f\u00e1cil. Para quem n\u00e3o est\u00e1 acostumado, d\u00e1 sensa\u00e7\u00e3o de cansa\u00e7o.
\nA primeira e mais dif\u00edcil etapa foi superada pela nossa equipe. Num lugar assim, a gente se sente pequeno diante da imensid\u00e3o das montanhas. A todo momento, nosso guia Jos\u00e9 Antonio analisa as condi\u00e7\u00f5es da trilha.
\nO clima de montanha \u00e9 inst\u00e1vel. Ora faz sol, ora fecha, ora cai bastante a temperatura. Em condi\u00e7\u00f5es assim, fica um pouco mais dif\u00edcil fazer a observa\u00e7\u00e3o dos p\u00e1ssaros.
\nNa segunda tentativa de observa\u00e7\u00e3o, o dia amanheceu lindo. No caminho para ver o curriqueiro-real a equipe foi agraciada com v\u00e1rias aves. Primeiro, o pica-pau andino. Ele faz o ninho no alto da rocha. Ao longo do caminho, aparecem outras aves nativas dos Andes, como o Papa-moscas-de-lombo-vermelho.
\nCurriqueiro-real \u00e9 ave amea\u00e7ada
\nJosh Vandermeulen\/iNaturalist
\nChegamos a uma \u00e1rea de mata de polilepis mais fechada. E o momento mais esperado, por fim chegou: o curriqueiro-real foi flagrado com exclusividade. A estimativa \u00e9 de que existam cerca de duzentos e cinquenta indiv\u00edduos desta esp\u00e9cie no Peru.
\nO principal problema enfrentado pelo curriqueiro-real \u00e9 a falta de habitat. Ele s\u00f3 vive nessas \u00e1reas onde exista o polylepis. Algumas comunidades andinas acabam usando essa madeira, principalmente para aquecer as casas.
\n“Este lugar especificamente est\u00e1 protegido por uma ONG que se chama Ecoa, eles protegem, fazem com que o povo aqui n\u00e3o mexa com as \u00e1rvores e por isso que a gente tem muito polylep\u00eds aqui, como voc\u00ea pode ver, \u00e9 o melhor lugar da Am\u00e9rica do Sul para achar o Cinclodes Aricomae. Nem sempre a gente consegue ver ele n\u00e9, porque \u00e9 muito dif\u00edcil, j\u00e1 quando o sol sai, como agora, o p\u00e1ssaro fica dentro da mata e j\u00e1 n\u00e3o sai mais, a gente t\u00e1 procurando e pra mim tamb\u00e9m foi uma felicidade grande …” ressalta Jos\u00e9 Antonio.
\nV\u00cdDEOS: Destaques Terra da Gente
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