M\u00e9dicos foram flagrados usando furadeiras dom\u00e9sticas em cirurgias em um hospital em S\u00e3o Paulo. Funcion\u00e1rios contam que o equipamento correto n\u00e3o era oferecido pelo hospital. Imagem n\u00e3o \u00e9 a primeira de improvisos durante atendimentos. M\u00e9dicos do Hospital Pari, Centro de SP, usam furadeiras dom\u00e9sticas em cirurgias ortop\u00e9dicas
\nTV Globo
\nNesta semana, a imagem de m\u00e9dicos usando furadeiras dom\u00e9sticas para operar pessoas chocou o pa\u00eds. Segundo os funcion\u00e1rios, usar os equipamentos n\u00e3o era decis\u00e3o dos profissionais, que faziam as cirurgias com a estrutura que tinham. Essa n\u00e3o \u00e9 a primeira vez que imagens de improviso na sa\u00fade chocam o pa\u00eds.
\nNo ano passado, uma m\u00e9dica no Rio Grande do Norte usou uma embalagem de bolo como respirador para salvar um beb\u00ea que aguardava um leito na UTI.
\nAntes, j\u00e1 circularam imagens de m\u00e9dicos que usavam garrafas de pl\u00e1stico PET, sacolas pl\u00e1sticas e at\u00e9 estetosc\u00f3pios em improviso no atendimento. Veja as situa\u00e7\u00f5es abaixo:
\nM\u00e9dicos usam lanterna de celular em procedimentos
\nDivulga\u00e7\u00e3o
\nSem gerador, m\u00e9dicos usam lanterna de celular
\nEm 2019, o gerador de uma maternidade no Piau\u00ed n\u00e3o funcionou durante uma queda de energia. Os m\u00e9dicos que atendiam tiveram que improvisar e usaram o celular como ilumina\u00e7\u00e3o em procedimentos para manter o atendimento. (Veja a imagem acima)
\nM\u00e9dico usa sacola de lixo por falta de incubadora
\nReprodu\u00e7\u00e3o\/TV Globo
\nSacos de lixo por falta de incubadora
\nEm 2015, uma equipe m\u00e9dica teve de enrolar beb\u00eas g\u00eameos que nasceram prematuros em sacos de lixo por falta de incubadora. Eles nasceram no interior de Maranh\u00e3o e precisaram ser transferidos para a capital pela falta de estrutura, mas n\u00e3o havia equipamentos para manter o isolamento t\u00e9rmico e os m\u00e9dicos improvisaram com sacos de lixo para manter as crian\u00e7as vivas. (Veja a imagem acima)
\nM\u00e1scara de oxig\u00eanio com embalagem de bolo
\nEm 2024, um beb\u00ea foi atendido por uma m\u00e9dica que usou uma embalagem de bolo como m\u00e1scara de oxig\u00eanio no Rio Grande do Norte. O menino teve diagn\u00f3stico de bronquiolite \u2013 que afeta as vias respirat\u00f3rias \u2013 e precisava urgente de um leito de UTI para suporte respirat\u00f3rio, que n\u00e3o estava dispon\u00edvel. Com isso, a m\u00e9dica usou a criatividade para salvar a vida do beb\u00ea.
\nM\u00e9dico transforma estetosc\u00f3pio em respirador
\nDivulga\u00e7\u00e3o\/CFM
\nEstetosc\u00f3pio vira respirador para beb\u00ea
\nEm 2014, um m\u00e9dico no Amap\u00e1 teve de transformar um estetosc\u00f3pio, aparelho usado para auscultar pulm\u00e3o e cora\u00e7\u00e3o, em respirador para socorrer um beb\u00ea. A crian\u00e7a estava no respirador, mas precisava ser extubada. O beb\u00ea, no entanto, n\u00e3o suportou ficar fora do suporte e sem equipamentos no hospital para a ventila\u00e7\u00e3o n\u00e3o invasiva, o m\u00e9dico teria que fazer uma traqueostomia \u2013 procedimento cir\u00fargico.
\nPara evitar a interven\u00e7\u00e3o, o m\u00e9dico teve de usar a criatividade: transformou um estetosc\u00f3pio em respirador. (Veja a imagem acima)
\nM\u00e9dicos usam raquete el\u00e9trica para conter mosquitos em centro cirurgico
\nDivulga\u00e7\u00e3o
\nRaquete el\u00e9trica para matar mosquitos em sala de cirurgia
\nNo Esp\u00edrito Santo, um cirurgi\u00e3o fez um desabafo em suas redes em 2012, que viralizou. Ele reclamava das m\u00e1s condi\u00e7\u00f5es de atendimento de um hospital p\u00fablico em que os m\u00e9dicos eram obrigados a ter raquetes el\u00e9tricas para matar mosquitos nas salas de cirurgia.
\nO m\u00e9dico contou que a quantidade de mosquitos era tanta, que eles tinham que se revezar em mutir\u00f5es para antes dos procedimentos para matar os insetos.
\nHospital improvisa incubadora com recipiente de pl\u00e1stico em UTI neonatal, no Amap\u00e1
\nCRM-AP\/Divulga\u00e7\u00e3o
\nIncubadora com recipiente pl\u00e1stico
\nNo Amap\u00e1, em 2019, uma rec\u00e9m-nascida prematura foi mantida viva com a ajuda de uma incubadora improvisada com um recipiente de pl\u00e1stico. Ela era uma das quatro crian\u00e7as que precisavam do equipamento, mas apenas uma no hospital estava funcionando.
\nCom isso, os m\u00e9dicos tiveram que improvisar para salvar as crian\u00e7as e as colocaram em incubadoras improvisadas. (Veja a imagem acima)
\nBeb\u00ea usa m\u00e1scara de garrafa pet em maternidade por falta de m\u00e1scara de oxig\u00eanio
\nArquivo Pessoal
\nM\u00e1scara de oxig\u00eanio com garrafa PET
\nNo Amazonas, em 2016, por falta de m\u00e1scaras de oxig\u00eanio m\u00e9dicos tiveram que usar garrafas pet. Os beb\u00eas nasceram com problemas respirat\u00f3rios, mas n\u00e3o havia equipamento para o socorro das crian\u00e7as no hospital. (Veja imagem acima)
\nM\u00e9dicos do Hospital Pari, Centro de SP, usam furadeiras dom\u00e9sticas em cirurgias ortop\u00e9dicas
\nO caso da furadeira
\nM\u00e9dicos do Hospital Nossa Senhora do Pari, no Centro de S\u00e3o Paulo, usam furadeiras dom\u00e9sticas em cirurgias ortop\u00e9dicas. Imagens mostram os profissionais usando os equipamentos durante os procedimentos. (Veja o v\u00eddeo acima)
\nO uso de furadeiras dom\u00e9sticas em cirurgias \u00e9 proibido pela Anvisa desde 2008. A nota t\u00e9cnica, emitida pelo \u00f3rg\u00e3o, afirma que o uso representa um grave risco para a sa\u00fade e constitui infra\u00e7\u00e3o sanit\u00e1ria por se tratar de produto sem registro na Anvisa.
\nO que funcion\u00e1rios contaram \u00e9 que as furadeiras s\u00e3o uma escolha de quem administra as compras na unidade. A alega\u00e7\u00e3o seria de que elas s\u00e3o mais baratas e mais f\u00e1ceis de ter manuten\u00e7\u00e3o — muitas vezes feitas pelos pr\u00f3prios m\u00e9dicos.
\nM\u00e9dicos do Hospital Pari, Centro de SP, usam furadeiras dom\u00e9sticas em cirurgias ortop\u00e9dicas
\nTV Globo
\n\u00c0 TV Globo, uma funcion\u00e1ria que n\u00e3o quis ser identificar, contou que chegou a pedir demiss\u00e3o por causa das m\u00e1s condi\u00e7\u00f5es de atendimento na unidade.
\nPor nota, a diretoria do Hospital Pari disse que os perfuradores utilizados por eles s\u00e3o aprovados pela Anvisa, e que s\u00e3o fiscalizados periodicamente pelos \u00f3rg\u00e3os competentes.
\nA prefeitura de S\u00e3o Paulo, respons\u00e1vel pela unidade, disse que n\u00e3o h\u00e1 den\u00fancias contra o hospital, e que, se comprovada qualquer irregularidade, o contrato pode ser rescindido.<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"