{"id":6371,"date":"2025-02-08T04:17:05","date_gmt":"2025-02-08T07:17:05","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/agencia1\/6371"},"modified":"2025-02-08T04:17:05","modified_gmt":"2025-02-08T07:17:05","slug":"cacadores-de-alienigenas-como-uma-busca-iniciada-ha-30-anos-ainda-influencia-a-ciencia","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/agencia1\/6371","title":{"rendered":"‘Ca\u00e7adores de alien\u00edgenas’: como uma busca iniciada h\u00e1 30 anos ainda influencia a ci\u00eancia"},"content":{"rendered":"

Neste artigo, Phil Edwards, cientista s\u00eanior do Australian Telescope National Facility (CSIRO), conta os bastidores de projeto que utiliza ondas de r\u00e1dio para buscar sinais de vida em outras gal\u00e1xias. Murriyang, o radiotelesc\u00f3pio Parkes do CSIRO abaixo da Via L\u00e1ctea
\nAlex Cherney\/CSIRO
\nEm fevereiro de 1995, uma pequena organiza\u00e7\u00e3o de pesquisa chamada Instituto SETI lan\u00e7ou o que, na \u00e9poca, era a busca mais abrangente por uma resposta para uma quest\u00e3o que intriga a humanidade h\u00e1 s\u00e9culos: estamos sozinhos no universo?
\nNeste ano, completa-se o 30\u00ba anivers\u00e1rio das primeiras observa\u00e7\u00f5es astron\u00f4micas realizadas para essa busca, nomeada Projeto Phoenix. As observa\u00e7\u00f5es ocorreram no Observat\u00f3rio Parkes, em territ\u00f3rio Wiradjuri, no centro-oeste de Nova Gales do Sul, na Austr\u00e1lia \u2013 lar de um dos maiores radiotelesc\u00f3pios do mundo.
\nMas o Projeto Phoenix teve sorte de sair do papel.
\nTr\u00eas anos antes, a NASA havia iniciado um ambicioso programa de busca por intelig\u00eancia extraterrestre (SETI), com dura\u00e7\u00e3o prevista de uma d\u00e9cada e um or\u00e7amento de US$ 100 milh\u00f5es. No entanto, em 1993, o Congresso dos Estados Unidos cortou todo o financiamento devido ao crescente d\u00e9ficit or\u00e7ament\u00e1rio do pa\u00eds. Al\u00e9m disso, c\u00e9ticos no Congresso ridicularizaram a iniciativa como uma busca improv\u00e1vel por “homenzinhos verdes”.
\nFelizmente, o Instituto SETI conseguiu arrecadar doa\u00e7\u00f5es privadas suficientes para reativar o projeto \u2013 e assim o Projeto Phoenix renasceu das cinzas.
\nOuvindo sinais de r\u00e1dio
\nSe existe vida em outro lugar do universo, \u00e9 natural supor que tenha evolu\u00eddo ao longo de milh\u00f5es de anos em um planeta orbitando uma estrela de longa dura\u00e7\u00e3o, semelhante ao nosso Sol. Por isso, as buscas do SETI geralmente miram as estrelas mais pr\u00f3ximas com caracter\u00edsticas parecidas com as do Sol, ouvindo sinais de r\u00e1dio que podem estar sendo enviados intencionalmente para n\u00f3s ou que sejam techno-assinaturas (ou techno-marcadores) \u2013 emiss\u00f5es de r\u00e1dio produzidas por tecnologias de uma civiliza\u00e7\u00e3o avan\u00e7ada.
\nAs techno-assinaturas se concentram em uma faixa espec\u00edfica de frequ\u00eancias e s\u00e3o geradas por tecnologias que uma civiliza\u00e7\u00e3o avan\u00e7ada, como a nossa, poderia usar.
\nOs astr\u00f4nomos utilizam ondas de r\u00e1dio porque elas podem atravessar nuvens de g\u00e1s e poeira da nossa gal\u00e1xia e viajar grandes dist\u00e2ncias sem exigir um n\u00edvel excessivo de pot\u00eancia.
\nMurriyang, o radiotelesc\u00f3pio de 64 metros do Observat\u00f3rio Parkes, operado pela CSIRO, est\u00e1 em funcionamento desde 1961. Ele j\u00e1 contribuiu para diversas descobertas astron\u00f4micas e desempenhou um papel fundamental no rastreamento de miss\u00f5es espaciais \u2013 especialmente na transmiss\u00e3o das imagens da caminhada na Lua da Apollo 11.
\nComo o maior radiotelesc\u00f3pio de prato \u00fanico do Hemisf\u00e9rio Sul, ele era a instala\u00e7\u00e3o ideal para buscar sinais em alvos do c\u00e9u austral.
\nO plano do Projeto Phoenix era utilizar diversos grandes radiotelesc\u00f3pios ao redor do mundo, mas muitos deles estavam passando por atualiza\u00e7\u00f5es. Assim, as primeiras observa\u00e7\u00f5es come\u00e7aram em Parkes.
\nNo dia 2 de fevereiro de 1995, Murriyang apontou para uma estrela cuidadosamente escolhida, localizada a 49 anos-luz da Terra, na constela\u00e7\u00e3o de F\u00eanix. Essa foi a primeira observa\u00e7\u00e3o oficial do projeto.
\nUm sucesso log\u00edstico e tecnol\u00f3gico
\nO Projeto Phoenix foi liderado por Jill Tarter, uma renomada pesquisadora do SETI que passou muitas noites no observat\u00f3rio supervisionando as observa\u00e7\u00f5es ao longo das 16 semanas dedicadas \u00e0 busca. (A personagem de Jodie Foster no filme Contato, de 1998, foi amplamente inspirada nela.)
\nA equipe do Projeto Phoenix levou para Parkes um trailer repleto de computadores com tecnologia de ponta e telas sens\u00edveis ao toque para processar os dados.
\nHouve interrup\u00e7\u00f5es inesperadas no in\u00edcio: mariposas Bogong, atra\u00eddas pela luz das telas, batiam contra os monitores com for\u00e7a suficiente para alterar as configura\u00e7\u00f5es.
\nAo longo de 16 semanas, a equipe observou 209 estrelas usando Murriyang, analisando frequ\u00eancias entre 1.200 e 3.000 megahertz. Foram procurados sinais cont\u00ednuos e pulsantes para maximizar as chances de encontrar uma transmiss\u00e3o extraterrestre genu\u00edna.
\nRadiotelesc\u00f3pios conseguem detectar emiss\u00f5es fracas vindas de objetos celestes distantes, mas tamb\u00e9m s\u00e3o sens\u00edveis a ondas de r\u00e1dio geradas na Terra \u2013 como sinais de celulares, conex\u00f5es Bluetooth, radares de aeronaves e sat\u00e9lites GPS.
\nEssas interfer\u00eancias locais podem se parecer com os sinais que o SETI busca. Por isso, diferenci\u00e1-las \u00e9 fundamental.
\nPara garantir essa distin\u00e7\u00e3o, o Projeto Phoenix utilizou um segundo radiotelesc\u00f3pio para verificar, de forma independente, qualquer sinal detectado. A CSIRO disponibilizou seu radiotelesc\u00f3pio Mopra, de 22 metros, localizado a cerca de 200 quil\u00f4metros ao norte de Parkes, para acompanhar poss\u00edveis candidatos em tempo real.
\nDurante o per\u00edodo de observa\u00e7\u00e3o, a equipe detectou um total de 148.949 sinais em Parkes \u2013 cerca de 80% foram descartados imediatamente por serem claramente interfer\u00eancias locais. O restante, pouco mais de 18.000 sinais, foi verificado tanto em Parkes quanto em Mopra. Apenas 39 passaram por todos os testes iniciais e pareciam ser candidatos promissores a sinais extraterrestres. Mas, ap\u00f3s uma an\u00e1lise mais detalhada, foram identificados como transmiss\u00f5es de sat\u00e9lites.
\nComo Jill Tarter resumiu em um artigo de 1997:
\n“Embora nenhuma evid\u00eancia de um sinal de intelig\u00eancia extraterrestre tenha sido encontrada, tamb\u00e9m n\u00e3o restaram sinais misteriosos ou inexplic\u00e1veis. A opera\u00e7\u00e3o na Austr\u00e1lia foi um sucesso log\u00edstico e tecnol\u00f3gico.”
\nJill Tarter na sala de controle do Parkes
\nCSIRO Radio Astronomy\/Arquivo
\nA nova gera\u00e7\u00e3o de r\u00e1dios telesc\u00f3pios
\nQuando o Projeto Phoenix terminou, em 2004, o gerente do projeto, Peter Backus, concluiu que “vivemos em uma vizinhan\u00e7a tranquila”.
\nMas os esfor\u00e7os para buscar vida alien\u00edgena continuam, agora com maior sensibilidade, abrangendo uma faixa mais ampla de frequ\u00eancias e mirando mais alvos.
\nO Breakthrough Listen, outro projeto financiado privadamente, come\u00e7ou em 2015 e voltou a utilizar o telesc\u00f3pio de Parkes, entre outros.
\nO Breakthrough Listen pretende examinar um milh\u00e3o das estrelas mais pr\u00f3ximas e as 100 gal\u00e1xias mais pr\u00f3ximas.
\nEm 2019, um sinal inesperado detectado em Parkes durante esse projeto foi analisado minuciosamente antes de ser identificado como mais um sinal gerado localmente.
\nA pr\u00f3xima gera\u00e7\u00e3o de radiotelesc\u00f3pios trar\u00e1 um grande salto em sensibilidade, gra\u00e7as a uma maior \u00e1rea de capta\u00e7\u00e3o, melhor resolu\u00e7\u00e3o e capacidades avan\u00e7adas de processamento.
\nExemplos dessa nova gera\u00e7\u00e3o incluem o telesc\u00f3pio SKA-Low, em constru\u00e7\u00e3o na Austr\u00e1lia Ocidental, e o SKA-Mid, na \u00c1frica do Sul. Eles ser\u00e3o usados para responder a diversas quest\u00f5es astron\u00f4micas \u2013 incluindo a grande pergunta sobre a exist\u00eancia de vida al\u00e9m da Terra.
\nComo o pioneiro do SETI, Frank Drake, certa vez disse:
\n“A coisa mais fascinante e interessante que poder\u00edamos encontrar no universo n\u00e3o \u00e9 outro tipo de estrela ou gal\u00e1xia… mas outro tipo de vida.”
\n\u00c9 FAKE imagem de alien\u00edgena no quintal de casa em Los Vegas<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Neste artigo, Phil Edwards, cientista s\u00eanior do Australian Telescope National Facility (CSIRO), conta os bastidores de projeto que utiliza ondas de r\u00e1dio para buscar sinais de vida em outras gal\u00e1xias. Murriyang, o radiotelesc\u00f3pio Parkes do CSIRO abaixo da Via L\u00e1ctea Alex Cherney\/CSIRO Em fevereiro de 1995, uma pequena organiza\u00e7\u00e3o de… Continue lendo → <\/span><\/a><\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1],"tags":[],"class_list":["post-6371","post","type-post","status-publish","format-standard","hentry","category-sem-categoria"],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/6371","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=6371"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/6371\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=6371"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=6371"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=6371"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}