Na senten\u00e7a, os quatro ju\u00edzes militares votaram a favor da absolvi\u00e7\u00e3o da pena por falta de provas. Izadora Ledur era instrutora de curso dos bombeiros em Cuiab\u00e1
\nC\u00e2mara Municipal de Barra do Gar\u00e7as\/Reprodu\u00e7\u00e3o
\nA capit\u00e3 do Corpo de Bombeiros Izadora Ledur de Souza Dechamps, foi absolvida do crime de maus-tratos contra o aluno Maur\u00edcio J\u00fanior dos Santos, em 2016. O aluno participava do treinamento do corpo de bombeiros e a capit\u00e3 havia sido denunciada pelo Minist\u00e9rio P\u00fablico Estadual em 2022.
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\nDe acordo com a den\u00fancia do Minist\u00e9rio P\u00fablico, Maur\u00edcio estava sob a autoridade de Ledur e foi submetido a intenso sofrimento f\u00edsico e mental, como forma de castigo pessoal. Na \u00e9poca, o aluno foi encaminhado a uma unidade de sa\u00fade ap\u00f3s acordar \u00e0s margens da lagoa e sentir fortes dores de cabe\u00e7a.
\nNa den\u00fancia, o MP cita que o aluno Maur\u00edcio J\u00fanior dos Santos estava sob a autoridade de Ledur e foi submetido a intenso sofrimento f\u00edsico e mental, como forma de castigo pessoal.
\nO julgamento j\u00e1 havia sido adiado por tr\u00eas vezes. A primeira sess\u00e3o estava prevista para dezembro de 2024, mas foi adiada para janeiro. Por\u00e9m, a sess\u00e3o precisou ser remarcada mais uma vez porque os ju\u00edzes militares n\u00e3o puderam comparecer \u00e0 sess\u00e3o.
\n O juiz Moacir Rog\u00e9rio Tortato concluiu que Izadora Ledur deveria ser condenada a dois meses de deten\u00e7\u00e3o em regime aberto, por maus-tratos, mas enfatizou que o crime j\u00e1 havia prescrito.
\nNa senten\u00e7a, os quatro ju\u00edzes militares votaram a favor da absolvi\u00e7\u00e3o da pena, por insufici\u00eancia de provas. \u201cProclamo ent\u00e3o a absolvi\u00e7\u00e3o da hoje capit\u00e3 Izadora Ledur de Souza Dechamps por maioria dos votos ficando o voto deste magistrado vencido”, disse o juiz.
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\nEntenda o caso
\nEm julho de 2015, Maur\u00edcio foi convocada para o 15\u00ba Curso de Forma\u00e7\u00e3o de Soldado do Corpo de Bombeiros. No in\u00edcio de 2016, deu-se in\u00edcio \u00e0s aulas da disciplina de salvamento aqu\u00e1tico, a qual tinha como instrutora respons\u00e1vel a tenente Ledur.
\nO documento o qual g1 teve acesso \u00e9 assinado pelo promotor de Justi\u00e7a Paulo Henrique Amaral Motta e foi encaminhado \u00e0 Justi\u00e7a no dia 21 deste m\u00eas.
\nDe acordo com a den\u00fancia apresentada pelo MP, ap\u00f3s alguns exerc\u00edcios preliminares, os alunos formaram uma fila e entraram na lagoa sem corda de apoio ou colete salva-vidas. Em seguida, ap\u00f3s percorrer cerca de 40 metros, a v\u00edtima come\u00e7ou a sentir c\u00e2imbras, sendo auxiliada por outros alunos. No entanto, Ledur teria determinado que os demais alunos seguissem com a travessia, deixando Maur\u00edcio para tr\u00e1s.
\n\u201cA denunciada passou a torturar a v\u00edtima fisicamente e psicologicamente, quando, al\u00e9m de proferir palavras ofensivas, iniciou uma sess\u00e3o de afogamentos, submergindo-a por diversas vezes. J\u00e1 sem for\u00e7as para emergir e respirar, depois de ter engolido muita \u00e1gua e gritado por socorro, a v\u00edtima veio a segurar os bra\u00e7os da tenente, implorando para que ela cessasse a atividade\u201d, diz.
\nAs sequ\u00eancias de tortura, segundo o MP, s\u00f3 foram interrompidas ap\u00f3s o aluno perder a consci\u00eancia.
\n\u00c0 \u00e9poca, o aluno foi encaminhado a uma unidade de sa\u00fade ap\u00f3s acordar \u00e0s margens da lagoa e sentir fortes dores de cabe\u00e7a.
\nConforme o prontu\u00e1rio de atendimento m\u00e9dico, Maur\u00edcio \u201cfoi submetido a esfor\u00e7o f\u00edsico desgastante, sofreu desmaio, v\u00f4mitos, 3 epis\u00f3dios, tremor e dor tor\u00e1cica\u201d.
\nNo documento, o promotor cita, al\u00e9m da v\u00edtima, cinco testemunhas do caso que podem ser ouvidas durante o processo na Justi\u00e7a.
\nMaus-tratos contra aluno
\nEm setembro de 2021, Ledur foi condenada a cumprir um ano de pris\u00e3o, em regime aberto, pelo crime de maus-tratos contra o aluno Rodrigo Claro.
\n\u00c0 \u00e9poca, o juiz Marcos Faleiros, da 11\u00aa Vara Criminal Especializada da Justi\u00e7a Militar, desqualificou o crime de tortura para maus-tratos. Ele foi seguido pela maioria do Conselho Militar, exceto pelo tenente-coronel Abel, do Corpo de Bombeiros, que entendeu que a tenente Ledur praticou o crime de tortura.
\nPesou na decis\u00e3o do magistrado Faleiros o laudo do Instituto M\u00e9dico Legal (IML), que apontou um Acidente Vascular Cerebral (AVC) sem causa definida como a causa da morte de Rodrigo.
\nLedur tamb\u00e9m n\u00e3o perdeu o cargo ou a farda. A Justi\u00e7a ainda pode avaliar se ela dever\u00e1 seguir medidas cautelares.
\nIzadora Ledur
\nTV Centro Am\u00e9rica
\nDesde a morte de Rodrigo, a Justi\u00e7a investiga se houve abusos por parte dos instrutores do curso de forma\u00e7\u00e3o.
\nO estudante do curso de forma\u00e7\u00e3o de soldados do Corpo de Bombeiros foi internado ap\u00f3s passar mal em uma aula na Lagoa Trevisan, em Cuiab\u00e1.
\nRodrigo Claro morreu em novembro de 2016
\nAnt\u00f4nio Claro\/Arquivo pessoal
\nRodrigo ficou em coma na Unidade de Tratamento Intensiva (UTI) de um hospital particular da capital e morreu cinco dias depois. O jovem fazia aula de instru\u00e7\u00e3o de salvamento quando passou mal.
\nSegundo den\u00fancia do Minist\u00e9rio P\u00fablico Estadual (MPE) a tenente Ledur, que era a instrutora do curso, usou de meios abusivos de natureza f\u00edsica e de natureza mental.
\nDepoimentos de outros alunos, da fam\u00edlia e testemunhas apontaram que Rodrigo disse que tinha medo da tenente e que dias da morte, durante outro treinamento, Ledur o empurrou na piscina.
\nRodrigo Claro e a m\u00e3e, Patr\u00edcia Claro
\nArquivo pessoal
\nOs amigos relataram que Rodrigo n\u00e3o era t\u00e3o bom na \u00e1gua, que tinha suas limita\u00e7\u00f5es, que durante a prova pediu pra parar, para desistir, mas que Ledur ficava dando ‘um caldo’ no aluno.
\nA morte de Rodrigo
\nEm mensagem enviada para a m\u00e3e, Rodrigo disse que estava com medo
\nReprodu\u00e7\u00e3o\/TVCA
\nRodrigo morreu no dia 15 de novembro de 2016, cinco dias ap\u00f3s passar mal em uma aula pr\u00e1tica na Lagoa Trevisan, em Cuiab\u00e1, na qual a tenente Izadora Ledur atuava como instrutora.
\nDe acordo com a den\u00fancia do Minist\u00e9rio P\u00fablico Estadual (MPE), Rodrigo demonstrou dificuldades para desenvolver atividades como flutua\u00e7\u00e3o, nado livre e outros exerc\u00edcios.
\nAinda segundo o \u00f3rg\u00e3o, depoimentos durante a investiga\u00e7\u00e3o apontam que ele foi submetido a intenso sofrimento f\u00edsico e mental com uso de viol\u00eancia. A atitude, segundo o MPE, teria sido a forma utilizada pela tenente para punir o aluno pelo mal desempenho.
\nRodrigo passou mal na aula pr\u00e1tica na Lagoa Trevisan, em Cuiab\u00e1
\nReprodu\u00e7\u00e3o\/TVCA
\nDurante a realiza\u00e7\u00e3o das aulas, Rodrigo queixou-se de dor de cabe\u00e7a. Ap\u00f3s a travessia a nado na lagoa, ele informou ao instrutor que n\u00e3o conseguiria terminar a aula.
\nEm seguida, segundo os bombeiros, ele foi liberado, retornou ao batalh\u00e3o e se apresentou \u00e0 coordena\u00e7\u00e3o do curso para relatar o problema de sa\u00fade. O jovem foi encaminhado a uma unidade de sa\u00fade e sofreu convuls\u00f5es, vindo a morrer alguns dias depois.<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"