{"id":59168,"date":"2025-04-14T11:18:13","date_gmt":"2025-04-14T14:18:13","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/agencia1\/59168"},"modified":"2025-04-14T11:18:13","modified_gmt":"2025-04-14T14:18:13","slug":"estudo-examina-efeito-do-ecstasy-no-trauma-dos-sobreviventes-do-ataque-do-hamas","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/agencia1\/59168","title":{"rendered":"Estudo examina efeito do ecstasy no trauma dos sobreviventes do ataque do Hamas"},"content":{"rendered":"
Menahem KAHANA <\/p>\n
A artilharia dos combates em Gaza soa \u00e0 dist\u00e2ncia enquanto Shye Klein-Weinstein caminha lentamente pelo memorial das quase 400 pessoas mortas no festival Nova, no sul de Israel, em 7 de outubro de 2023.<\/p>\n
O fot\u00f3grafo, de 28 anos, que sobreviveu ao ataque do Hamas, relembra como se desenrolaram os acontecimentos deste dia.<\/p>\n
Em alguns v\u00eddeos, est\u00e3o gravados os \u00faltimos minutos de vida de jovens que estavam no festival.<\/p>\n
Klein-Weinstein, que veio do Canad\u00e1 para Israel quatro meses antes do ataque, relembra um detalhe do festival: neste dia, ele consumiu ecstasy.<\/p>\n
Embora esteja traumatizado, a an\u00e1lise preliminar de um estudo realizado pela Universidade de Haifa, em Israel, sugere que o MDMA (ecstasy) consumido por algumas pessoas nas horas anteriores ao ataque pode ter agido como um amortecedor contra o trauma.<\/p>\n
“Fui para o Nova com meu primo e v\u00e1rios amigos (…). Foi meu primeiro festival de m\u00fasica”, relata Klein-Weinstein, que relembra que cada um tomou em m\u00e9dia um quarto da droga.<\/p>\n
– Novas descobertas –<\/p>\n
A Universidade de Haifa acompanhou 657 sobreviventes do Nova, tanto pessoas que usaram drogas quanto participantes que n\u00e3o usaram.<\/p>\n
Os resultados preliminares do estudo mostram que as pessoas sob o efeito do MDMA tiveram “resultados intermedi\u00e1rios significativamente melhores em compara\u00e7\u00e3o com os que estavam sob a influ\u00eancia de outras subst\u00e2ncias” ou que n\u00e3o haviam usado nenhuma droga.<\/p>\n
O estudo, que foi aceito recentemente para publica\u00e7\u00e3o na revista World Psychiatry, mostrou que o grupo que consumiu MDMA teve mais intera\u00e7\u00f5es sociais e uma melhor qualidade de sono depois do evento e isso “reduziu os n\u00edveis de ang\u00fastia” e a gravidade dos sintomas de estresse p\u00f3s-traum\u00e1tico.<\/p>\n
“Estas descobertas s\u00e3o \u00fanicas, \u00e9 algo que nunca foi relatado, porque nunca foi estudado antes, porque \u00e9 algo que nunca aconteceu”, diz Roee Admon, um dos pesquisadores que liderou o estudo.<\/p>\n
Admon explica que os estudos sobre o trauma est\u00e3o muito consolidados, mas que o ataque ocorrido no festival Nova abriu uma nova porta.<\/p>\n
“N\u00e3o sab\u00edamos nada sobre como o trauma se desenvolve quando, durante o evento traum\u00e1tico, a pessoa est\u00e1 sob influ\u00eancia de subst\u00e2ncias como a cannabis, o \u00e1lcool ou drogas psicod\u00e9licas como LSD e MDMA”, disse o especialista, que destaca que um evento massivo no qual 4.000 pessoas s\u00e3o expostas ao mesmo tempo a um trauma, tamb\u00e9m \u00e9 incomum.<\/p>\n
Admon afirma que gostaria de pensar que se algo traum\u00e1tico lhe ocorresse, gostaria de estar “no controle”, livre da influ\u00eancia de qualquer subst\u00e2ncia.<\/p>\n
No entanto, as descobertas v\u00e3o contra este pensamento. “\u00c9 muito surpreendente”, assegura.<\/p>\n
O pesquisador esclarece que, embora o MDMA tenha dado apoio aos sobreviventes do festival Nova, os efeitos do transtorno de estresse p\u00f3s-traum\u00e1tico continuam extremamente altos.<\/p>\n
Admon tamb\u00e9m apontou que o estudo est\u00e1 limitado pelo “vi\u00e9s do sobrevivente”, que exclui as pessoas mortas no ataque.<\/p>\n
– “A droga do amor” –<\/p>\n
No memorial do Nova, Klein-Weinstein relata que luta contra o trauma e segue em terapia. No entanto, acredita que ter consumido MDMA pode ter suavizado os sintomas.<\/p>\n
Por outro lado, ele enfatiza que n\u00e3o quer que as pessoas pensem que o MDMA os salvou ou “os protegeu”.<\/p>\n
“N\u00e3o conhe\u00e7o ningu\u00e9m que n\u00e3o morreu porque usou MDMA. Foram t\u00e3o vulner\u00e1veis quanto os demais, todos estiveram na mesma situa\u00e7\u00e3o”, diz.<\/p>\n
O sobrevivente destaca que o ecstasy \u00e9 conhecido como “a droga do amor” e afirma que “te faz querer abra\u00e7ar seus amigos, dan\u00e7ar, rir e sorrir”.<\/p>\n
“Quando tudo aconteceu, notei que n\u00e3o tinha medo por mim”, relembra.<\/p>\n
“A minha \u00fanica preocupa\u00e7\u00e3o era n\u00e3o poder ajudar meus amigos ou que algo acontecesse a eles, e que eu fosse totalmente in\u00fatil, incapaz de fazer algo, esse foi um sentimento horr\u00edvel, de falta de controle”, aponta. <\/p>\n
Vered Atzmon-Meshulam, uma psic\u00f3loga especialista em trauma e diretora da Divis\u00e3o de Resili\u00eancia da ONG israelense de atendimento p\u00f3s-desastres Zaka, disse \u00e0 AFP que n\u00e3o ficou surpresa com o estudo, pois pesquisas anteriores indicaram que o MDMA pode ajudar a tratar a s\u00edndrome do estresse p\u00f3s-traum\u00e1tico.<\/p>\n
“Precisamos passar para a pr\u00f3xima fase, que inclui tratamentos com subst\u00e2ncias psicod\u00e9licas para proporcionar um al\u00edvio real e generalizado, n\u00e3o apenas para as pessoas que estiveram no Nova, mas para muitas outras que sofrem de estresse p\u00f3s-traum\u00e1tico”, diz ela.<\/p>\n<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Klein-Weinstein, um imigrante do Canad\u00e1 que chegou a Israel apenas quatro meses antes do ataque, havia tomado ecstasy quando os milicianos lan\u00e7aram o ataqueMenahem Kahana Menahem KAHANA A artilharia dos combates em Gaza soa \u00e0 dist\u00e2ncia enquanto Shye Klein-Weinstein caminha lentamente pelo memorial das quase 400 pessoas mortas no festival… Continue lendo