{"id":59020,"date":"2025-04-14T09:38:14","date_gmt":"2025-04-14T12:38:14","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/agencia1\/59020"},"modified":"2025-04-14T09:38:14","modified_gmt":"2025-04-14T12:38:14","slug":"atendimento-psiquiatrico-na-ucrania-a-beira-do-colapso-devido-a-guerra","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/agencia1\/59020","title":{"rendered":"Atendimento psiqui\u00e1trico na Ucr\u00e2nia \u00e0 beira do colapso devido \u00e0 guerra"},"content":{"rendered":"
Ivan SAMOILOV <\/p>\n
Enquanto drones e m\u00edsseis russos rasgavam o c\u00e9u e as defesas a\u00e9reas trovejavam na Ucr\u00e2nia, Olga Klimova dormia profundamente em um hospital psiqui\u00e1trico superlotado na Ucr\u00e2nia. <\/p>\n
“Tomo meus rem\u00e9dios e durmo profundamente. N\u00e3o ou\u00e7o nada”, diz a mulher de 44 anos, rindo. <\/p>\n
Em seus sonhos, lembra de sua cidade: Kiselivka, no sul da regi\u00e3o de Kherson. <\/p>\n
Klimova, que sofre de esquizofrenia, foi evacuada centenas de quil\u00f4metros ao norte para um hospital psiqui\u00e1trico na cidade central de Poltava, onde permanece. <\/p>\n
Ela n\u00e3o tem not\u00edcias de seus familiares, muitos deles idosos, desde o in\u00edcio do conflito. <\/p>\n
“Eles sabem que estou em Poltava. Estou esperando a guerra acabar para v\u00ea-los”, disse \u00e0 AFP.<\/p>\n
– Novos pacientes –<\/p>\n
A Ucr\u00e2nia transferiu milhares de pacientes de hospitais psiqui\u00e1tricos durante a guerra, segundo m\u00e9dicos consultados pela AFP.<\/p>\n
Al\u00e9m dos pacientes existentes, a devasta\u00e7\u00e3o deu origem a uma enorme crise de sa\u00fade mental, tanto entre a popula\u00e7\u00e3o militar quanto civil. <\/p>\n
A Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade (OMS) estima que 9,6 milh\u00f5es de ucranianos correm o risco de viver com um problema de sa\u00fade mental, quase um quarto da popula\u00e7\u00e3o pr\u00e9-guerra. <\/p>\n
O sistema p\u00fablico de psiquiatria est\u00e1 sobrecarregado. <\/p>\n
Oles Teliukov, m\u00e9dico do hospital psiqui\u00e1trico de Poltava, teme que a crise do sistema piore antes do fim da guerra.<\/p>\n
– Falta de medicamentos –<\/p>\n
Cerca de 10% dos 712 pacientes do hospital foram deslocados pelos conflitos, principalmente das regi\u00f5es de Kherson, Donetsk, Luhansk e Kharkiv. <\/p>\n
Entre eles estavam evacuados de Kherson, como Olga Beketova, de 47 anos, que tamb\u00e9m sofre de esquizofrenia. Ela lembra de ter ficado sem medica\u00e7\u00e3o por semanas quando a regi\u00e3o de Kherson estava sob ocupa\u00e7\u00e3o russa e houve uma grave escassez. <\/p>\n
Em maio de 2022, sofreu uma convuls\u00e3o em casa e foi levada ao hospital de Kherson, antes de ser transferida para Poltava quando as for\u00e7as ucranianas retomaram a cidade em novembro daquele ano. <\/p>\n
Apoiada em uma bengala, contou \u00e0 AFP que sofreu um derrame em 2024, que atribuiu a “toda a ansiedade”. <\/p>\n
Em meio \u00e0 escassez de medicamentos, a maioria importada, algumas organiza\u00e7\u00f5es estrangeiras de ajuda come\u00e7aram a fornec\u00ea-los.<\/p>\n
– Mulheres traumatizadas –<\/p>\n
O Dr. Teliukov relembrou a chegada de pacientes em 2022, muitos sem pertences pessoais ou documentos. <\/p>\n
Os casos mais dif\u00edceis, em sua opini\u00e3o, s\u00e3o aqueles que n\u00e3o conseguem falar sobre o sofrimento que viveram, nem com a fam\u00edlia nem com os m\u00e9dicos. <\/p>\n
Teliukov tamb\u00e9m enfrenta um tsunami de desordens entre os soldados. <\/p>\n
Ele descreveu como cuidou de uma militar traumatizada por um bombardeio russo em setembro de 2024, que matou 59 pessoas, e de outra que ficou detida por seis meses em uma pris\u00e3o russa. <\/p>\n
Ele suspeita que esta \u00faltima tenha sofrido viol\u00eancia sexual, mas que n\u00e3o parecia confiar nele inteiramente. <\/p>\n
Os quartos da sua se\u00e7\u00e3o s\u00e3o identificados por cores, n\u00e3o por n\u00fameros. <\/p>\n
“\u00c9 para evitar a estigmatiza\u00e7\u00e3o, para acabar com a burocracia”, diz o psiquiatra. <\/p>\n
Na sala “rosa”, Klimova, entre muitos pacientes, despede-se da equipe da AFP.<\/p>\n<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Hospital Psiqui\u00e1trico de Poltava, Ucr\u00e2nia, em 19 de mar\u00e7o de 2025Ivan Samoilov Ivan SAMOILOV Enquanto drones e m\u00edsseis russos rasgavam o c\u00e9u e as defesas a\u00e9reas trovejavam na Ucr\u00e2nia, Olga Klimova dormia profundamente em um hospital psiqui\u00e1trico superlotado na Ucr\u00e2nia. “Tomo meus rem\u00e9dios e durmo profundamente. N\u00e3o ou\u00e7o nada”, diz… Continue lendo