{"id":57816,"date":"2025-04-12T15:38:53","date_gmt":"2025-04-12T18:38:53","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/agencia1\/57816"},"modified":"2025-04-12T15:38:53","modified_gmt":"2025-04-12T18:38:53","slug":"abril-marrom-caminhada-de-bengala-reforca-apelo-por-inclusao-e-visibilidade-das-pessoas-com-deficiencia-visual","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/agencia1\/57816","title":{"rendered":"Abril Marrom: Caminhada de Bengala refor\u00e7a apelo por inclus\u00e3o e visibilidade das pessoas com defici\u00eancia visual"},"content":{"rendered":"
Em uma sociedade que ainda aprende a enxergar al\u00e9m das apar\u00eancias, \u00e9 preciso caminhar para ser visto. Foi com esse esp\u00edrito que, na manh\u00e3 deste s\u00e1bado (12), um grupo de pessoas com defici\u00eancia visual, familiares, ativistas e volunt\u00e1rios se reuniu em frente \u00e0 Prefeitura Municipal de Feira de Santana para a \u201cCaminhada de Bengala\u201d<\/strong>. Organizado pelas institui\u00e7\u00f5es Retina Bahia, ADAV e Bengala Verde, o ato teve como objetivo promover conscientiza\u00e7\u00e3o, respeito e empatia.<\/p>\n A iniciativa integra a Campanha Abril Marrom, voltada \u00e0 preven\u00e7\u00e3o e combate \u00e0 cegueira, al\u00e9m da valoriza\u00e7\u00e3o da diversidade visual, um chamado coletivo para que a sociedade reconhe\u00e7a os direitos e os desafios enfrentados por quem vive com baixa vis\u00e3o ou cegueira. Mais do que um instrumento de locomo\u00e7\u00e3o, a bengala segue sendo s\u00edmbolo de autonomia, dignidade e resist\u00eancia.<\/p>\n Al\u00e9m da caminhada, o evento contou com uma palestra sobre Orienta\u00e7\u00e3o e Mobilidade, promovida pela ONG Bengala Verde, e uma aula de alongamento com educador f\u00edsico.<\/p>\n \u201cA Bengala Verde vem para conscientizar \u00e0 sociedade que existem pessoas que veem e enxergam de forma diferente\u201d, disse a presidente da Retina Brasil, Angela Maria de Souza Bezerra.<\/p>\n Ao Acorda Cidade, Angela destacou que h\u00e1 v\u00e1rios tipos de defici\u00eancia visual e que, muitas vezes, n\u00e3o \u00e9 vis\u00edvel aos olhos da sociedade.<\/p>\n \u201cTem pessoas que conseguem ver um pouco melhor \u00e0 noite, outros durante o dia. Outros t\u00eam vis\u00e3o central, outros perif\u00e9rica\u201d, explicou. O movimento, segundo ela, quer mostrar que essas pessoas est\u00e3o nas ruas, s\u00e3o cidad\u00e3, produtivas, independente de possu\u00edrem uma defici\u00eancia. \u201cA maioria aqui tem gradua\u00e7\u00e3o, mestrado, doutorado, tem v\u00e1rias profiss\u00f5es, que eles saibam, se conscientizem de que a pessoa com baixa vis\u00e3o existe para fazer a diferen\u00e7a\u201d, afirmou.<\/p>\n Cec\u00edlia Cabral de Vasconcelos, de 30 anos, veio de S\u00e3o Paulo para participar da caminhada e trouxe um depoimento potente sobre sua viv\u00eancia com a baixa vis\u00e3o. \u201cEu uso leitor de tela, que \u00e9 uma voz que fala com o computador e com o celular, porque eu n\u00e3o enxergo tela de celular, de computador, eu n\u00e3o consigo ler uma carta. Ent\u00e3o eu tenho que usar uma adapta\u00e7\u00e3o tecnol\u00f3gica. E na rua eu uso bengala porque eu tamb\u00e9m \u00e0s vezes trope\u00e7o\u201d, contou.<\/p>\n Cec\u00edlia convive com uma doen\u00e7a degenerativa na retina (a \u00faltima parte do olho) desde o primeiro ano de vida. Ao longo dos anos, sua vis\u00e3o foi se agravando. H\u00e1 nove anos ela usa bengala. Antes de adquirir o equipamento, ela j\u00e1 se machucou bastante, caindo, trope\u00e7ando; tamb\u00e9m n\u00e3o reconhecia as pessoas a uma longa dist\u00e2ncia e nem enxergava com luz baixa.<\/p>\n \u201cEu gosto muito da bengala. Ela d\u00e1 autonomia e independ\u00eancia para a pessoa com defici\u00eancia visual. Quando eu n\u00e3o usava a bengala, as pessoas achavam que eu estava fingindo. Eu era mais nova ainda. Diziam, \u2018ela est\u00e1 fingindo, est\u00e1 exagerando\u2019. Achavam que era imposs\u00edvel, que eu estava exagerando. J\u00e1 me disseram: \u2018Ah, ela olha dentro do olho das pessoas, n\u00e3o usa \u00f3culos escuros\u2019\u201d, desabafou Cec\u00edlia, destacando que a falta de informa\u00e7\u00e3o \u00e9 um problema gigantesco que refor\u00e7a viol\u00eancias e estere\u00f3tipos para as pessoas com defici\u00eancia visual.<\/p>\n A presidente da Retina Bahia, Marinalva Batista da Cruz, de Itabuna, tamb\u00e9m ajudou a organizar a Caminhada de Bengala. Ela, que tamb\u00e9m tem baixa vis\u00e3o, refor\u00e7ou o papel da bengala verde na identifica\u00e7\u00e3o das pessoas que vivem com essa condi\u00e7\u00e3o.<\/p>\n \u201cA gente est\u00e1 conscientizando as pessoas sobre o uso da bengala verde, que \u00e9 uma identidade da pessoa com baixa vis\u00e3o. [\u2026] A defici\u00eancia est\u00e1 muito atr\u00e1s das apar\u00eancias. A gente precisa ser vistos, compreendidos e n\u00e3o vistos como charlat\u00f5es que querem usufruir de direitos ou benef\u00edcios\u201d, alertou.<\/p>\n Para Rosilene Costa, presidente do Conselho da Pessoa com Defici\u00eancia de Feira de Santana, os obst\u00e1culos enfrentados por pessoas com defici\u00eancia come\u00e7am na estrutura da cidade. \u201cA cidade ainda n\u00e3o est\u00e1 preparada para que eles tenham todos os seus direitos garantidos, ou seja, n\u00e3o s\u00e3o as pessoas com defici\u00eancia que t\u00eam que se modificar para estar no ambiente, \u00e9 a cidade que tem que se modificar para que eles tenham acesso a tudo\u201d, afirmou.<\/p>\n Ela tamb\u00e9m destacou atitudes simples que fazem toda a diferen\u00e7a. \u201cTem um piso t\u00e1til, que \u00e9 uma marca\u00e7\u00e3o no ch\u00e3o para orientar a pessoa com defici\u00eancia visual. A pessoa que n\u00e3o tem defici\u00eancia visual, n\u00e3o fique no local do piso. Tem que estar livre para que eles possam passar a bengala. Quando v\u00ea algu\u00e9m de bengala, abre o caminho para que ele possa passar e n\u00e3o trope\u00e7ar. Ent\u00e3o, acho que se as pessoas respeitarem as pessoas com defici\u00eancia, vamos ter uma vida melhor, uma sociedade mais justa\u201d, completou.<\/p>\n Com informa\u00e7\u00f5es do rep\u00f3rter Ed Santos do Acorda Cidade<\/em><\/p>\n Siga o Acorda Cidade no<\/em>\u00a0Google Not\u00edcias<\/em><\/strong>\u00a0e receba os principais destaques do dia. Participe tamb\u00e9m dos nossos canais no\u00a0<\/em>WhatsApp<\/em><\/strong>\u00a0e\u00a0<\/em>Youtube<\/strong>\u00a0e grupo de\u00a0<\/em>Telegram<\/em><\/strong>.<\/em><\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Foto: Ed Santos\/Acorda Cidade Em uma sociedade que ainda aprende a enxergar al\u00e9m das apar\u00eancias, \u00e9 preciso caminhar para ser visto. Foi com esse esp\u00edrito que, na manh\u00e3 deste s\u00e1bado (12), um grupo de pessoas com defici\u00eancia visual, familiares, ativistas e volunt\u00e1rios se reuniu em frente \u00e0 Prefeitura Municipal de… Continue lendo \u201cJ\u00e1 me disseram que eu estava fingindo\u201d<\/h2>\n
Inclus\u00e3o \u00e9 um dever da cidade<\/h2>\n