{"id":57755,"date":"2025-04-12T14:38:23","date_gmt":"2025-04-12T17:38:23","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/agencia1\/57755"},"modified":"2025-04-12T14:38:23","modified_gmt":"2025-04-12T17:38:23","slug":"aos-gritos-de-pm-assassina-protesto-contra-morte-de-senegales-e-reprimido-com-bombas-em-sp","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/agencia1\/57755","title":{"rendered":"Aos gritos de \u2018PM assassina\u2019, protesto contra morte de senegal\u00eas \u00e9 reprimido com bombas em SP"},"content":{"rendered":"
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Centenas de imigrantes senegaleses sa\u00edram \u00e0s ruas neste s\u00e1bado (12) na regi\u00e3o do Br\u00e1s, em S\u00e3o Paulo, para protestar contra a morte de Ngange Mbaye. O ato terminou com a Pol\u00edcia Militar reprimindo os manifestantes com bombas de g\u00e1s lacrimog\u00eanio.<\/p>\n

O trabalhador ambulante foi atingido no peito por um oficial da Pol\u00edcia Militar (PM) na tarde desta sexta-feira (11), ap\u00f3s ter sua mercadoria apreendida pelos agentes. Ele foi levado de ambul\u00e2ncia at\u00e9 o hospital Santa Casa de Miseric\u00f3rdia, mas n\u00e3o resistiu. O senegal\u00eas deixou a esposa e dois filhos.<\/p>\n

O ato pac\u00edfico desta manh\u00e3 da comunidade senegalesa, em grande parte ambulantes como Mbaye, se concentrou no largo da Conc\u00f3rdia e, a partir das 10h, percorreu as ruas do bairro comercial com gritos de \u201cpol\u00edcia assassina e racista\u201d.<\/p>\n

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Com grande efetivo, incluindo agentes do Batalh\u00e3o de A\u00e7\u00f5es Especiais de Pol\u00edcia (BAEP) e da Cavalaria, a pol\u00edcia acompanhou a manifesta\u00e7\u00e3o durante todo seu trajeto. No fim, com escudos, bombas e armas, os agentes dispersaram a multid\u00e3o ap\u00f3s supostamente terem sido atingidos por um objeto. At\u00e9 agora, n\u00e3o h\u00e1 informa\u00e7\u00f5es sobre feridos.<\/p>\n

\u201cTudo estava bem at\u00e9 o \u00faltimo momento. Eles jogaram bomba na gente com choque, com cavalos, uma coisa muito bizarra\u201d, explica a atriz e ativista Mariama Bah, que nasceu em G\u00e2mbia e cuja fam\u00edlia se encontra na regi\u00e3o de Casamance, no sul do Senegal.<\/p>\n

\u201cSe o Brasil n\u00e3o est\u00e1 disposto a receber imigrantes, ou a dar condi\u00e7\u00f5es, que n\u00e3o receba. \u00c9 em nome da democracia que nos matam. E uma democracia seletiva, em cima de nossos corpos. Tem que parar. Porque os corpos n\u00e3o s\u00e3o tratados do mesmo jeito? O povo senegal\u00eas quer respeito\u201d, bradou Bah em seu discurso durante a manifesta\u00e7\u00e3o, acompanhada pelo Brasil de Fato<\/strong> desde o in\u00edcio.<\/p>\n

Como\u00e7\u00e3o e revolta<\/strong><\/p>\n

No decorrer de todo o ato, tamb\u00e9m convocado pelo Sindicato dos Camel\u00f4s Independentes de S\u00e3o Paulo, os senegaleses exibiam cartazes com pedidos de justi\u00e7a por Mbaye. Familiares e amigos do senegal\u00eas estavam visivelmente emocionados. <\/p>\n

Ali Kabae trabalhava ao lado de Ngange nas ruas do Br\u00e1s. Ele explica porque saiu \u00e0s ruas na manh\u00e3 deste s\u00e1bado. \u201cHoje eu vim aqui muito triste porque ontem o policial matou nosso irm\u00e3o. Ele era trabalhador, n\u00e3o era ladr\u00e3o. Morava aqui h\u00e1 mais de 10 anos. A pol\u00edcia aqui trata o Senegal como animal\u201d, coloca o senegal\u00eas.<\/p>\n

Segundo Kabae, o racismo est\u00e1 por tr\u00e1s da a\u00e7\u00e3o policial que tirou a vida de seu amigo. \u201cTodo mundo do Senegal est\u00e1 aqui, revoltado. N\u00e3o viemos aqui para brigar. Viemos falar o que estamos sentindo. O policial aqui no Brasil n\u00e3o gosta de negro mesmo. Meu cora\u00e7\u00e3o t\u00e1 muito triste\u201d, completa o trabalhador.<\/p>\n

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Senegaleses veem racismo na a\u00e7\u00e3o da Pol\u00edcia Militar que resultou na morte de Ngange Mbaye Foto: Pedro Stropasolas\/Brasil de Fato<\/figcaption><\/figure>\n

Apoio de ambulantes brasileiros<\/strong><\/p>\n

Um v\u00eddeo\u00a0de ontem que circula nas redes sociais mostra um grupo de ao menos oito policiais abordando Mbaye de forma brusca para apreender sua mercadoria. O senegal\u00eas puxa o carrinho que carregava os produtos, tentando se proteger, e passa a ser agredido com cassetete por v\u00e1rios dos policiais. O ambulante revida com uma barra de ferro e tenta fugir com o carrinho. Nesse momento, um dos policiais atira no trabalhador.<\/p>\n

Durante o ato desta manh\u00e3, ambulantes brasileiros tamb\u00e9m estiveram no ato em solidariedade a Mbaye e contra a a\u00e7\u00e3o truculenta da pol\u00edcia. Uma das presentes era Rita Silva, que trabalhava pr\u00f3ximo ao senegal\u00eas pouco antes da sua morte.<\/p>\n

A ambulante relata como come\u00e7ou a abordagem policial. \u201cO cara tava almo\u00e7ando com o carrinho fechado. Eles (os policiais) vieram, cresceram o olho em cima do carrinho dele. O senegal\u00eas tentou tirar o carro, eles vieram pra cima e meteram bala nele. Ele j\u00e1 caiu quase morto. N\u00f3s quis defender ele e levar pro m\u00e9dico, mas eles n\u00e3o deixaram. Deram risada em cima do corpo do cara\u201d, relembra a trabalhadora.<\/p>\n

Ela tamb\u00e9m acredita que a abordagem que levou a morte do imigrante foi racista. \u201cEles (pol\u00edcia) vem em cima dos senegaleses. Se fosse um brasileiro n\u00e3o iam fazer isso. \u00c9 porque eles s\u00e3o negros, vieram de fora. \u00c9 racismo. Fora pol\u00edcia da rua, porque eles v\u00e3o matar outros. Eles (pol\u00edcia) trocam a vida por mercadoria\u201d, pontua a trabalhadora.<\/p>\n

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Revoltados e emocionados, ambulantes brasileiros e senegaleses se uniram contra a viol\u00eancia da PM Foto: Pedro Stropasolas\/Brasil de Fato<\/figcaption><\/figure>\n

H\u00e1 16 anos no Brasil, Khady Dioum \u00e9 uma das lideran\u00e7as entre os ambulantes senegaleses que atuam no centro de S\u00e3o Paulo. Ela ficou surpresa com a trucul\u00eancia da a\u00e7\u00e3o. \u201cQuando veio a ambul\u00e2ncia, n\u00e3o deixaram ningu\u00e9m entrar junto com ele. Porque fizeram isso? Porque sabiam que ele estava morto. Ele atirou e colocou bomba de g\u00e1s na cara dele. Eu nunca vi isso na vida\u201d, explica.<\/p>\n

\u201cEle era muito legal, um cora\u00e7\u00e3o muito bom. Ele foi na mesquita fazer ora\u00e7\u00e3o, depois saiu pra comprar comida, quando chegou n\u00e3o tinha nem armado a mercadoria. N\u00f3s africanos n\u00e3o viemos pra c\u00e1 para perder nossa vida. Agora precisamos de justi\u00e7a\u201d, lamenta Dioum.<\/p>\n

Outro lado<\/strong><\/p>\n

Em nota enviada ao Brasil de Fato<\/strong>, a Secretaria de Seguran\u00e7a P\u00fablica do estado de S\u00e3o Paulo (SSP-SP) informou que a Pol\u00edcia Militar instaurou um inqu\u00e9rito para investigar o ocorrido e afastou das atividades operacionais o agente envolvido na morte de Mbaye.<\/p>\n

\u201cO homem, que agrediu um policial militar com uma barra de ferro, foi socorrido \u00e0 Santa Casa de Miseric\u00f3rdia, mas n\u00e3o resistiu ao ferimento. A barra utilizada na agress\u00e3o foi apreendida, assim como a arma do agente. A ocorr\u00eancia foi registrada no 8\u00ba Distrito Policial como morte decorrente de interven\u00e7\u00e3o policial e tentativa de homic\u00eddio. O caso ser\u00e1 investigado pelo Departamento de Homic\u00eddios e Prote\u00e7\u00e3o \u00e0 Pessoa (DHPP)\u201d, diz o texto.<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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