Comunicado divulgado pela representa\u00e7\u00e3o americana em portugu\u00eas \u00e9 atribu\u00eddo \u00e0 Casa Branca. Brasil disse que ‘tarifa\u00e7o’ viola acordos e que pode acionar OMC. A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil divulgou nesta quinta-feira (3) um comunicado no qual citou o Brasil entre os pa\u00edses que “sufocam” parte da economia americana, acrescentando que o presidente Donald Trump n\u00e3o permitir\u00e1 que o pa\u00eds seja “explorado”.
\nO comunicado, em portugu\u00eas, \u00e9 atribu\u00eddo \u00e0 Casa Branca e foi divulgado um dia ap\u00f3s Trump ter anunciado, em Washington, tarifas a produtos importados vendidos para os Estados Unidos.
\nTrump mostra tabela do tarifa\u00e7o por pa\u00eds
\nBrendan Mialowski\/AFP
\nNo caso dos produtos brasileiros, a tarifa ser\u00e1 de 10%, a mesma anunciada para o Reino Unido. Europa (20%) e China (34%) ficaram com tarifas ainda maiores.
\n“Certos pa\u00edses, como Argentina, Brasil, Equador e Vietn\u00e3, restringem ou pro\u00edbem a importa\u00e7\u00e3o de bens remanufaturados, restringindo o acesso ao mercado para exportadores dos EUA, ao mesmo tempo em que sufocam os esfor\u00e7os para promover a sustentabilidade, desencorajando o com\u00e9rcio de produtos quase novos e com uso eficiente de recursos”, afirma o comunicado divulgado pela embaixada.
\nReduzir o d\u00e9ficit
\nO comunicado faz men\u00e7\u00e3o \u00e0 exist\u00eancia de d\u00e9ficit comercial \u2013 quando um pa\u00eds importa mais de outro pa\u00eds do que exporta para este pa\u00eds \u2013 como justificativa para a ado\u00e7\u00e3o das medidas.
\n“O presidente Trump se recusa a permitir que os EUA sejam explorados e acredita que as tarifas s\u00e3o necess\u00e1rias para garantir com\u00e9rcio justo, proteger trabalhadores americanos e reduzir o d\u00e9ficit comercial”, acrescenta o documento, em outro ponto.
\n‘Tarifa\u00e7o’ de Trump derruba d\u00f3lar e bolsas dos EUA, Europa e \u00c1sia
\nAinda segundo o comunicado, Donald Trump buscar\u00e1 “nivelar” a economia para empresas e trabalhadores americanos, confrontando o que chama de “disparidades tarif\u00e1rias injustas”, al\u00e9m de barreiras n\u00e3o tarif\u00e1rias impostas por outros pa\u00edses. A Casa Branca entende que os pa\u00edses “t\u00eam se aproveitado dos EUA”.
\nSegundo o governo brasileiro, por\u00e9m, a rela\u00e7\u00e3o com os Estados Unidos \u00e9 superavit\u00e1ria para os americanos. Isto \u00e9, os Estados Unidos exportam mais para o Brasil do que importam, em valor agregado. No com\u00e9rcio internacional, isso representa uma posi\u00e7\u00e3o favor\u00e1vel para os EUA.
\nSegundo o Itamaraty, dados do pr\u00f3prio governo norte-americano mostram que o super\u00e1vit comercial dos EUA com o Brasil em 2024 foi de cerca de US$ 7 bilh\u00f5es, somente em bens. Somados bens e servi\u00e7os, o super\u00e1vit chegou a US$ 28,6 bilh\u00f5es no ano passado.
\n“Trata-se do terceiro maior super\u00e1vit comercial daquele pa\u00eds em todo o mundo”, afirma o governo federal.
\nA rea\u00e7\u00e3o brasileira
\nNesta quinta-feira (3), o presidente Luiz In\u00e1cio Lula da Silva comentou o tema durante evento em Bras\u00edlia, anunciando que o governo brasileiro ir\u00e1 responder a qualquer iniciativa protecionista e mencionando a lei recentemente aprovada pelo Congresso autorizando medidas de reciprocidade.
\n“Somos um pa\u00eds que n\u00e3o tolera amea\u00e7a \u00e0 democracia, que n\u00e3o abre m\u00e3o de sua soberania, que n\u00e3o bate contin\u00eancia para nenhuma outra bandeira que n\u00e3o seja a bandeira verde e amarela, que fala de igual para igual e que respeita todos os pa\u00edses \u2014 dos mais pobres aos mais ricos \u2014, mas que exige reciprocidade no tratamento”, afirmou o presidente.
\nUm dia ap\u00f3s ‘tarifa\u00e7o’ de Trump, Lula cita Lei da reciprocidade e fala que Brasil “n\u00e3o bate contin\u00eancia”
\nEm comunicado conjunto da Secretaria de Comunica\u00e7\u00e3o Social da Presid\u00eancia e pelos minist\u00e9rios das Rela\u00e7\u00f5es Exteriores e do Desenvolvimento, Ind\u00fastria e Com\u00e9rcio, divulgado ainda na quarta-feira e ap\u00f3s o an\u00fancio americano, o governo brasileiro disse que o “tarifa\u00e7o” viola os compromissos assumidos pelos EUA na Organiza\u00e7\u00e3o Mundial do Com\u00e9rcio (OMC) e pode causar preju\u00edzos expressivos ao com\u00e9rcio bilateral.
\nConforme a nota, a nova tarifa, somada a outras j\u00e1 em vigor, ter\u00e1 impacto direto sobre todas as exporta\u00e7\u00f5es de bens do Brasil para os Estados Unidos \u2013 o pa\u00eds \u00e9 o segundo maior parceiro comercial do Brasil no mundo, atr\u00e1s somente da China.
\n“\u00c0 luz do impacto efetivo das medidas sobre as exporta\u00e7\u00f5es brasileiras e em linha com seu tradicional apoio ao sistema multilateral de com\u00e9rcio, o governo do Brasil buscar\u00e1, em consulta com o setor privado, defender os interesses dos produtores nacionais junto ao governo dos Estados Unidos”, afirmou o comunicado conjunto.
\n“Ao mesmo tempo em que se mant\u00e9m aberto ao aprofundamento do di\u00e1logo estabelecido ao longo das \u00faltimas semanas com o governo norte-americano para reverter as medidas anunciadas […], o governo brasileiro avalia todas as possibilidades de a\u00e7\u00e3o para assegurar a reciprocidade no com\u00e9rcio bilateral, inclusive recurso \u00e0 Organiza\u00e7\u00e3o Mundial do Com\u00e9rcio, em defesa dos leg\u00edtimos interesses nacionais”, acrescentou o governo brasileiro.<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"