{"id":45817,"date":"2025-03-30T12:13:10","date_gmt":"2025-03-30T15:13:10","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/agencia1\/45817"},"modified":"2025-03-30T12:13:10","modified_gmt":"2025-03-30T15:13:10","slug":"novas-tecnologias-ajudam-a-reforcar-a-repressao-na-turquia","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/agencia1\/45817","title":{"rendered":"Novas tecnologias ajudam a refor\u00e7ar a repress\u00e3o na Turquia"},"content":{"rendered":"
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O logo do Instagram \u00e9 observado em um celular sobre o fundo da bandeira turca, em 2 de agosto de 2024, em IstambulYasin Akgul <\/span><\/figcaption><\/figure>\n

Yasin AKGUL <\/p>\n

As autoridades turcas recorreram a todos os meios tecnol\u00f3gicos ao seu alcance para frear os protestos que sacodem o pa\u00eds, desde restringir o acesso \u00e0 rede at\u00e9 o reconhecimento facial para identificar os manifestantes, que se veem obrigados a se adaptar. <\/p>\n

Cerca de 2.000 pessoas foram presas na Turquia desde 19 de mar\u00e7o durante os protestos, proibidos pelas autoridades, para denunciar a pris\u00e3o do prefeito de Istambul por “corrup\u00e7\u00e3o”. <\/p>\n

Al\u00e9m dos presos nas manifesta\u00e7\u00f5es, muitos outros foram presos em suas casas, identificados com fotos tiradas pela pol\u00edcia durante as manifesta\u00e7\u00f5es. <\/p>\n

Mais de dez jornalistas que cobrem os protestos, incluindo o fot\u00f3grafo da AFP, Yasin Akgul, libertado na quinta-feira, foram acusados de participar de uma manifesta\u00e7\u00e3o proibida ap\u00f3s terem sido identificados por essas tecnologias. <\/p>\n

Para Orhan Sener, um pesquisador especializado em tecnologia digital, a chegada dessas ferramentas marca uma mudan\u00e7a importante comparada a 2013, quando o movimento Gezi, que come\u00e7ou com a prote\u00e7\u00e3o de um parque em Istambul, se tornou um protesto generalizado contra o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.<\/p>\n

“A capacidade das pol\u00edcias em termos de tecnologia da informa\u00e7\u00e3o aumentou consideravelmente desde ent\u00e3o. Durante o movimento Gezi, os opositores dominavam as redes sociais e a pol\u00edcia n\u00e3o conseguia identific\u00e1-los”, relatou um pesquisador. <\/p>\n

“Mas agora, quando voc\u00ea participa de uma manifesta\u00e7\u00e3o na Turquia, seu rosto \u00e9 reconhecido por uma c\u00e2mera e um sistema cruza essa informa\u00e7\u00e3o com seu perfil nas redes sociais”, acrescentou. <\/p>\n

– Mascarados –<\/p>\n

Diante desse risco, muitos manifestantes cobrem o rosto e a cabe\u00e7a com m\u00e1scaras, cachec\u00f3is ou chap\u00e9us. <\/p>\n

Em Istambul, a pol\u00edcia exigiu v\u00e1rias vezes que se descobrissem para poder filmar seus rostos e deix\u00e1-los passar, provocando ansiedade e ang\u00fastia entre os manifestantes mais jovens, constatou a AFP. <\/p>\n

“Cada m\u00e9todo de press\u00e3o gera seu ant\u00eddoto. Em breve, veremos mais roupas, \u00f3culos e maquiagens para neutralizar as tecnologias de reconhecimento facial”, antecipou Arif Kosar, especialista no impacto social das novas tecnologias. <\/p>\n

“Mas n\u00e3o acredito que o reconhecimento facial seja o principal fator de press\u00e3o. O uso da desinforma\u00e7\u00e3o para manchar, neutralizar e dividir as manifesta\u00e7\u00f5es exerce um papel mais cr\u00edtico”, opinou o pesquisador. <\/p>\n

O presidente Erdogan acusa os manifestantes de espalhar “o terror nas ruas”, de “vandalismo” e de ter atacado uma mesquita e saqueado um t\u00famulo, o que os opositores negam. <\/p>\n

“Os regimes autorit\u00e1rios sabem utilizar a internet a seu favor. Encontraram a forma de censur\u00e1-la. Mas, sobretudo, de utiliz\u00e1-la para sua propaganda”, explicou Sener. <\/p>\n

– “Estado de vigil\u00e2ncia” –<\/p>\n

Ap\u00f3s a pris\u00e3o do prefeito de Istambul, as autoridades turcas come\u00e7aram a reduzir a velocidade da banda larga para os internautas da cidade, deixando as redes sociais inacess\u00edveis durante 42 horas. <\/p>\n

Tamb\u00e9m exigiram que o X encerrasse mais de 700 contas de opositores, anunciou a plataforma. <\/p>\n

“N\u00e3o h\u00e1 nenhuma decis\u00e3o judicial para reduzir a velocidade da banda larga ou bloquear as contas no X. Essas medidas foram adotadas de forma arbitr\u00e1ria”, reclamou Yaman Akdeniz, jurista e presidente da Associa\u00e7\u00e3o da Liberdade de Express\u00e3o. <\/p>\n

Fez refer\u00eancia a uma normativa em prepara\u00e7\u00e3o que obrigaria os servi\u00e7os de mensagem, como WhatsApp, Signal e Telegram, a abrir um escrit\u00f3rio na Turquia e informar as autoridades a identidade de seus usu\u00e1rios. <\/p>\n

“Estamos a caminho de um Estado de vigil\u00e2ncia”, lamentou. <\/p>\n

Desde 2020, os dados sobre as atividades online e a identidade dos internautas s\u00e3o comunicadas pelos provedores de servi\u00e7o \u00e0 Autoridade Turca de Tecnologias da Informa\u00e7\u00e3o e Comunica\u00e7\u00e3o (BTK), revelou em 2022 o site Medyascope. <\/p>\n

“Pela lei, a BTK s\u00f3 pode guardar por dois anos os dados recolhidos. No entanto, vimos que foram fornecidos dados de dez anos atr\u00e1s aos promotores durante a investiga\u00e7\u00e3o sobre o prefeito de Istambul”, afirma Akdeniz. <\/p>\n

Alertou que isso abre o caminho para “pr\u00e1ticas arbitr\u00e1rias”.<\/p>\n

“O ativismo no mundo real e na internet costumam ser dois mundos diferentes, agora est\u00e3o entrela\u00e7ados”, segundo Sener. <\/p>\n

Com o reconhecimento facial, “o governo busca dissuadir aos manifestantes de participar de manifesta\u00e7\u00f5es enquanto dificulta sua mobiliza\u00e7\u00e3o nas redes sociais”, resumiu. <\/p>\n<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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