{"id":43186,"date":"2025-03-27T03:13:18","date_gmt":"2025-03-27T06:13:18","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/agencia1\/43186"},"modified":"2025-03-27T03:13:18","modified_gmt":"2025-03-27T06:13:18","slug":"nosso-corpo-pode-se-tornar-intolerante-a-carne","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/agencia1\/43186","title":{"rendered":"Nosso corpo pode se tornar intolerante \u00e0 carne?"},"content":{"rendered":"

\u00c9 poss\u00edvel ser al\u00e9rgico \u00e0 carne, embora seja muito raro. Mas n\u00e3o existem muitas pesquisas que indiquem que voltar a comer a prote\u00edna pode causar dores de est\u00f4mago, incha\u00e7o e outros sintomas. O corpo humano pode ‘esquecer’ como digerir carne ap\u00f3s um per\u00edodo sem consumi-la?
\nAlamy
\nPassar a comer menos carne \u00e9 uma das formas mais simples de reduzir sua pegada de carbono.
\nPesquisadores calculam que, se todas as pessoas do Reino Unido adotassem uma dieta de baixo teor de carne, com menos de 50 g por dia (o equivalente a uma lingui\u00e7a de Cumberland), a economia de carbono seria equivalente a tirar 8 milh\u00f5es de carros das ruas para sempre.
\nDados do governo brit\u00e2nico demonstram que o consumo de carne est\u00e1 caindo. Entre 1980 e 2022, o consumo de carne bovina, su\u00edna e ovina no Reino Unido caiu em 62%.
\nOs motivos mencionados pelas pessoas pesquisadas variam e podem ter mais rela\u00e7\u00e3o com o aumento dos custos do que com a consci\u00eancia ambiental. De qualquer forma, cada vez mais pessoas certamente est\u00e3o experimentando dizer “n\u00e3o” para a carne.
\nMas, se voc\u00ea passar muito tempo sem comer carne, ser\u00e1 que a sua capacidade de digeri-la diminui?
\nPessoas veganas e ovolactovegetarianas costumam postar mensagens nas redes sociais, perguntando se voltar a comer carne pode causar dores de est\u00f4mago, incha\u00e7o e outros sintomas. Em resposta, outros oferecem suas pr\u00f3prias experi\u00eancias e, assim, nasce uma indigesta curiosidade que dura toda a noite.
\nMas n\u00e3o existem muitas pesquisas que indiquem se o consumo de carne ap\u00f3s um longo intervalo pode causar problemas estomacais, segundo o professor de nutri\u00e7\u00e3o Sander Kersten, da Universidade Cornell, nos Estados Unidos.
\n“A falta de evid\u00eancias n\u00e3o quer dizer que n\u00e3o exista”, reflete ele. “O que ocorre \u00e9 que as pessoas simplesmente n\u00e3o estudaram. Esta nem sempre \u00e9 uma resposta ou situa\u00e7\u00e3o satisfat\u00f3ria, mas, \u00e0s vezes, \u00e9 o que precisamos enfrentar.”
\n\u00c9 poss\u00edvel ser al\u00e9rgico \u00e0 carne, embora seja muito raro.
\nO que acontece com o corpo quando consumimos carne estragada
\nA s\u00edndrome alfa-gal faz com que o sistema imunol\u00f3gico reconhe\u00e7a as prote\u00ednas animais como invasores. Ela pode gerar anafilaxia e morte.
\nMas esta alergia pode surgir ap\u00f3s uma vida inteira de consumo de prote\u00edna animal e n\u00e3o est\u00e1 relacionada com a mudan\u00e7a para uma alimenta\u00e7\u00e3o com baixo teor de carne. Voc\u00ea pode, por exemplo, desenvolver esta condi\u00e7\u00e3o depois de sofrer uma picada de percevejo.
\nPara muitas pessoas que evitam seu consumo, descobrir que elas comeram carne sem saber pode ser emocionalmente doloroso. Pode parecer uma viola\u00e7\u00e3o pessoal, segundo Kersten, que \u00e9 vegetariano.
\n“Isso deixaria algumas pessoas extremamente tristes”, ele conta. “N\u00e3o sei se causaria sintomas f\u00edsicos. Mas certamente despertaria muita raiva.”
\nSe considerarmos a biologia da digest\u00e3o, fica menos plaus\u00edvel do que se pode imaginar que o corpo possa, por um longo per\u00edodo de tempo, perder a capacidade de digerir carne.
\nA carne, geralmente, \u00e9 digerida com muita facilidade, at\u00e9 mais do que a fibra das frutas, legumes e verduras. Para decompor essas fibras, o nosso corpo precisa da ajuda do microbioma, pois os micr\u00f3bios possuem as enzimas necess\u00e1rias para sua digest\u00e3o.
\nAl\u00e9m disso, as enzimas usadas para digerir as prote\u00ednas vegetais s\u00e3o as mesmas empregadas para as prote\u00ednas da carne. Estas enzimas reconhecem e rompem liga\u00e7\u00f5es qu\u00edmicas espec\u00edficas nas prote\u00ednas.
\nSejam elas de origem vegetal ou animal, as prote\u00ednas s\u00e3o compostas de blocos de constru\u00e7\u00e3o chamados amino\u00e1cidos. E as enzimas geralmente podem decompor esses blocos, independentemente da sua origem.
\nMas este processo \u00e9 diferente, por exemplo, dos a\u00e7\u00facares do leite animal, como a lactose.
\nLEIA TAMB\u00c9M:
\nO que acontece com o corpo quando voc\u00ea toma pouca \u00e1gua?
\nEntenda o que acontece com o corpo quando voc\u00ea corta o carboidrato da alimenta\u00e7\u00e3o
\nPara digerir lactose, o corpo humano precisa de uma enzima espec\u00edfica chamada lactase. As pessoas que n\u00e3o produzem esta enzima em quantidade suficiente se tornam intolerantes \u00e0 lactose \u2013 e podem sofrer problemas digestivos ao comerem latic\u00ednios.
\nMas, com as prote\u00ednas da carne, n\u00e3o faz sentido pensar que o corpo, de alguma forma, deixa de produzir as enzimas necess\u00e1rias para digerir confortavelmente um hamb\u00farguer. Elas sempre estar\u00e3o ali, decompondo qualquer prote\u00edna que apare\u00e7a, seja ela de ervilha, soja ou bife, segundo Kersten.
\n\u00c9 verdade que o microbioma intestinal humano se transforma e se altera, dependendo da alimenta\u00e7\u00e3o do seu hospedeiro. Isso significa, \u00e0s vezes, que os tipos espec\u00edficos de bact\u00e9rias intestinais s\u00e3o alterados \u2013 \u00e0s vezes, simplesmente porque os micr\u00f3bios produzem enzimas distintas.
\nExistem diferen\u00e7as no microbioma de pessoas on\u00edvoras, veganas e ovolactovegetarianas, mas pesquisas indicam que n\u00e3o parece haver diverg\u00eancias radicais, desde que os on\u00edvoros consumam uma variedade de plantas.
\nMas mudan\u00e7as alimentares podem fazer com que o microbioma de uma pessoa seja alterado rapidamente.
\nUm estudo entre pessoas que passaram a adotar alimenta\u00e7\u00e3o totalmente de origem animal demonstrou que as altera\u00e7\u00f5es do seu microbioma original eram vis\u00edveis em at\u00e9 um dia \u2013 e foram rapidamente revertidas, ap\u00f3s o t\u00e9rmino da dieta.
\nOs pesquisadores pediram aos participantes que relatassem qualquer desconforto que sentissem, mas nada apareceu no papel.
\nPor outro lado, o consumo s\u00fabito de grandes quantidades de fibras ap\u00f3s um longo intervalo sem consumo talvez pudesse causar problemas digestivos. O melhor \u00e9 proceder a essas mudan\u00e7as de alimenta\u00e7\u00e3o de forma gradual.
\n“Dependendo da fibra, voc\u00ea pode sofrer rea\u00e7\u00f5es bastante fortes”, explica Kersten.
\nEm resumo, a preocupa\u00e7\u00e3o com a possibilidade de que o seu corpo venha a perder a capacidade de digerir carne n\u00e3o deve influenciar seus planos de estender o “janeiro vegano” \u2013 a campanha anual que incentiva as pessoas a serem veganas no m\u00eas de janeiro, todos os anos \u2013 at\u00e9 a chegada do outono.
\nE, se voc\u00ea for uma dessas pessoas que sofreram problemas de est\u00f4mago depois de comer carne ap\u00f3s um longo per\u00edodo sem consumo, a perda das enzimas provavelmente n\u00e3o ser\u00e1 a respons\u00e1vel. Mas este fen\u00f4meno permanece aguardando novos estudos, segundo Kersten.
\n“O corpo \u00e9 muito adapt\u00e1vel. Ele pode fazer mais do que voc\u00ea pensa.”
\nLeia a vers\u00e3o original desta reportagem (em ingl\u00eas) no site BBC Innovation.
\nMal passada, ao ponto ou passada: Existe um ponto certo para comer carne<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

\u00c9 poss\u00edvel ser al\u00e9rgico \u00e0 carne, embora seja muito raro. Mas n\u00e3o existem muitas pesquisas que indiquem que voltar a comer a prote\u00edna pode causar dores de est\u00f4mago, incha\u00e7o e outros sintomas. O corpo humano pode ‘esquecer’ como digerir carne ap\u00f3s um per\u00edodo sem consumi-la? Alamy Passar a comer menos… Continue lendo → <\/span><\/a><\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1],"tags":[],"class_list":["post-43186","post","type-post","status-publish","format-standard","hentry","category-sem-categoria"],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/43186","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=43186"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/43186\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=43186"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=43186"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=43186"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}