{"id":2519,"date":"2025-02-03T17:02:07","date_gmt":"2025-02-03T20:02:07","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/agencia1\/2519"},"modified":"2025-02-03T17:02:07","modified_gmt":"2025-02-03T20:02:07","slug":"baile-charme-transforma-viaduto-de-madureira-em-espaco-de-resistencia-e-empoderamento-negro","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/agencia1\/2519","title":{"rendered":"Baile Charme transforma Viaduto de Madureira em espa\u00e7o de resist\u00eancia e empoderamento negro"},"content":{"rendered":"

Um dos diretores do espa\u00e7o, DJ Michell destaca import\u00e2ncia do coletivo para o movimento cultural carioca DJ Michell
\nRio de Agora\/Divulga\u00e7\u00e3o
\nPresen\u00e7a certa no Baile Charme do Viaduto de Madureira, no Rio de Janeiro, DJ Michell sabe bem o impacto daquele espa\u00e7o na vida das pessoas – e fala do assunto com propriedade. O dif\u00edcil pra ele, aos 44 anos, \u00e9 explicar em palavras tudo que o lugar significa na pr\u00f3pria jornada.
\nA voz chega a embargar quando o carioca lembra do garoto Michel Jacob Pessoa, nascido e criado na Zona Norte do Rio, e de toda sua trajet\u00f3ria. Al\u00e9m de se tornar um dos DJs respons\u00e1veis por colocar todo mundo para dan\u00e7ar, ele \u00e9 um dos diretores do Espa\u00e7o Cultural Hip-Hop Charme, conhecido mundialmente como um lugar de resist\u00eancia e emponderamento negro.
\n\u201cN\u00e3o sei nem explicar, n\u00e3o consigo explicar porque a minha forma\u00e7\u00e3o profissional foi toda ali, familiar tamb\u00e9m. \u00c9 muita coisa que mexe na minha vida\u201d, conta.
\nDJ Michell ainda era um menino quando despertou para a m\u00fasica. Do pai Wilson Alves Pessoa, j\u00e1 falecido, e do padrinho Alexandre Careca veio a influ\u00eancia musical que tamb\u00e9m domina o Baile Charme, patrim\u00f4nio imaterial cultural do Rio de Janeiro.
\nEmbora o blues norte-americano e suas ra\u00edzes africanas sejam a refer\u00eancia, o charme tem toda uma pegada bem carioca na dan\u00e7a, na sensualidade, na coletividade. Foi esse balan\u00e7o corporal cheio de charme que acabou por batizar o ritmo.
\n\u201cA quest\u00e3o da dan\u00e7a e do coletivo foram temperos nossos\u201d, explica DJ Michell, se referindo aos movimentos conhecidos como passinhos sociais, dan\u00e7ados em grupos desde a d\u00e9cada de 1980.
\nPara ele, a paix\u00e3o despertou atrav\u00e9s da m\u00fasica, antes mesmo do surgimento do baile no viaduto, no in\u00edcio dos anos 1990. Ao lado do pai e do padrinho, viu a origem do movimento, frequentou os cl\u00e1ssicos bailes no Clube Vera Cruz, na Aboli\u00e7\u00e3o, e passou a trilhar o pr\u00f3prio caminho junto ao charme.
\nEnquanto montava os equipamentos, o menino Michel mexia nos discos. Da\u00ed para o interesse em tocar foi um pulo. Nos primeiros anos do Baile Charme do Viaduto de Madureira j\u00e1 foi convidado a ser DJ. Como ainda era adolescente, entrava em cena das 19h \u00e0s 21h.
\n\u201cFui criando uma rela\u00e7\u00e3o com o viaduto. S\u00f3 parei quando comecei a faculdade, em 1999. Em 2001 retornei e, desde ent\u00e3o, estou l\u00e1 todo s\u00e1bado\u201d, conta o DJ, que estudou publicidade pensando em usar o conhecimento para aumentar a visibilidade de tudo que envolve o espa\u00e7o.
\nCultura como ferramenta de empoderamento
\nQuando fala em fortalecer o movimento, DJ Michell se refere a quest\u00f5es que v\u00e3o al\u00e9m do baile, raz\u00f5es pelas quais aceitou o convite para ser diretor do n\u00facleo social e cultural: fazer do lugar um espa\u00e7o de empoderamento, resist\u00eancia, acolhimento e pertencimento.
\n\u201cCriei o projeto Rio Charme Social em 2012, oferecendo aulas de dan\u00e7a para o p\u00fablico geral. Atendemos mais de 15 mil pessoas diretamente\u201d, conta.
\nS\u00e3o ciclos com dura\u00e7\u00e3o de tr\u00eas meses, com aulas gratuitas \u00e0s segundas, quintas e s\u00e1bados. Al\u00e9m de um coordenador, h\u00e1 mais quatro professores. Tudo acontece no mesmo espa\u00e7o do baile, onde at\u00e9 as paredes ensinam: inaugurada em 2024, uma galeria de arte urbana conta a hist\u00f3ria da m\u00fasica preta, com imagens feitas por artistas grafiteiros.
\n\u201cUm espa\u00e7o embaixo de um viaduto costuma ser ligado \u00e0 degrada\u00e7\u00e3o, inseguran\u00e7a, e a gente transformou esse espa\u00e7o num local vivo, com cultura, moda. \u00c9 um local familiar, n\u00e3o tem problemas com viol\u00eancia ou drogas\u201d, explica.
\nOs bailes acontecem todos s\u00e1bados, das 22h \u00e0s 5h. Num deles, h\u00e1 20 anos, DJ Michell conheceu a esposa, Lhidiane. Os dois s\u00e3o pais de Ricardo, de 8 anos.
\n\u201cMeu filho \u00e9 fruto desse baile\u201d, acrescenta.
\nA profiss\u00e3o e a fam\u00edlia s\u00e3o apenas alguns dos frutos. Mais do que colher, o carioca quer seguir semeando para que o espa\u00e7o siga sendo refer\u00eancia como um lugar de resist\u00eancia e empoderamento negro, sobretudo para jovens negros perif\u00e9ricos que encontram ali acolhimento e pertencimento.
\n\u201cO charme tem impacto positivo na vida das pessoas, n\u00e3o \u00e9 s\u00f3 divers\u00e3o. Elas v\u00e3o para dan\u00e7ar, mas o mais importante \u00e9 o impacto que gera. \u00c9 algo que a gente n\u00e3o consegue mensurar\u201d, afirma.
\nAo preservar um dos fen\u00f4menos culturais mais marcantes das periferias cariocas, o Baile Charme atrai o mundo. No in\u00edcio do ano, o jornal New York Times publicou uma mat\u00e9ria de p\u00e1gina inteira, com chamada de capa, destacando a import\u00e2ncia do espa\u00e7o como ber\u00e7o da cultura da black music no Rio e parte das belezas da cidade.
\nPrograma de diversidade \u201cRespeito D\u00e1 o Tom\u201d promove inclus\u00e3o de pessoas negras na \u00c1guas do Rio Diversidade
\nInclus\u00e3o e diversidade tamb\u00e9m dentro das empresas
\nDivulga\u00e7\u00e3o<\/p>\n

Empoderar pessoas negras e promover a diversidade tem sido um movimento importante tamb\u00e9m para o mundo corporativo. Na \u00c1guas do Rio, o programa de diversidade Respeito D\u00e1 o Tom (criado pela Aegea, empresa que controla a concession\u00e1ria), foi implantado em 2021, quando a concession\u00e1ria iniciou sua opera\u00e7\u00e3o. O objetivo do projeto \u00e9 promover a inclus\u00e3o de pessoas negras (e a igualdade de g\u00eanero) em todos os n\u00edveis hier\u00e1rquicos da companhia.
\nA iniciativa tem como base tr\u00eas pilares de atua\u00e7\u00e3o: empregabilidade, com foco na gera\u00e7\u00e3o de oportunidades; desenvolvimento dos colaboradores; e relacionamento, com a sensibiliza\u00e7\u00e3o dos colaboradores por meio da abordagem de pautas e a\u00e7\u00f5es sobre diversos temas. O Respeito D\u00e1 o Tom foi reconhecido pelo Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) como um dos principais programas de igualdade racial do pa\u00eds, sendo certificado com o Selo \u201cSim \u00e0 Igualdade Racial\u201d.
\nA \u00c1guas do Rio atua com responsabilidade corporativa e tem buscado construir um legado pelo fim da desigualdade racial e de g\u00eanero existente no mercado de trabalho. Hoje, mais de 70% dos funcion\u00e1rios da concession\u00e1ria se autodeclaram pretos e pardos \u2013 e aproximadamente 50% dos profissionais s\u00e3o de comunidades da \u00e1rea de concess\u00e3o da empresa. A meta da empresa \u00e9 ter 34% dos cargos de lideran\u00e7a (ger\u00eancia e diretoria) ocupados por pessoas negras.
\nO Respeito D\u00e1 o Tom tamb\u00e9m virou uma webs\u00e9rie no canal do YouTube da concession\u00e1ria e j\u00e1 est\u00e1 na segunda temporada.<\/p><\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Um dos diretores do espa\u00e7o, DJ Michell destaca import\u00e2ncia do coletivo para o movimento cultural carioca DJ Michell Rio de Agora\/Divulga\u00e7\u00e3o Presen\u00e7a certa no Baile Charme do Viaduto de Madureira, no Rio de Janeiro, DJ Michell sabe bem o impacto daquele espa\u00e7o na vida das pessoas – e fala do… Continue lendo → <\/span><\/a><\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1],"tags":[],"class_list":["post-2519","post","type-post","status-publish","format-standard","hentry","category-sem-categoria"],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2519","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=2519"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2519\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=2519"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=2519"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=2519"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}