{"id":2202,"date":"2025-02-03T12:07:10","date_gmt":"2025-02-03T15:07:10","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/agencia1\/2202"},"modified":"2025-02-03T12:07:10","modified_gmt":"2025-02-03T15:07:10","slug":"pele-de-cobra-no-ninho-o-truque-das-aves-para-enganar-predadores-de-ovos","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/agencia1\/2202","title":{"rendered":"Pele de cobra no ninho: o \u2018truque\u2019 das aves para enganar predadores de ovos"},"content":{"rendered":"

Estrat\u00e9gia se mostrou eficiente no caso de ninhos feitos em cavidades fechadas, segundo artigo. Maria-cavaleira com pele de cobra no bico
\nThiago Arruda
\nUm estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, analisou um comportamento inusitado de algumas esp\u00e9cies de aves. Para proteger seus ninhos de predadores, elas incorporam pele de cobras para espantar pequenos mam\u00edferos, como esquilos e camundongos.
\nDe acordo com o artigo publicado em dezembro na revista The American Naturalist, 78 esp\u00e9cies de aves, pertencentes a 22 fam\u00edlias, utilizam pele de cobra em seus ninhos. A grande maioria dessas esp\u00e9cies s\u00e3o passeriformes.
\nEsses pequenos mam\u00edferos provavelmente evitam a pele de cobra porque associam sua presen\u00e7a a um risco real de preda\u00e7\u00e3o. Muitos deles s\u00e3o predados por cobras na natureza, e o cheiro ou a apar\u00eancia da pele pode ser um fator que reduz a preda\u00e7\u00e3o.
\nNo entanto, a estrat\u00e9gia se mostrou eficiente somente para ninhos feitos em cavidades naturais, como buracos em \u00e1rvores ou em rochas. A presen\u00e7a de pele de cobra nesse tipo de ninho foi, em m\u00e9dia, sete vezes maior do que em ninhos abertos (no formato de cesta).
\nPele de cobra dentro de ninho em cavidade artificial
\nLynda Williams
\n\u201cNinhos de cavidade limitam a diversidade de predadores para esp\u00e9cies de pequeno porte, muitas das quais s\u00e3o rotineiramente comidas por cobras e t\u00eam medo da vis\u00e3o ou do cheiro da pele de cobra em ninhos de p\u00e1ssaros\u201d, escrevem os autores.
\nIsso contrasta com as comunidades de predadores de ninhos abertos, que s\u00e3o mais diversas e frequentemente incluem predadores que n\u00e3o t\u00eam uma hist\u00f3ria evolutiva forte de intera\u00e7\u00f5es temerosas com cobras, como as aves. Veja algumas esp\u00e9cies que utilizam a estrat\u00e9gia:
\nMyiarchus crinitus
\nMyiarchus cinerascens
\nTroglodytes aedon
\nThryomanes bewickii
\nBaeolophus bicolor
\nEmbora o estudo tenha listado 78 esp\u00e9cies, os autores sugerem que esse n\u00famero pode ser subestimado, j\u00e1 que nem todas as esp\u00e9cies t\u00eam seus comportamentos de nidifica\u00e7\u00e3o bem documentados.
\nEntre as esp\u00e9cies listadas no estudo, algumas dos g\u00eaneros Myiarchus e Passerina ocorrem no Brasil, mas a maioria das aves documentadas nesse comportamento vive nas Am\u00e9ricas do Norte e Central. No entanto, o comportamento pode estar presente em esp\u00e9cies sul-americanas ainda n\u00e3o estudadas, especialmente entre Furnariidae, Tyrannidae e Troglodytidae.
\nAs aves utilizaram principalmente peles descartadas por cobras da fauna local, no entanto a pesquisa n\u00e3o conseguiu identificar todas as esp\u00e9cies exatas de cobras utilizadas.
\nPele de cobra em cavidade artificial usada para testes
\nL. Colip
\nO que h\u00e1 de novo
\nPara chegar a essas conclus\u00f5es, os pesquisadores realizaram diversos estudos por meio de uma abordagem combinada de revis\u00e3o de literatura, an\u00e1lise filogen\u00e9tica comparativa e experimentos de campo.
\nAntes do artigo, havia apenas observa\u00e7\u00f5es dispersas de que aves que fazem ninhos em cavidades usavam pele de cobra com mais frequ\u00eancia, mas isso nunca havia sido testado de forma rigorosa. O estudo confirmou, com dados comparativos e an\u00e1lise filogen\u00e9tica, que essa rela\u00e7\u00e3o \u00e9 real e estatisticamente significativa.
\nAl\u00e9m disso, estudos anteriores sugeriam que a pele de cobra poderia funcionar sempre como um mecanismo anti-preda\u00e7\u00e3o. Entretanto, o novo artigo foi o primeiro a demonstrar que esse efeito ocorre de maneira espec\u00edfica em ninhos dentro de cavidades, e n\u00e3o em ninhos abertos.
\nOutras hip\u00f3teses testadas
\nEfeito antimicrobiano: o estudo n\u00e3o encontrou evid\u00eancias de que a pele de cobra tenha impacto na microbiota dos ninhos;
\nRedu\u00e7\u00e3o de ectoparasitas: tamb\u00e9m n\u00e3o houve evid\u00eancias de que a pele de cobra reduza a infesta\u00e7\u00e3o de ectoparasitas nos ninhos;
\nSinaliza\u00e7\u00e3o social: n\u00e3o foram observadas diferen\u00e7as significativas no tamanho da ninhada entre ninhos com e sem pele de cobra, sugerindo que o material n\u00e3o serve como um sinal de qualidade do reprodutor.
\nV\u00eddeos: Destaques do Terra da Gente
\nVeja mais conte\u00fados sobre natureza no Terra da Gente<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Estrat\u00e9gia se mostrou eficiente no caso de ninhos feitos em cavidades fechadas, segundo artigo. Maria-cavaleira com pele de cobra no bico Thiago Arruda Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, analisou um comportamento inusitado de algumas esp\u00e9cies de aves. Para proteger seus ninhos de predadores,… Continue lendo → <\/span><\/a><\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1],"tags":[],"class_list":["post-2202","post","type-post","status-publish","format-standard","hentry","category-sem-categoria"],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2202","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=2202"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2202\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=2202"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=2202"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia1.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=2202"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}