Venda foi conclu\u00edda em sess\u00e3o virtual nesta quinta-feira (20). Identidade do comprador s\u00f3 ser\u00e1 divulgada ap\u00f3s homologa\u00e7\u00e3o do certame, segundo o TJPE. Imagem de arquivo mostra o Edif\u00edcio Holiday, na Zona Sul do Recife, desocupado em mar\u00e7o de 2019
\nReprodu\u00e7\u00e3o\/TV Globo
\nFoi realizado, nesta quinta-feira (20), o leil\u00e3o do Edif\u00edcio Holiday, localizado no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Segundo o Tribunal de Justi\u00e7a de Pernambuco (TJPE), o im\u00f3vel, que est\u00e1 interditado h\u00e1 quase seis anos por falhas estruturais, foi arrematado em lance \u00fanico, no valor de R$ 21.538.616,05.
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\nO pr\u00e9dio modernista foi a leil\u00e3o pela primeira vez no dia 30 de janeiro, mas foi adiado porque nenhum investidor demonstrou interesse em comprar o im\u00f3vel. O lance m\u00ednimo foi de R$ 21,4 milh\u00f5es, um valor 40% menor em rela\u00e7\u00e3o ao primeiro certame.
\nA venda do Holiday foi conclu\u00edda em sess\u00e3o virtual no site Lance Certo, do leiloeiro Luciano Rodrigues Resende. O TJPE informou que a identidade do comprador s\u00f3 ser\u00e1 divulgada ap\u00f3s a homologa\u00e7\u00e3o do leil\u00e3o, o que deve acontecer at\u00e9 o in\u00edcio da pr\u00f3xima semana.
\nDe acordo com o TJ, o valor arrecadado com a venda do edif\u00edcio ser\u00e1 usado para quitar d\u00edvidas trabalhistas, tributos sobre o im\u00f3vel, eventual d\u00e9bito com o servi\u00e7o p\u00fablico, ressarcimento \u00e0 prefeitura do Recife das despesas com o processo e gastos com a per\u00edcia para aferir o valor de mercado do pr\u00e9dio.
\nO montante que sobrar deve ser rateado entre os novos propriet\u00e1rios e as pessoas que t\u00eam escritura e registro de compra de algum apartamento do Holiday no Cart\u00f3rio de Im\u00f3veis.
\nValor rebaixado
\nA 7\u00aa Vara da Fazenda P\u00fablica da Capital avaliou o pr\u00e9dio em R$ 34,9 milh\u00f5es ap\u00f3s uma inspe\u00e7\u00e3o t\u00e9cnica em abril de 2024. O valor foi corrigido para R$ 35,7 milh\u00f5es em dezembro de 2024, quando a institui\u00e7\u00e3o definiu a data para a primeira pra\u00e7a do leil\u00e3o.
\nO edital j\u00e1 previa a segunda tentativa de venda caso o im\u00f3vel n\u00e3o fosse arrematado na primeira oferta. Apesar da diferen\u00e7a no valor, as regras continuaram as mesmas: quem comprar o Holiday dever\u00e1 reformar o pr\u00e9dio mantendo sua arquitetura original, sem autoriza\u00e7\u00e3o para demoli-lo completamente.
\nAinda de acordo com o documento, o custo da futura reforma e a recupera\u00e7\u00e3o do pr\u00e9dio ser\u00e1 responsabilidade do arrematante e n\u00e3o poder\u00e1 ser descontado do valor da compra do im\u00f3vel.
\nO Edif\u00edcio Holiday \u00e9 composto por:
\n442 apartamentos tipo est\u00fadio, de 1 quarto com 18,03 m\u00b2;
\n34 apartamentos tipo est\u00fadio, de 2 quartos com 36,06 m\u00b2;
\n17 lojas comerciais e boxes;
\n\u00c1rea de terreno: 5.054,72 m\u00b2;
\n\u00c1rea constru\u00edda: 15.221,80 m\u00b2;
\n\u00c1rea cobertura: 1.589 m\u00b2.
\nSeguindo as diretrizes da prefeitura do Recife, o edital autoriza o acr\u00e9scimo de 4.790,61 m\u00b2 de \u00e1rea privativa, de 2.733,83 m\u00b2 na \u00e1rea comum, e a ocupa\u00e7\u00e3o adicional de 2.202,04 m\u00b2 no terreno.
\nAs diretrizes de interven\u00e7\u00e3o foram elaboradas pela equipe t\u00e9cnica da prefeitura do Recife, composta pela Unidade de Licenciamento em Zonas Especiais, Secretaria Executiva de Licenciamento e Secretaria de Pol\u00edtica Urbana e Licenciamento.
\nDeteriora\u00e7\u00e3o da estrutura
\nO Edif\u00edcio Holiday foi constru\u00eddo em 1956 e desocupado em 2019. Com 17 andares, no pr\u00e9dio moravam mais de 3 mil pessoas. O edif\u00edcio representa, segundo estudiosos, um marco arquitet\u00f4nico e social para a cidade.
\nApesar de sua relev\u00e2ncia, o Holiday acumulou uma s\u00e9rie de problemas estruturais ao longo dos anos, incluindo liga\u00e7\u00f5es el\u00e9tricas clandestinas que motivaram a desocupa\u00e7\u00e3o da estrutura pelo alto risco de inc\u00eandio.
\nDurante a avalia\u00e7\u00e3o para estipular o valor de mercado da constru\u00e7\u00e3o, em abril de 2024, os t\u00e9cnicos apontaram que os apartamentos do Holiday j\u00e1 n\u00e3o t\u00eam esquadrias, portas, janelas, instala\u00e7\u00e3o el\u00e9trica, nem hidr\u00e1ulica. Os avaliadores tamb\u00e9m encontraram muito lixo dentro do edif\u00edcio (veja v\u00eddeo abaixo).
\nVeja como est\u00e1 o Edif\u00edcio Holiday por dentro
\nRelembre o caso
\nA desocupa\u00e7\u00e3o do Edif\u00edcio Holiday come\u00e7ou no dia 9 de mar\u00e7o de 2019, quando alguns moradores deixaram o im\u00f3vel depois que a Neoenergia cortou a energia do local por causa de falhas no sistema el\u00e9trico, o que motivou um protesto dos moradores;
\nQuatro dias depois, o Tribunal de Justi\u00e7a de Pernambuco (TJPE) determinou a imediata interdi\u00e7\u00e3o e desocupa\u00e7\u00e3o do pr\u00e9dio. A retirada dos moradores foi conclu\u00edda no dia 23 de mar\u00e7o daquele ano;
\nA partir de ent\u00e3o, o im\u00f3vel ficou sob os cuidados da prefeitura do Recife, permanecendo inabitado;
\nEm setembro de 2020, v\u00e1rios tapumes que tinham sido colocados no local foram retirados, expondo um cen\u00e1rio de degrada\u00e7\u00e3o e sujeira;
\nAl\u00e9m disso, desde a interdi\u00e7\u00e3o, casos de roubos se tornaram frequentes no local. Entre as ocorr\u00eancias, dois homens foram flagrados pela TV Globo roubando janelas e esquadrias do edif\u00edcio;
\nEm outubro de 2021, uma decis\u00e3o judicial determinou a demoli\u00e7\u00e3o de constru\u00e7\u00f5es irregulares no t\u00e9rreo e no entorno do Holiday;
\nTr\u00eas anos ap\u00f3s a interdi\u00e7\u00e3o, em mar\u00e7o de 2022, ex-moradores do pr\u00e9dio fizeram um protesto pedindo ajuda contra a degrada\u00e7\u00e3o do im\u00f3vel;
\nEm novembro de 2023, alegando que o condom\u00ednio e os propriet\u00e1rios n\u00e3o conseguiam garantir a seguran\u00e7a do patrim\u00f4nio nem os reparos necess\u00e1rios, o juiz Luiz Gomes da Rocha Neto autorizou que um leil\u00e3o fosse realizado para a venda do edif\u00edcio e determinou que os donos dos apartamentos fossem indenizados;
\nO im\u00f3vel foi avaliado em R$ 34,9 milh\u00f5es e o leil\u00e3o foi marcado para os dias 22 e 23 de maio de 2024;
\nNa v\u00e9spera do leil\u00e3o, o desembargador Antenor Cardoso Soares J\u00fanior, atendendo a um pedido da Defensoria P\u00fablica, suspendeu a venda, alegando que a decis\u00e3o anterior foi “prematura” e permitia a demoli\u00e7\u00e3o do im\u00f3vel, o que poderia trazer preju\u00edzo de “imposs\u00edvel repara\u00e7\u00e3o”.
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