
Na suposi\u00e7\u00e3o, carro de JK n\u00e3o colide com \u00f4nibus, como foi dito \u00e0 \u00e9poca do acidente, em 1976. Material faz parte de inqu\u00e9rito civil que analisou causas da batida; caso foi arquivado em 2019 por falta de provas. V\u00eddeos em 3D simulam acidente de JK
\nV\u00eddeos em 3D, criados pelo designer Ricardo Dachtelberge, simulam o momento do acidente que matou o ex-presidente Juscelino Kubitschek em agosto de 1976 (veja acima). O material foi feito \u00e0 pedido do Minist\u00e9rio P\u00fablico Federal (MPF) para integrar um inqu\u00e9rito civil, aberto em 2013, que analisou as causas do acidente.
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\nNesta sexta-feira (14), a Comiss\u00e3o Especial sobre Mortos e Desaparecidos Pol\u00edticos, vinculada ao Minist\u00e9rio dos Direitos Humanos, pode reconhecer novos casos de pessoas mortas e desaparecidas durante a ditadura militar. Se concluir que sim, a morte de JK deve ser discutida, como feito pelo MPF.
\nOs laudos e documentos produzidos ao longo de anos de investiga\u00e7\u00e3o foram usados para criar os v\u00eddeos usados pelo Minist\u00e9rio P\u00fablico (veja detalhes abaixo).
\nOs v\u00eddeos mostram, de v\u00e1rios \u00e2ngulos, o Chevrolet Opala em que JK estava com seu motorista, Geraldo Ribeiro, atravessando para o outro lado da rodovia Presidente Dutra, na frente de um \u00f4nibus da Via\u00e7\u00e3o Cometa. Em seguida, o carro de JK \u2014 trafegando na contram\u00e3o \u2014 colidiu de frente com um caminh\u00e3o.
\n\ud83d\udc49 Em nenhum momento do v\u00eddeo apresentado ao MPF, o carro de JK colide com o \u00f4nibus, o que contradiz a hip\u00f3tese apresentada \u00e0 \u00e9poca do acidente que apontou que essa colis\u00e3o seria respons\u00e1vel pelo acidente.
\nSegundo o documento, a Comiss\u00e3o da Verdade do Munic\u00edpio de S\u00e3o Paulo argumenta que Juscelino, na verdade, foi v\u00edtima de homic\u00eddio por membros da ditadura militar. No entanto, o laudo do MPF aponta que “n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel comprovar, no momento atual, elementos suficientes de autoria e materialidade de um crime de homic\u00eddio” (veja detalhes abaixo).
\nApesar dos procedimentos terem sido arquivados em 13 de novembro de 2019 pelo procurador Paulo S\u00e9rgio Ferreira Filho, o MPF determinou a divulga\u00e7\u00e3o dos documentos apenas em 2021.
\nMorte de JK
\nFoto de perfil do ex-presidente Juscelino Kubitschek
\nReprodu\u00e7\u00e3o
\nJuscelino Kubitschek, morreu em um acidente de carro em 22 de agosto de 1976, na Rodovia Presidente Dutra, que liga S\u00e3o Paulo ao Rio de Janeiro. O acidente aconteceu pr\u00f3ximo a Resende, no Rio de Janeiro, envolvendo o Chevrolet Opala em que JK estava com seu motorista, Geraldo Ribeiro, um caminh\u00e3o e um \u00f4nibus da Via\u00e7\u00e3o Cometa.
\nO Opala invadiu a pista contr\u00e1ria e colidiu com o caminh\u00e3o, resultando na morte de ambos os ocupantes do carro. Na \u00e9poca, a investiga\u00e7\u00e3o oficial concluiu que o acidente foi causado por uma colis\u00e3o leve do \u00f4nibus com o Opala, que fez o carro perder o controle.
\nEm depoimento \u00e0 Comiss\u00e3o da Verdade do Munic\u00edpio de S\u00e3o Paulo, em 2013, o motorista do \u00f4nibus afirmou que “de repente, de forma inesperada, o Opala em que estava Juscelino Kubitschek surgiu pela direita do \u00f4nibus da Via\u00e7\u00e3o Cometa, ultrapassando-o pela direita, em velocidade excessiva e em manobra arriscada”.
\n\ud83d\udc49 O motorista do \u00f4nibus chegou a ser acusado criminalmente de ter causado o acidente, mas foi absolvido em 1977.
\nPassageiros do \u00f4nibus ouvidos tanto \u00e0 \u00e9poca do acidente quanto em 2019 pelo MPF dizem que n\u00e3o viram ou sentiram qualquer colis\u00e3o entre o ve\u00edculo em que estavam e o carro de JK.
\nLaudo
\nPara chegar a uma conclus\u00e3o, o Minist\u00e9rio P\u00fablico convidou o engenheiro S\u00e9rgio Ejzenberg a analisar os laudos e documentos que j\u00e1 existiam sobre o caso. Com essas informa\u00e7\u00f5es, foi poss\u00edvel apresentar os v\u00eddeos em 3D com a suposta din\u00e2mica do acidente.
\nA partir das an\u00e1lises, o engenheiro apresentou conclus\u00f5es como:
\no \u00f4nibus n\u00e3o estava trafegando em excesso de velocidade e n\u00e3o teve qualquer participa\u00e7\u00e3o no acidente;
\no carro de JK tamb\u00e9m n\u00e3o trafegava em excesso de velocidade;
\na inexist\u00eancia de marcas de frenagem do carro de JK, o que impossibilita descartar a hip\u00f3tese de sabotagem do ve\u00edculo;
\nos laudos produzidos \u00e0 \u00e9poca apresentam ” erros t\u00e9cnicos, falhas, omiss\u00f5es e suposi\u00e7\u00f5es n\u00e3o comprovadas”;
\ncontradi\u00e7\u00e3o entre os laudos produzidos \u00e0 \u00e9poca.
\nAinda segundo o perito, a colis\u00e3o n\u00e3o \u00e9 um “t\u00edpico ‘acidente’ de tr\u00e2nsito, existindo evid\u00eancias que demonstram que o autom\u00f3vel teria seguido em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 pista oposta em rota de colis\u00e3o, com inexplic\u00e1vel e pouco cr\u00edvel falta de m\u00ednima rea\u00e7\u00e3o evasiva de seu condutor”.
\nEjzenberg declara que n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel comprovar nem descartar as teses de mal s\u00fabito do motorista de JK e de sabotagem do autom\u00f3vel, mas alerta que a investiga\u00e7\u00e3o est\u00e1 “prejudicada pela perda e destrui\u00e7\u00e3o de provas materiais”.
\nConclus\u00e3o do MPF
\nO procurador Paulo S\u00e9rgio Ferreira Filho conclui, no documento, que JK era constantemente monitorado pela ditadura militar “por representar uma for\u00e7a pol\u00edtica e popular”. No entanto, por causa das falhas apresentadas na primeira investiga\u00e7\u00e3o, “a verdade dos fatos \u00e9 imposs\u00edvel de ser alcan\u00e7ada”.
\nPara o procurador, n\u00e3o h\u00e1 necessidade de ado\u00e7\u00e3o de novas medidas judiciais e extrajudiciais em rela\u00e7\u00e3o ao caso.
\n“Trazer a p\u00fablico as provas angariadas ao longo de 6 anos de investiga\u00e7\u00e3o sobre fato hist\u00f3rico e controverso da sociedade brasileira, por si s\u00f3, j\u00e1 cumpre em grande parte o fomento ao direito \u00e0 verdade que o MPF almeja”, afirma o magistrado.
\n\ud83d\udc49 Pelas faltas de provas e materialidade, o caso foi arquivado em 2019.
\nComiss\u00e3o Nacional da Verdade
\nA Comiss\u00e3o Nacional da Verdade (CNV), que atuou entre 2012 e 2014, tamb\u00e9m concluiu sua pr\u00f3pria investiga\u00e7\u00e3o e apontou que Juscelino foi v\u00edtima de um acidente de carro, n\u00e3o de “‘atentado pol\u00edtico’ planejado pela ditadura militar”.
\nAp\u00f3s ouvir peritos e outros profissionais, a comiss\u00e3o n\u00e3o chegou “a uma conclus\u00e3o de como teria se dado o suposto assassinato do ex-presidente, havendo muitos ind\u00edcios desse tal compl\u00f4, mas poucas provas que pudessem ensejara altera\u00e7\u00e3o da hist\u00f3ria brasileira.”
\nA conclus\u00e3o foi criticada pela Comiss\u00e3o da Verdade do Munic\u00edpio de S\u00e3o Paulo, autora do inqu\u00e9rito civil. De acordo com o documento apresentado ao MPF, a comiss\u00e3o estadual levantou tr\u00eas hip\u00f3teses para a morte de JK a partir dos depoimentos ouvidos entre 2013 e 2014:
\no motorista Geraldo Ribeiro teria sido v\u00edtima de disparo de arma de fogo feito por um carro emparelhado com o Opala de JK;
\no autom\u00f3vel de JK teria sido sabotado no Hotel-Fazenda Villa-Forte, onde ele esteve momentos antes de sua morte;
\no motorista poderia ter ingerido alguma droga ou tido mal s\u00fabito no momento do acidente em virtude de algo colocado em sua bebida ou comida no Hotel-Fazenda Villa-Forte.
\n \ud83d\udc49 N\u00e3o houve comprova\u00e7\u00e3o de nenhuma das hip\u00f3teses apresentadas at\u00e9 a \u00faltima atualiza\u00e7\u00e3o desta reportagem.
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