Deputado acusado de estupro votou a favor de castração a estrupadores

Acusado por uma família de estuprar um menino de 13 anos, o deputado federal Professor Alcides Ribeiro (PL-GO) votou a favor da castração química a estupradores. Tanto a operação policial para investigar o caso quanto a votação na Câmara ocorreram nesta quinta-feira (12/12).

O texto foi aprovado no plenário e segue para o Senado. Ou seja: caso venha a ser condenado, Alcides Ribeiro poderá ser alvo da castração que ele mesmo propôs.

O crime de estupro de vulnerável é caracterizado pela conjunção carnal ou qualquer ato libidinoso com menor de 14 anos, independentemente do consentimento da vítima. Atualmente, a pena para esses casos é de 8 a 15 anos de prisão. Um projeto na Câmara busca aumentar a punição para 18 a 23 anos de detenção. A proposta será analisada em caráter conclusivo pela Comissão de Constituição e Justiça e, depois, seguirá para votação no plenário.

A família afirma que os abusos teriam começado quando o jovem, hoje com 16 anos, tinha 13. Um detalhe sórdido permeia as acusações contra o deputado Alcides Ribeiro. Em 2016, o senador Jorge Kajuru (PSB-GO) denunciou o suposto modus operandi do parlamentar.

Na ocasião, Kajuru afirmou que Alcides assediava menores que jogavam nas categorias de base do Atlético Goianiense, clube que disputou a 1ª divisão do Campeonato Brasileiro este ano. No depoimento que prestou recentemente, a mãe afirmou que o deputado atraiu o filho, que sonhava virar jogador de futebol, justamente com a promessa de ascender no time goiano.

Ela relatou que no local de treinamento os demais jogadores foram liberados para ir ao campo, enquanto o filho ficou sozinho com o político. Procurado, Kajuru preferiu não comentar a denúncia que fez há quase uma década. “Aprendi na vida que não vale a pena entrar em coisas pessoais”, disse ele, que chegou a ser processado por Alcides Ribeiro.

Dono de faculdade

Alcides Ribeiro nasceu na Bahia e fez 71 anos em outubro. Nas eleições municipais deste ano, declarou possuir R$ 9,4 milhões em bens. Com o apoio de Bolsonaro (PL), ficou em segundo lugar na disputa pela Prefeitura de Aparecida de Goiânia, sendo superado por Leandro Vilela (MDB).

O deputado é proprietário da Faculdade Alfredo Nasser (Unifan), localizada no Jardim das Esmeraldas, Goiânia. Em 2021, Alcides Ribeiro se envolveu em uma discussão com alunos da faculdade que cobravam a matrícula de dois estudantes.

Irritado, Ribeiro chamou uma aluna de “p*ta”, o que gerou uma briga generalizada. Após o incidente, a faculdade emitiu uma nota alegando que o vídeo havia sido “editado de forma seletiva e maldosa antes de sua divulgação” e acusou a estudante de armar a desavença para gerar exposição.

A operação

A operação da Polícia Civil de Goiás, realizada nesta quinta-feira (12/12), resultou na prisão de três pessoas, entre elas um assessor e um segurança de Alcides Ribeiro que mora na residência do deputado.

Eles foram acusados de roubo e ameaça por entrarem armados na casa do adolescente, que estaria supostamente se relacionando com Ribeiro. O objetivo era apagar eventuais provas da relação íntima, como fotos, vídeos e conversas. Os suspeitos forçaram o menor a fornecer a senha do celular para apagar imagens que estavam na galeria de fotos e salvas na nuvem.

A coluna tentou contato com o deputado, mas não teve resposta. O espaço segue aberto para manifestações.

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