África do Sul declara emergência após morte de 23 crianças intoxicadas

Uma onda de intoxicação alimentar já matou cerca de 23 crianças em poucos meses na África do Sul. Segundo autoridades do país, cerca de 900 pessoas, muitas delas crianças, ficaram doentes desde setembro.

O governo sul-africano classificou as intoxicações como um desastre nacional, na quinta-feira (21/11), tomando medidas depois que o presidente Cyril Ramaphosa expôs a escala do perigo em um discurso televisionado na semana passada.

Na ocasião, o mandatário acrescentou que a causa provável é um pesticida usado por empresários e vendedores para combater infestações de ratos em bairros negligenciados. Produtos alimentícios vencidos e falsificados também foram responsabilizados por familiares em luto e outros moradores.

“Esses produtos têm a mesma probabilidade de serem vendidos em lojas de propriedade de sul-africanos”, defendeu Ramaphosa durante seu discurso.

A dimensão do surto, com mortes relatadas em províncias de todo o país, forçou os líderes sul-africanos a enfrentarem as consequências de departamentos governamentais disfuncionais encarregados de supervisionar a segurança alimentar, o descarte de resíduos e as regulamentações para pequenas empresas.

O governo declarou a emergência em uma coletiva de imprensa realizada representando pastas que vão desde Saúde e Educação até Agricultura e Comércio. As autoridades também se espalharam para inspecionar as lojas e visitar as famílias enlutadas nos bairros onde os moradores revoltados se voltaram contra os proprietários de lojas, muitos dos quais são imigrantes.

Morte de seis crianças

As seis crianças pequenas tinham acabado de compartilhar lanches comprados em uma loja quando começaram a ter convulsões. Todas com menos de 8 anos, elas morreram momentos depois.

Após as mortes mais recentes das seis crianças em Johanesburgo no mês passado, o Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul encontrou traços de terbufos, um pesticida perigoso usado na agricultura, no conteúdo e na embalagem de um lanche encontrado com uma das crianças, disse Ramaphosa.

O terbufos, um líquido incolor ou amarelo claro usado em plantações, pode ser fatal se ingerido ou inalado, ou se entrar em contato com seres humanos, de acordo com os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH).

Em outros casos, as autoridades de saúde da África do Sul encontraram evidências de aldicarb, um pesticida agrícola altamente tóxico para os seres humanos. O pesticida foi proibido no país desde 2016, disse Ramaphosa.

Em Johanesburgo, nesta semana, um menino de 5 anos teria morrido apenas 20 minutos depois de comer um lanche. Sua casa, no bairro de Soweto, não ficava longe de onde os seis amigos perderam suas vidas semanas antes.

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