A emoção de Danton Mello e Sophia Valverde em ‘Dalia e o Livro Vermelho’

A emoção de Danton Mello e Sophia Valverde em ‘Dalia e o Livro Vermelho’Lorraine Moreira

A animação Dalia e o Livro Vermelhonos leva a uma jornada encantadora e misteriosa que mescla fantasia e autodescoberta, contada com sensibilidade e visual envolvente. Criado e dirigido porDavid Bisbano, o filme que estreia nos cinemas em seis países, incluindo o Brasil, claro, é uma coprodução internacional entre Argentina, Peru, Espanha e Brasil, tendo as vozes dos atoresDanton Mello eSophia Valverde.

A história gira em torno do momento de uma menina de 12 anos, Dalia, que encontra um livro de capa vermelha que não é apenas um objeto físico, mas uma espécie de chave que a transporta para um mundo onde seus próprios medos, sonhos e esperanças ganham vida. Inicialmente escrito por seu falecido pai, ela tem apenas 12 horas para finalizá-lo ou ver seu mundo mudar completamente.

Dalia é uma personagem cheia de camadas, e o filme revela gradativamente suas inseguranças, forças e anseios. Sua interação com o livro e com os outros personagens que encontra pelo caminho refletem aspectos de sua personalidade. O público percebe que cada personagem, cada situação e cada obstáculo são espelhos que revelam partes de Dalia que ela, até então, desconhecia. Esse desenvolvimento complexo da personagem torna sua jornada ainda mais cativante.

Além disso, visualmente,Dalia e o Livro Vermelhoé lindo e, mais do que fantasia, traz reflexão sobre a coragem necessária para nos confrontarmos e descobrirmos quem realmente somos. Conversei tanto com Sophia como Danton, com momentos emocionantes (com direito à lágrimas), num papo exclusivo paraCLAUDIA.

Dalia e o Livro
Filme ‘Dalia e o Livro Vermelho’ é opção para as criançasDisney/Divulgação

Danton Mello e Sophia Valverde falam sobre Dalia e o Livro Vermelho

CLAUDIA: Danton, você já participou de outros projetos de animação. Mas por que esse te chamou a atenção?

DANTON: Porque é uma animação sul-americana, de um estúdio pequeno, comparado com os grandes dos Estados Unidos. Quando recebi o convite, recebi também o material com alguns desenhos, um clipinho que nem estava totalmente pronto, mas deu pra perceber que tinha uma coisa diferente, que ele mistura técnicas, ele é animação, mas ele também tem uma coisa de stop motion.

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É um prazer pra mim e é um incentivo também, acho que a gente tem que ver coisas diferentes, a gente tem que ter novos estúdios. Eu tive essa experiência recente com uma animação totalmente brasileira, que foi oChef Jack, que é um estúdio de Minas Gerais, e o que me pegou também foi isso, ser algo local.

CLAUDIA: E, Sophia, como é que você se envolveu com esse projeto?

SOPHIA: Fiz teste e achei que não ia passar, mas passei, graças a Deus! [risos]. O meu teste era uma cena, se eu não me engano, com o bode. Só que no teste a gente não tem muita informação da personagem, da história e demorou bastante para ter o retorno. Mas deu certo!

CLAUDIA: E a história é emocionante!

DANTON: Sim, a história é fofa, é bonita, a história dessa menina que tem uma grande perda, pra gente já é difícil perder nossos pais, imagina pra uma criança! E esse pai que é tão parceiro e tão amoroso com ela. Eu sou pai de duas meninas, hoje já mulheres, mas eu sempre tentei criar memórias com elas também, elas desde pequenas conviveram em set de filmagem, set de gravação, em coxia de teatro e por isso vejo a Dalia ali sempre junto com o pai, que é um artista, que é um escritor, que é um criador…

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CLAUDIA: Essa identificação pessoal foi importante para o trabalho? Dalia precisa continuar um trabalho iniciado pelo pai dela…

DANTON: Sim, é engraçado. Por exemplo: minha filha mais velha se formou em roteiro de cinema e quer fazer animação, está em busca disso. Não escrevo, mas todo personagem que faço é também uma criação! [risos] Me identifiquei muito com esse personagem, Adolfo, porque sou assim com as minhas filhas até hoje. Acho importante ter diálogo, conversar, participar, ser amigo, estar junto.

Adolfo é um artista, um criador, mas que tem sua filhinha linda que quer trazer pro universo dele e isso cria memória, né? Cria conexão… Eu tenho até uma história muito engraçada. Minhas filhas, como eu falei, conviviam em coxia de teatro. E quando estava na escola, uma delas teve um trabalho de casa onde as crianças tinham que fazer um desenho que lembrasse o pai. Ela desenhou um batom.

A professora chamou a mãe dela e falou, “olha, sua filha não entendeu o que foi o trabalho”, mas é que na época que eu fazia uma peça na qual fazia vários personagens, incluindo mulheres. Minha filha estava sempre na coxia e me ajudava a passar o batom. Olha a memoriazinha dela, que coisa linda. Ela esteve numa coxia e o pai fazia vários personagens, e pensou “papai pode fazer de tudo”. Até hoje esse quadrinho guardado, esse quadrinho que é uma telinha e um batonzinho. Essa memória, essa conexão, entre pais, mães e filhos, é importantíssima.

CLAUDIA: Sim, e Dalia, por ter essa ligação com o pai, tem forças para enfrentar os desafios e se descobrir…

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DANTON: E é isso, fala de superação, essa menina que está lá nesse universo, nessa crise, e ela tem a figura do bode – que é o pai – que está do lado dela, incentivando, apoiando, estimulando. É o dever de todo pai e mãe estar junto, apoiar, mostrar os caminhos. [Faz uma pausa, se emocionando e segurando as lágrimas]. Fico até emocionado de falar porque sempre fiz isso por minhas filhas e com elas.

Hoje, são duas mulheres se descobrindo. Apesar de conviverem nesse meu universo, eu sempre falei “Vocês vão fazer o que vocês quiserem. Vocês têm que encontrar o caminho de vocês. Tem que encontrar o que faça vocês felizes”, e no filme é isso. Dalia inventa o bode que é o alter ego do pai, que a incentiva e mostra que ela é capaz de fazer o que ela quiser. De contar a história que ela quiser e de fazer o que ela quiser. Isso é o que a gente tem que fazer. [Faz nova pausa]

CLAUDIA: Pais e filhos vão se emocionar com Dalia e o Livro Vermelho, não é?

DANTON: Sim, Adolfo é amoroso, traz a filha para participar e que incrível para uma criança criar um personagem de um livro do pai. É pra ficar emocionado.

Sophia Valverde dubla o filme 'Dalia e o Livro Vermelho'
Sophia Valverde é dubladora de ‘Dalia e o Livro Vermelho’Disney/Divulgação
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CLAUDIA: E Sophia, como é que você descreve a Dália pra gente?

SOPHIA: Como uma pessoa muito inteligente, muito curiosa, muito amorosa, muito criativa. Me pareço em muitos pontos com a Dália! [risos] Ela é muito gentil e gosta de desvendar coisas, que gosta de descobrir novidades.

CLAUDIA: E forte! Porque a jornada dela começa de um lugar de dor, não é?

SOPHIA: Sim, é uma personagem maravilhosa, que tem a mãe, o pai dela ali, e os personagens do livro do pai dela. Ela entra na história do pai e vai criando coragem de terminar de escrever o livro dele. Tentando falar sem muito spoiler, ela vai viver grandes aventuras entrando no livro do pai, conhecendo os personagens que ele fez.

CLAUDIA: Você gosta de escrever? Tentaria terminar o livro de outra pessoa?

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SOPHIA: Gosto de escrever. Quando eu era menor, eu obrigava todas as minhas amigas a produzirem filmes comigo. Eu falava “sou diretora, escritora e atriz, e vocês também vão me ajudar aqui”[risos] Mas me vejo, às vezes, escrevendo alguma coisa, acho que seria muito legal. Tipo, Dália eO Livro Vermelho 2, quem sabe? [risos]

CLAUDIA: Danton se identificou bastante com o pai. Adolfo. E você já falou que é parecida com Dalia? Como foi essa conexão?

SOPHIA: Dalia está duvidando se consegue terminar o livro e houve uma época da minha vida em que eu fiquei meio em dúvida com minhas escolhas, tipo “será que consigo? Será que eu sou boa mesmo?” e acho que todo mundo um dia vai passar por isso, ou já passou, e vai entender que tudo vai dar certo, você consegue. E acho que a Dália passou por isso de uma forma muito linda, acho que se a gente pudesse passar igual a Dália, entrando às vezes num livro, seria muito mais emocionante!

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