Entenda como funciona a apuração dos votos nas eleições dos EUA


Cada governo estadual organiza e monitora sua votação com regras próprias, cédulas e sistema de apuração diferentes. Entenda como funciona a apuração da eleição presidencial nos EUA
A apuração nos Estados Unidos tem muitas peculiaridades. Os votos são impressos e cada estado organiza a eleição e a contagem como achar melhor. Esse processo fragmentado explica por que o resultado nacional demora a sair.
No Brasil, a apuração dos votos é eficiente, segura e rápida. Já nos Estados Unidos…
“Cada estado tem a sua legislação de apuração, tem estado que, por exemplo, apura os votos pelo correio, que chegam antes, antes de terminar eleição, tem estado que só pode começar a apurar quando termina a votação física. Tem estado que vota no papel, tem alguns estados que votam na máquina, tem alguns estados que votam na loteria”, explica Maurício José Moura, professor de gestão política/Universidade George Washington.
Apuração dos votos nas eleições dos EUA
Reprodução/TV Globo
A votação oficial é em novembro. Na maioria dos estados, algumas sessões eleitorais abrem antes disso para o voto antecipado. E o eleitor também pode enviar a cédula pelo correio até o dia da eleição – o que pode gerar impacto na apuração.
A contagem dos votos é acompanhada por fiscais dos dois partidos – democrata e republicano. Se a diferença for muito apertada, eles podem pedir recontagem.
“Na maioria dos estados, uma diferença de menos de 1% tem direito a recontagem manual. Enfim, é um processo complexo, descentralizado e que toma tempo”, pontua Maurício.
Apuração dos votos nas eleições dos EUA
Reprodução/TV Globo
Na prática, a eleição presidencial nos Estados Unidos é a soma de 50 eleições estaduais. Lá não existe um tribunal superior eleitoral para centralizar e organizar a votação. Então, cada governo estado organiza e monitora sua votação com regras próprias, cédulas e sistema de apuração diferentes.
E quem totaliza os votos no plano federal são os veículos de imprensa. A primeira organização a fazer isso foi a agência de notícias Associated Press, fundada como uma cooperativa de empresas de jornalismo em 1846 para distribuir informações sobre a guerra entre Estados Unidos e México.
Anna Johnson, chefe da AP da capital americana, em Washington, é responsável pela totalização dos votos e explica que o processo é longo e complexo.
“Temos 4 mil pessoas nos centros de totalização de cada condado em todo o país. São os lugares onde os funcionários responsáveis pela eleição tabulam os votos. Recebemos a informação direto dos locais de contagem e checamos três vezes. Depois, rechecamos várias vezes até ter certeza de que está correta. Só declaramos o vencedor quando não há mais nenhuma chance de o segundo colocado superar o que está na frente”, explica Anna Johnson, chefe do escritório de Washington da AP.
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As regras sobre a contagem de votos antecipados e daqueles enviados pelo correio também variam.
“Na Pensilvânia, por exemplo, um dos estados mais disputados, os votos da eleição antecipada só podem ser retirados do envelope e organizados para apuração depois do fechamento das urnas no dia da eleição. Então vai demorar mais para contar tudo”, destaca Johnson.
E tem mais um ingrediente que complica a apuração. Para vencer a eleição americana, não necessariamente vence quem tem mais votos em todo o país. E sim quem conquista mais delegados no colégio eleitoral. Cada estado tem um número de delegados proporcional a sua população. Vencendo por qualquer diferença, o candidato leva todos os delegados do estado. Essa soma final de delegados define o eleito.
“Cada vez que declaramos que um candidato venceu num determinado estado, damos a ele o número de delegados correspondente àquele estado – até que um deles atinja o total de 270 delegados no colégio eleitoral”, completa a chefe do escritório de Washington da AP.
Apuração dos votos nas eleições dos EUA
Reprodução/TV Globo
Para garantir a confiabilidade da contagem antecipada feita pela imprensa, Anna afirma que o mais importante é a precisão e a transparência do processo.
“Manter a total transparência do nosso trabalho é um jeito de combater a desinformação que envolve o processo eleitoral”, diz.
Apuração dos votos nas eleições dos EUA
Reprodução/TV Globo
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