Ovodoação: conheça processo que diminui custo de tratamento e ajuda mulheres com dificuldade na produção de óvulos


Processo da doação de óvulos é regulamentado e exige critérios. Valor da Fertilização In Vitro (FIV) para a doadora pode cair até 80%. Ovodoação baixa custo de tratamentos e ajuda mulheres em procedimentos de reprodução
Para algumas mulheres, o processo para engravidar é mais difícil, por conta da baixa produção e qualidade de óvulos. Neste contexto, a ovodoação — ou doação de óvulos — se tornou uma opção importante.
O processo envolve uma doadora e uma receptora e é completamente regulamentado.
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A doadora é aquela mulher que, por conta de um tratamento de fertilidade ou por questões naturais, apresenta produção maior de óvulos e, por isso, pode optar por doá-los.
Já a receptora, por questões como menopausa, fatores genéticos e falência ovariana, tem dificuldade para engravidar.
Segundo o médico embriologista Marcelo Rufato, o programa de doação compartilhada ajuda, principalmente, mulheres que desejam engravidar tardiamente.
“Uma parte das mulheres, ainda mais hoje em dia, na qual a gestação está vindo mais tardiamente, não têm óvulos próprios para poder ter essa gestação, então surge esse programa de doação compartilhada do qual uma parte dos óvulos da mulher que está passando pelo tratamento pode doar a outras mulheres que são as receptoras para elas poderem ter essa gestação”.
Ovodoação, processo diminui custo de tratamento reprodutivo e ajuda mulheres com dificuldade na produção de óvulos
Reprodução/EPTV
A prática é regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) na resolução nº 2.320/2022. Com a doação, o custo de uma Fertilização in Vitro (FIV) pode cair até 80%.
Apesar do benefício financeiro, esse não foi o único motivo que levou a funcionária pública Ariel Luzia Evangelista e o marido Leandro Evangelista a optarem por doar os óvulos durante o tratamento para ter a filha. Foram 12 anos tentando engravidar e Ariel encontrou um propósito durante o caminho.
“Se eu tinha algo dentro de mim que iria ajudar e eu tinha uma luz no fim do túnel, imagina para essas mulheres que não têm uma esperança. Eu, mais do que ninguém, sei a dor delas, sei a dor desses casais”.
Forma de ajudar outras mulheres
Com a pequena Liz, de quatro meses, nos braços, Ariel diz que os 12 anos de tentativa são apenas lembranças da maior realização da vida do casal. Eles fizeram o tratamento em uma clínica particular em Ribeirão Preto e, durante o percurso, muitas dificuldades surgiram.
A primeira tentativa da FIV não funcionou. A segunda, diz Ariel, foi ainda pior. Ela estava grávida de gêmeos, mas infelizmente perdeu os bebês.
“Se eu tivesse que desistir dela, eu tinha desistido na segunda. Tive uma gravidez heterotópica , uma gestação que começa no útero e o outro bebezinho foi lá para as trompas. Acabei perdendo a trompa direita, perdi os dois bebês e quase morri, porque me deu uma hemorragia interna”.
Ariel Evangelista e Leandro Evangelisata com a sua filha, Liz em Ribeirão Preto
Reprodução/EPTV
Com o apoio dos médicos, Ariel e o marido conseguiram ter a filha de forma saudável. A experiência e as dores enfrentadas no processo foram as principais razões para ela ajudar outras mulheres com os óvulos. Quando Ariel conheceu uma mulher ‘ovoreceptiva’, viu a felicidade que o gesto pode causar.
Leandro também acredita que os anos de tentativa foram essenciais para que hoje eles possam ajudar outros casais.
“Eu costumo falar que essa direção nos mostra muitas pessoas que passam por isso também, pessoas que, às vezes, são próximas de nós e a gente não sabia que tinha o mesmo problema. Hoje nós conseguimos ser testemunhas da vida delas, conseguimos direcionar e ajudar”.
Ariel Evangelista conseguiu ter sua primeira filha após três tentativas de Fertilização in Vitro (FIV)
Reprodução/EPTV
Regulamentação da doação
O procedimento de doação de óvulos é permitido no Brasil e regulamentado desde 2022, pela resolução nº 2.320 do Conselho Federal de Medicina. Uma das regras é que a doação deve ser sempre voluntária e não pode ter caráter lucrativo ou comercial.
Além disso, ela pode ser direta entre parentes até quarto grau (pais, filhos, avós, irmãos, tios e primos), desde que não incorra em consanguindade, ou pode ser anônima — neste caso, a doadora não sabe para quem serão destinados os óvulos e não tem contato com a mulher que vai receber o material.
Existe também um limite de idade, como explica Bufatto, que é de até 37 anos.
“Quem doa óvulos tem de ter até 37 anos e passar por uma anamnese, depende de cada clínica, mas, normalmente, a gente tem de ter uma receptora aguardando esses óvulos, então ela tem de ser compatível e as características principais que a gente utiliza são fenotípicas, como cor de cabelo, dos olhos, pele, altura, peso”.
Imagens de um procedimento de Fertilização in Vitro (FIV)
Arquivo Pessoal
A idade limite é colocada para a doadora por questões fisiológicas da mulher. As taxas de fertilidade começam a diminuir, bem como a qualidade, o que aumenta as chances de mutações genéticas.
Já a receptora não tem limite de idade, mas tem de ser saudável e precisa passar por uma consulta médica para definir se ela pode ou não receber os óvulos e ter uma gestação.
Para o médico, o programa é uma solução que funciona na prática.
“Acaba ajudando as duas mulheres, tanto quem está doando, quanto quem está recebendo. A doadora tem redução de custo no tratamento e a receptora recebe os óvulos que podem ajudá-la a ter essa gestação”.
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