Comandante-geral da PM e filho policial investigados pela PF fizeram três visitas ilegais a garimpeiro no maior presídio de RR


Coronel Miramilton Goiano e o filho são investigados por venda ilegal de munições e armas, mesmo crime do homem que eles visitaram no presídio. Ele, que segue no comando da PM, nega participação no esquema investigado pela PF. Comandante-geral da Polícia Militar de Roraima, coronal Miramilton Goiano
Reprodução/Instagram
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Miramilton Goiano, e o filho dele, Reniê Pugsley de Souza, que é policial penal, fizeram três visitas irregulares a um garimpeiro preso por venda de armas e munições na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, o maior presídio de Roraima. Pai e filho, e outros policiais, foram alvos da Polícia Federal nessa quarta-feira (23).
➡️ A PF investiga Miramilton, dois filhos dele que são policiais penais, além de um policial civil e outros penais por suspeita de venda ilegal de munições e armas de fogo em Roraima. Duas operações cumpriram 16 mandados de buscas e apreensões na casa dos investigados. A PF apura a relação entre os dois grupos: o chefiado pelo coronel e o outro por policiais penais.
Uma das visitas ilegais de Miramilton e Reniê no presídio ocorreu no dia 22 de dezembro de 2019, dez dias depois que o garimpeiro foi preso pela PF na operação K’daai Maqsin, deflagrada contra um grupo que fabricava e traficava armas para facções e garimpos ilegais no estado.
O garimpeiro, conforme as investigações que a Rede Amazônica teve acesso, à época, confessou ter comprado uma arma do coronel Miramilton por R$ 3.584.
Além disso, a apuração da PF identificou que o garimpeiro trabalhava num centro de formação de vigilantes administrado pelo coronel. A polícia tenta identificar qual era a relação do pai e do filho com o homem preso.
Em nota, a defesa de Miramilton negou a participação do coronel nos crimes citados. Informou ainda que ele “sempre pautou sua atuação profissional pelo mais estrito cumprimento da lei”. Também acrescentou que as medidas judiciais serão tomadas. Os advogados ainda não comentaram sobre as visitas que ele fez ao garimpeiro na prisão.
“Na condição de policial militar possui armas legalizadas e, portanto, registradas pela Polícia Federal. Além disso, é instrutor de tiro e Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC). Ressaltamos, ainda, que nunca sequer foi chamado para prestar esclarecimentos sobre o aludido fato […]”, argumentou.
Miramilton segue na mais alta função da corporação. O estado, que é responsável pela escolha do comando da PM, informou que o próprio governador havia determinado a abertura de processo administrativo disciplinar contra os envolvidos na operação da PF dessa terça.
No entanto, não explicou como seria a apuração contra Miramilton, tendo em vista que ele ocupa o posto mais alto dentro da estrutura da PM, o que impediria ele de responder a procedimento feito por outro militar hierarquicamente abaixo dele.
Procurado novamente pelo g1, o governo não enviou resposta até a última atualização.
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Operações contra comandante-geral e policiais penais
Nessa quarta-feira (23), a PF deflagrou duas operações de combate à venda ilegal de munições e armas de fogo em Boa Vista. Uma foi contra o coronel Miramilton Goiano – ele é apontado nas investigações da PF como o líder de um grupo criminoso que atuava, principalmente, com o apoio dos dois filhos policiais penais.
A outra operação foi contra um esquema de venda ilegal de arma operado por policiais penais – o grupo tinha garimpeiros como principais compradores.
As duas ações são desdobramentos das investigações iniciadas na Operação Alésia, deflagrada em 2020 pela PF contra agentes penitenciários (atualmente policiais penais) suspeitos favorecer uma facção criminosa nas unidades prisionais do estado.
Durante as investigações da Operaçao Alésia, a PF descobriu um esquema de venda ilegal de armas liderado por policias penais e com participação de um policial civil. As negociações de armas aconteciam principalmente através do WhatsApp, segundo as investigações, e miravam garimpeiros, visando maior lucro.
👉 A operação que mirou o comandante Miramilton Goiano e o deputado Rarison Barbosa, também foi resultado da análise de documentos apreendidos na Operação Alésia. No entanto, são operações diferentes, ambas da PF. Não houve menção a venda de armas e munições para garimpeiros nas investigações que miram o comandante.
👉 No total, foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão no âmbito das duas operações. Nove no esquema que envolve os policias civis e sete no âmbito da operação que investiga Miramilton.
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