Sem energia elétrica, moradores de condomínio dão ‘jeitinho’ com geladeira coletiva para armazenar alimentos e remédios


Conjunto residencial na Zona Sul da capital paulista conta com mais de mil moradores e está sem energia desde a sexta-feira (11). Em meio à falta de luz, moradores de São paulo dão “jeitinho” para utilizaram geladeira e até fazer massagem
Sem energia elétrica desde a última sexta-feira (11), moradores de um condomínio de prédios na Vila das Belezas, Zona Sul da capital paulista, relataram que tiveram que dar um “jeitinho” para amenizar os transtornos da falta de luz.
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Por conta do gerador, alguns serviços essenciais continuam funcionando, como os elevadores e a energia nas áreas comuns. Com isso, o condomínio criou algumas estratégicas: uma geladeira que ficava na sala da administração foi colocada no corredor para que pudesse ser usada de forma coletiva.
Os moradores, então, passaram a armazenar na geladeira alimentos e medicamentos que precisam de refrigeração (veja vídeo acima). Com a demanda, outras quatro geladeiras também passaram a ser usadas no local.
Moradores improvisam geladeira coletiva para prservar alimentos e medicamentos em condomínio de São Paulo
Reprdodução/TV Globo
Mas além das geladeiras, outros serviços também passaram a ser feito na área comum do prédio pelos moradores, onde tem energia.
A idosa Creuza Costa conta que precisou fazer sua sessão de fisioterapia na brinquedoteca do condomínio, já que sofre com dores e não podia desmarcar.
“Olha, a minha maior dificuldade é que meu marido está acamado. A fisioterapia, hoje, ele não conseguiu fazer porque não conseguiu descer [na brinquedoteca]. Eu estou com muita dor também. Muito difícil”.
Segundo a síndica do prédio, Luciana Toledo, a Enel ainda não deu uma previsão de quando a energia retorna ao local.
“A gente não consegue ter um retorno preciso do que de fato está acontecendo, e quanto tempo a gente ainda vai ficar nessa situação”, afirma.
Moradora faz fisioterapia na brinquedoteca apra aproveitar área de lazer com luz em condomínio na Zona Sul da capital
Reprodução/TV Globo
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4° dia de apagão
A concessionária Enel Distribuição SP informou desta terça-feira (15) que 250 mil imóveis de cidades da Grande São Paulo continuavam sem energia elétrica até as 6h desse quarto dia de apagão.
A falta de energia ocorre após um temporal ter atingido o estado de São Paulo na última sexta-feira (11). Segundo a Defesa Civil, sete pessoas morreram na região metropolitana e no interior do estado (veja mais abaixo).
A Prefeitura de São Paulo informou que registrou 386 ocorrências de quedas de árvores até esta segunda-feira. Destas, 49 aguardam a atuação da empresa Enel para que as equipes municipais iniciem o trabalho.
Condomínio às escuras na rua Adele, em Santo Amaro, Zona Sul de São Paulo, que está sem luz desde sexta-feira (15).
Acervo pessoal
O temporal também atingiu 150 escolas, sendo 68 com falta de energia, de acordo com a Secretaria Estadual da Educação.
“Amanhã (15), não haverá aulas nas escolas estaduais por conta do Dia do Professor. As unidades sem energia elétrica já acionaram a concessionária responsável e aguardam a manutenção da rede. As equipes técnicas de obras da Seduc-SP continuarão a realizar os reparos para que as aulas retomem na quarta-feira (16)”, disse a pasta em nota.
Conforme a Enel, em acordo feito com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a empresa cumprirá o prazo de três dias para restabelecer totalmente o fornecimento de energia a todos os clientes.
“Para atender casos críticos, a Enel disponibilizou 500 geradores (40 de grande porte) para serviços essenciais, como hospitais, e clientes que dependem de eletricidade para manutenção de equipamentos hospitalares, por exemplo.”
Força-tarefa
Restaurante na Henrique Schaumann atende clientes à luz de velas
Rodrigo Rodrigues/g1
O ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira afirmou que outras concessionárias do país farão uma força-tarefa para que a Enel consiga restabelecer a energia elétrica para os milhares de imóveis da capital e Grande São Paulo que continuam sem luz nesta segunda (14).
“Somados às distribuidoras CPFL, Enel, EDP, ISA CTEEP, Eletrobras, Light, Energisa, que estão aqui hoje, nós estamos ampliando de 1.400 [funcionários da Enel] para 2.900 profissionais, além de mais de 200 caminhões para apoiar essas equipes, fora os caminhões de própria Enel, e mais de 50 equipamentos”, afirmou.
A distribuidora Neoenergia Elektro também participa da força-tarefa. Ao g1, informou que deslocou equipes do interior de São Paulo para a capital para apoiar a Enel.
Durante a coletiva, o ministro criticou o fato de a empresa não dar previsão de restabelecimento de energia para os moradores, disse que a Enel “beirou a burrice” ao se modernizar e reduzir sua mão de obra e fez duras críticas ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) o acusando de divulgar fake news em relação ao contrato com a Enel e cobrou por mais planejamento urbano.
Ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira durante coletiva em São Paulo
TV Globo
“Quando a Enel disse que não tinha previsão de entrega dos serviços à população, eu disse que ela cometeu um grave erro de comunicação, um grave erro de seu compromisso contratual com a sociedade de São Paulo de não dar uma previsão objetiva. Eu disse pra ela [Enel] que ela tem os próximos três dias pra resolver os problemas de maior volume”.
O presidente da Enel, Guilherme Lencastre, afirmou no sábado (12) que a empresa disponibilizou 500 geradores para atender hospitais e estabelecimentos que estão sofrendo com a falta de luz na região de concessão, além de ter dois helicópteros da empresa sobrevoando as linhas de transmissão para identificar eventuais problemas.
Lencastre culpou o vento histórico que atingiu a capital paulista e as cidades da Grande SP, com rajadas de mais de 107,6km/h pelos transtornos ocorridos na cidade. Ele não deu prazo para a volta total da energia na área de concessão.
Restaurante sem energia elétrica na Rua Teodoro Sampaio, em Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo, em 13/10/2024.
WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO
Apagão
O temporal que atingiu a Grande São Paulo na noite desta sexta-feira (11) ocorreu por volta das 19h30. Conforme o g1 publicou, moradores de várias cidades da Grande SP e de vários bairros da capital paulista narraram que estavam havia mais de 80 horas sem luz.
Eles relataram muitas dificuldades para falar com a Enel para abrir chamado e ter uma previsão de restabelecimento da energia elétrica.
Rua de bares em Pinheiros sem luz, mas com clientes
Fábio Tito/g1
O presidente da empresa afirmou que a central telefônica da empresa recebeu mais de 1 milhão de chamados desde a noite anterior e estava ampliando a capacidade de atendimento.
Por ora, a Enel diz que os canais mais recomendados pela empresa para o contato dos usuários são os seguintes:
SMS: envie gratuitamente mensagem de texto do seu celular para o número 27373 com a palavra luz e o número da instalação que está sem energia. Exemplo: luz 012345678.
Pelo aplicativo da Enel, site enel.com.br e whatsapp: (21) 99601-9608.
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Abastecimento de água
A falta de luz na Grande SP também afetou o abastecimento de água em várias cidades da região de sábado (12) até esta segunda (14), segundo a Sabesp.
Segundo a empresa, a interrupção do fornecimento de eletricidade prejudicou o funcionamento de estações elevatórias e boosters, equipamentos que transportam a água para locais mais altos.
Porém, a situação foi normalizada na noite de segunda (12) em quase todas as áreas. Apenas em Mauá o fornecimento ainda está em fase de normalização, com intermitência de abastecimento nos seguintes bairros: “Zaira, Vila Tavares, Bela Vista, Jd. Cruzeiro, Jd. São Gabriel, Jd. Miranda D’Aviz, Jd. Paranavaí, Jd. Alto da Boa Vista, Jd. Zaira-Macuco e Pq. das Américas”.
O mesmo acontece nos bairros Parque do Lago e Vista Alegre, na Zona Sul da capital. Já Cidade Júlia e Marsilac, também na Zona Sul, e Casa Grande, em Diadema, continuam a sofrer os efeitos da queda de energia, que afeta equipamentos que transportam a água para locais mais elevados.
“A Sabesp orienta o uso consciente aos moradores dessas regiões que dispõem de água no momento, para acelerar a recuperação de todo o sistema”, disse a empresa em nota.
Ventania na região da Bela Vista, em SP
Mortes e estragos da sexta
Na contagem feita até o início da tarde deste sábado (12), sete pessoas morreram no estado de SP em virtude das chuvas. Três delas em Bauru, no interior, e quatro na Região Metropolitana:
Bauru: três mortes após queda de muro;
São Paulo: uma morte após queda de árvore no bairro Campo Limpo;
Diadema: uma morte após queda de árvore;
Cotia: duas mortes após queda de muro.
Queda de poste na Avenida Morumbi, Zona Sul de SP
Prejuízo para o comércio
Levantamento feito pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) aponta que a falta de eletricidade em parte significativa da cidade de São Paulo, que já dura quatro dias, está gerando prejuízos graves aos setores do varejo e de serviços que já somam cerca de R$ 1,65 bilhão.
Segundo a entidade, os cálculos consideram o faturamento que ambos as empresas deixaram de registrar no período e as perdas brutas até essa segunda-feira (14). O apagão chegou nesta terça (15) ao 4° dia consecutivo com mais de 250 mil endereços ainda sem luz na Grande SP (veja mais abaixo).
Só no varejo, os prejuízos são de pelo menos R$ 536 milhões nos três dias em que parte dos agentes do setor ficou sem funcionar na cidade. No caso dos serviços, as perdas somaram R$ 1,1 bilhão.
“Esses dados foram compilados levando em conta que, aos fins de semana, o comércio de São Paulo tende a faturar, em média, R$ 1,1 bilhão por dia, enquanto os serviços têm receitas de R$ 2,3 bilhões”, disse um comunicado da empresa divulgado na madrugada desta terça-feira (15).
“O valor deverá ser maior, porque a empresa responsável pela distribuição de energia, a Enel, ainda não forneceu respostas concretas sobre o retorno do serviço à totalidade dos imóveis que dependem da rede”, completou a Fecomércio-SP.
A federação afirma que está trabalhando desde sexta (11) para colaborar com os setores mais afetados pelo novo apagão em São Paulo, dialogando com autoridades –como a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Prefeitura de São Paulo – e, em paralelo, exigindo que a Enel faça a restauração da distribuição com o máximo de urgência possível.
“Para a FecomercioSP, é inaceitável que a maior metrópole brasileira sofra com constantes cortes de energia, como vem acontecendo nos últimos meses. Pior do que isso, a cidade não pode ficar tanto tempo sem eletricidade em meio a esses episódios. A interrupção atual já entra no quarto dia nesta terça-feira (15), enquanto o último apagão, no fim de 2023, durou uma semana. Segundo a entidade, a falta desse serviço básico acarreta problemas significativos para a população e prejuízos enormes ao empresariado.
“A federação tem apontado à Enel como muitas empresas estão contabilizando perdas econômicas a cada dia sem luz, como mercados, restaurantes, farmácias e lojas do varejo, além de serviços que ficam impossibilitados de operar, já que, além da energia, estão sem acesso à Internet. Sem contar os custos excedentes para estabelecimentos que, diante da situação alarmante, não viram outra opção que não locar geradores, contratar mão de obra extra ou comprar combustíveis para manter dispositivos operando”, declarou.
Veja mais fotos e vídeos do temporal:
Ventania derrubou teto de casa no Jardim Independência, em São Bernardo do Campo, Grande SP, na noite desta sexta-feira (11).
Montagem/g1/Acervo pessoal
Queda de árvore na Avenida Lauro Gomes, em Santo André, na Grande São Paulo
Abraão Cruz/Reprodução
Queda de árvore na Rua Kaoro Oda, perto da Subprefeitura do Butantã e do Metrô Vila Sônia, na Zona Oeste
Arquivo pessoal
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Queda de árvore na Rua Jureia com a Rua Luís Góis
Árvore caída fecha rua do Jardim Marajoara em SP
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