A 78ª reunião da Assembleia Mundial da Saúde (MAS) da Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciou nesta segunda-feira (19) e segue até o dia 27, em Genebra, na Suíça. O tema da Assembleia deste ano, “Um mundo unido pela saúde”, ressalta o compromisso contínuo da OMS com a solidariedade e a equidade, enfatizando que, mesmo em tempos sem precedentes, todos, em todos os lugares, devem ter a mesma oportunidade de viver uma vida saudável.
“Estamos aqui não para atender aos nossos próprios interesses, mas para atender aos 8 bilhões de pessoas do nosso mundo. Para deixar um legado para aqueles que virão depois de nós, para nossos filhos e nossos netos. E para trabalharmos juntos por um mundo mais saudável, mais pacífico e mais equitativo. Isso é possível”, conclamou o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em seu discurso de abertura.

O Brasil participa ativamente da reunião da Assembleia Mundial da Saúde (MAS). A delegação conta com a participação do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, do presidente da Fiocruz, Mario Moreira, da presidenta do Conselho Nacional de Saúde, Fernanda Magano, entre outros integrantes do ministério e organizações brasileiras.
Padilha, em sua fala no evento paralelo “Avanço das discussões sobre saúde e clima rumo à COP30: um diálogo com a Coalizão de Continuidade de Baku”, salientou que este ano o Brasil sediará a COP30, em Belém, a primeira conferência climática a ser realizada em uma cidade da Amazônia. “Cabe a nós trabalharmos, ao longo de 2025, para juntos construirmos sistemas de saúde resilientes, sustentáveis e equitativos.”
O ministro reiterou o convite do presidente Luís Inácio Lula da Silva para somar forças em um grande mutirão global contra a mudança do clima. “Essa mobilização conjunta, expressa nessa linda palavra – mutirão – que herdamos dos povos indígenas do Brasil, mostrará que o multilateralismo está mais vivo do que nunca e que países, organizações internacionais, empresas, sociedade civil, cidadãos e cidadãs entregarão, cada qual, sua parcela de contribuição para enfrentar o maior desafio do nosso século.”
125 anos da Fiocruz
Em paralelo à 78ª Assembleia Mundial da Saúde, nesta terça-feira (20), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) promoverá um evento de comemoração aos seus 125 anos. O evento visa celebrar o legado científico da Fiocruz e a sua liderança na avaliação de risco de novas epidemias e pandemias. Também irá salientar o papel da organização na construção de sistemas de saúde pública, como centro de pesquisa e desenvolvimento, capacitação regional e abordagens colaborativas para enfrentar desafios significativos na área da saúde.
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“O melhor remédio é a paz”
A situação de países em guerra ou em conflitos tais como Palestina, Sudan, Ucrania, entre outros, onde a assistência médica às populações encontra-se extremamente afetada foi outro tema abordado por Tedros em sua fala de hoje. “Em qualquer país, o melhor remédio é a paz e uma solução política. Espero que prevaleça uma paz que possa transcender gerações. A guerra não é a solução. A paz é”, afirmou ele.
No caso específico de Gaza, a OMS, juntamente com outros órgãos da Organização das Nações Unidas (ONU), está pronta para agir rapidamente e distribuir as 116.000 toneladas de alimentos que se encontram bloqueadas na fronteira.
“As pessoas estão morrendo de doenças evitáveis enquanto os medicamentos aguardam na fronteira, enquanto os ataques a hospitais negam atendimento médico às pessoas e as desencorajam a procurá-lo. Mais de 10.000 pacientes ainda precisam de evacuação médica de Gaza. Pedimos aos Estados membros que aceitem mais pacientes e pedimos a Israel que permita essas evacuações e a entrada de alimentos e medicamentos urgentemente necessários em Gaza”, clamou o diretor geral da OMS.
Financiamento e Acordo de Pandemias

Na atual geopolítica mundial dois temas se destacam no evento: o financiamento da OMS e o Acordo de Pandemias. O Acordo Pandêmico é uma proposta histórica desenvolvida ao longo de mais de três anos de intensas negociações pelo Órgão de Negociação Intergovernamental composto por todos os Estados membros da OMS. Essa proposta será a segunda na história a ser submetida à aprovação nos termos do Artigo 19 da Constituição da OMS, que dá aos Estados membros a autoridade para chegar a acordos sobre saúde global.
As discussões sobre o financiamento da OMS para o biênio 2026-2027 são consideradas de vital importância para a continuidade do trabalho da organização. O orçamento que será analisado durante a MAS é um orçamento de programa reduzido de US$ 4,2 bilhões, o que representa uma redução de 21% em relação ao orçamento original proposto de US$ 5,3 bilhões.
O diretor geral argumentou que “não somos ingênuos em relação a esse desafio, mas para uma organização que trabalha em 150 países, com a vasta missão e o mandato que nos foi dado pelos Estados-membros, US$ 4,2 bilhões em dois anos (ou US$ 2,1 bilhões por ano) não é ambicioso, mas extremamente modesto. Espero que concorde comigo, e vou lhe dizer por quê: US$ 2,1 bilhões equivalem a gastos militares globais a cada oito horas; US$ 2,1 bilhões é o preço de um bombardeiro stealth… para matar pessoas; 2,1 bilhões de dólares representam um quarto do que a indústria do tabaco gasta em publicidade e promoção a cada ano. E, novamente, um produto que mata. Alguém parece ter alterado os preços do que é realmente valioso em nosso mundo”.
