Venezuela denuncia nova tentativa de golpe e cancela voos para Colômbia às vésperas da eleição

Faltando seis dias para as eleições regionais no país, o governo da Venezuela denunciou uma nova tentativa de ataques estrangeiros. O ministro do Interior, Diosdado Cabello, disse nesta segunda-feira (19) ter identificado e desmobilizado planos de ataques terroristas por parte da oposição de extrema direita venezuelana e isso levou Caracas a suspender todos os voos vindos da Colômbia. 

Segundo o ministro, 38 pessoas foram presas nos últimos dias acusadas de fazerem parte de um grupo de “mercenários, especialistas em explosivos e coiotes”. Eles supostamente tentaram entrar no país pela Colômbia, tanto por terra como em voos comerciais, sendo 21 venezuelanos e 17 estrangeiros, incluindo colombianos, mexicanos, ucranianos e um albanês de nacionalidade colombiana. 

Cabello afirmou que eles teriam recebido treinamento paramilitar no Equador e que ex-presidentes colombianos como Álvaro Uribe, Iván Duque e Juan Manuel Santos tiveram participação direta na direção. 

“O objetivo deles era realizar ataques explosivos contra embaixadas, delegacias, hospitais, centros de serviços públicos, postos de gasolina, subestações elétricas e funcionários do governo. Eram ataques com explosivos visando especificamente embaixadas na Venezuela. Em suas reuniões, eles dizem que, se bombardeassem uma embaixada, o mundo inteiro descobrirá e se falará da ‘fraqueza’ do governo. Pessoas sem escrúpulos”, disse Cabello.  

Ainda conforme o ministro, eles teriam como alvo lideranças do governo e de integrantes de grupos organizados venezuelanos, um dos presos tem origem albanesa e estaria sendo procurado como traficante internacional de drogas. Ele estaria nos EUA e teria feito um pagamento e uma reserva em um hotel na capital venezuelana. 

Dentre os detidos, havia um grupo de venezuelanos que voltavam ao país com “artefatos explosivos, que eles chamam de detonadores elétricos”.

Diosdado Cabello acusou Arturo José Gómez Morán, ex-chefe da GNB, de liderar um grupo com apoio dos EUA para sequestrar familiares de autoridades venezuelanas e sabotar as eleições, vinculando María Corina Machado ao plano sem apresentar provas. Nicolás Maduro reforçou a segurança para as eleições regionais de 25 de maio, visando neutralizar ataques ao sistema elétrico.

Voos comerciais entre Venezuela e Colômbia foram suspensos para conter o fluxo de pessoas ligadas à suposta operação. A Venezuela, já isolada, teve seus voos impactados após as eleições presidenciais de 2024, com uma queda significativa no número de voos semanais. A Latam retomou voos para Bogotá em 2025, elevando a média semanal para 100.

Outras operações

Desde 2013, Nicolás Maduro enfrentou vários planos para derrubar seu governo. Em 2013, um grupo paramilitar colombiano, Los Rastrojos, planejou ocupar Caracas, mas foi impedido. Outro plano, o “Golpe Azul” ou “Operação Jericó”, envolveu militares venezuelanos e o governo dos EUA, visando atacar o palácio Miraflores, também frustrado.

Em 2020, a Operação Gedeón, com ataques em vários locais, resultou em 29 condenações por traição e terrorismo. Uma lancha armada tentou aportar perto de Caracas, com origem na Colômbia, mas foi interceptada. Em 2023, cinco tentativas de golpe foram desmanteladas, com 32 prisões.

No final de 2024, um plano para matar Maduro e a vice Delcy Rodríguez foi descoberto, apreendendo 400 fuzis e prendendo seis pessoas. O governo venezuelano alega que os fuzis apreendidos na tentativa de golpe de 2024 eram de uso exclusivo dos EUA, comprovando o envolvimento americano.

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