
Na manhã de ontem (domingo), o Vaticano testemunhou um momento histórico: a missa inaugural do Papa Leão XIV, o primeiro pontífice americano a assumir o cargo. Líderes de diversos países compareceram à cerimônia, marcando a transição após o falecimento do Papa Francisco.
Entre as presenças ilustres, destacou-se o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, que aproveitou o evento para um gesto de reaproximação com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy. Os dois haviam tido um desentendimento público meses antes, quando Zelenskyy visitou a Casa Branca vestindo roupas casuais — um episódio que gerou críticas de Vance na época.
Enquanto figuras como o rei Charles III e o primeiro-ministro britânico Keir Starmer não compareceram, a atenção do público se voltou para um detalhe curioso: o visual repetido de Zelenskyy.
Em ambas as cerimônias — o funeral do Papa Francisco e a posse de Leão XIV — o líder ucraniano optou por um conjunto discreto: calças pretas, botas e um blusão militarizado, bordado com o tridente dourado, símbolo nacional da Ucrânia. A escolha, longe de ser casual, carrega um significado estratégico.

Desde o início da invasão russa, em 2022, Zelenskyy abandonou os trajes formais para adotar roupas que remetem ao campo de batalha. O visual, que já foi alvo de questionamentos, tornou-se uma ferramenta de comunicação.
Em fevereiro, após uma entrevista em que um jornalista americano criticou sua vestimenta durante visita à Casa Branca, Zelenskyy respondeu com humor: “Usarei trajes elegantes quando a guerra terminar. Talvez algo melhor — ou mais barato”. A declaração, feita com leveza, esconde uma mensagem séria: enquanto o conflito persistir, seu guarda-roupa continuará sendo um lembrete visual da realidade ucraniana.
A estratégia parece funcionar. Especialistas em comunicação política apontam que a imagem de Zelenskyy, transmitida globalmente, reforça a urgência do apoio internacional. A estilista Elvira Gasanova, que analisou o tema em entrevista à Politico, explicou: “As roupas militares enviam um sinal claro: a Ucrânia está em guerra, e seu presidente é parte ativa dessa luta. Um terno tradicional passaria a ideia de normalidade, algo que não existe no país hoje”.
O próprio Zelenskyy já revelou planos para o pós-guerra. Em um documentário produzido por uma emissora ucraniana, ele exibiu um paletá guardado para ocasiões futuras. “Este casaco é um símbolo”, disse. “Significa que venceremos em breve e poderemos voltar a usar roupas comuns”. Enquanto isso, suas botas e blusão continuam cumprindo um papel inesperado na diplomacia global.
A cerimônia no Vaticano também evidenciou como a aparência de líderes pode transcender o protocolo. Enquanto autoridades vestiam trajes solenes, Zelenskyy manteve sua identidade visual — uma decisão que, segundo observadores, amplifica a mensagem de resistência ucraniana.
Mesmo em eventos internacionais, onde a etiqueta costuma ditar regras rígidas, sua imagem desafia convenções para manter o foco na crise humanitária e militar que assola seu país.
Enquanto o Papa Leão XIV inicia seu pontificado, a presença de Zelenskyy no evento reforça um paradoxo dos tempos atuais: em um mundo de discursos e protocolos, às vezes são as roupas que falam mais alto. E, no caso ucraniano, elas gritam por atenção, solidariedade e ação.
Esse A razão pela qual Volodymyr Zelensky não usou terno na missa inaugural do Papa Leão XIV foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.