Gripe aviária: o que é, quais os riscos e como se proteger

Entenda o que é gripe aviária e perigos (Foto: Divulgação/Canva)

O Brasil confirmou nesta sexta-feira, 16, dois focos de gripe aviária no Rio Grande do Sul. Um deles – o mais preocupante – foi registrado em uma granja de produção de ovos férteis em Montenegro, na região metropolitana de Porto Alegre, e é o primeiro caso identificado em aves comerciais no País. O outro foco ocorreu no Zoológico de Sapucaia do Sul, a cerca de 50 quilômetros dali, onde cerca de 90 aves aquáticas morreram. Como medida preventiva, o local foi fechado para visitação.

O surto em Montenegro chamou atenção pelas proporções: mais de 15 mil aves morreram em um plantel de 17 mil. As que sobreviveram foram sacrificadas, e toda a produção de ovos das últimas quatro semanas está sendo rastreada e descartada. Em resposta, o Ministério da Agricultura e Pecuária decretou estado de emergência zoossanitária por 60 dias na região, com restrições em um raio de 10 km.

A presença do agente infeccioso no Brasil tem gerado preocupação desde 2023, quando identificado no País pela primeira vez, porém, em aves silvestres.

O que é a gripe aviária?

A gripe aviária, ou influenza aviária, é uma doença infecciosa causada pelo vírus influenza tipo A, que pode afetar aves e, mais raramente, mamíferos, incluindo humanos. O subtipo H5N1, classificado como de alta patogenicidade, é o principal responsável pelos surtos recentes. Desde 2022, casos vêm sendo registrados de forma persistente em países das Américas, incluindo Argentina, Chile, Estados Unidos e, mais recentemente, o Brasil.

A doença é altamente contagiosa entre aves e seu principal sinal é a morte súbita. A mortalidade em lote pode ultrapassar 60%, chegando a 100% em casos mais agressivos, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Outros sinais incluem tosse, muco nasal, queda na produção de ovos, hemorragias, inchaço em articulações e alterações na coloração da crista.

Há risco para humanos?

Segundo o Ministério da Saúde, “sempre que os vírus da influenza aviária circulam entre aves, existe o risco de ocorrência esporádica de casos humanos pela exposição a aves infectadas ou ambientes contaminados”.

Especialistas explicam que, apesar da possibilidade de infecção humana, as chances são consideradas muito baixas. “A confirmação do vírus não indica uma situação fora de controle”, disse Isabella Ballalai, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), em entrevista ao Estadão. “Pelo contrário, mostra que o sistema de vigilância está funcionando.”

Os casos ocorreram quase exclusivamente por contato direto e desprotegido com aves contaminadas. Por isso, profissionais que trabalham com aves devem utilizar equipamentos de proteção, como máscaras e luvas. Criações domésticas também exigem atenção: mortes repentinas devem ser comunicadas imediatamente às autoridades sanitárias.

A transmissão entre pessoas, quando ocorre, é rara, limitada e ineficiente.

Sintomas da gripe aviária

Nos seres humanos, os sintomas iniciais lembram os da gripe comum: febre alta, tosse, náusea, vômito e diarreia. Em alguns casos, há evolução rápida para desconforto respiratório e pneumonia grave. Outros sintomas relatados incluem dor abdominal, sangramento do nariz ou gengivas, dor de cabeça e dor no peito. A taxa de letalidade chega a 50%, uma das mais altas entre os vírus conhecidos.

Desde 2003, a Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou 874 infecções humanas, incluindo 458 óbitos. No Brasil, não há registro de infecção em humanos até o momento.

É seguro consumir ovos e carne de frango?

Sim. O vírus da gripe aviária não resiste ao calor, portanto, alimentos bem cozidos não transmitem a doença. A orientação é evitar produtos crus ou mal cozidos, como ovos com gema mole, medida já recomendada para evitar outras infecções alimentares.

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