
A partir do ano que vem, PSDB e Cidadania não estarão mais federados. O “casamento” firmado em 2022, que tinha como objetivo auxiliar as duas siglas a terem um melhor desempenho nas urnas, chega ao fim, sem muitos frutos.
No dia 16 de março, o diretório nacional do Cidadania decidiu não renovar a federação com os tucanos. A decisão já tinha sido tomada pela Executiva nacional, em fevereiro, mas precisava ser confirmada por todo o partido.
Mesmo com o “divórcio” só podendo ser assinado, obrigatoriamente, no ano que vem – na federação, os partidos precisam ficar ao menos quatro anos juntos –, as duas legendas já estão na pista e buscando novos parceiros.
Como já noticiado pela coluna, o PSDB estuda uma fusão com o Podemos. A Executiva nacional dos tucanos já aprovou e convocou uma convenção, para junho, para ratificar a decisão com todo o partido. O Podemos deve também reunir seus filiados no próximo mês.
Já o Cidadania está iniciando um namoro com o PSB. Os presidentes nacionais das duas siglas – Carlos Siqueira (PSB) e Comte Bittencourt (Cidadania) – se reuniram recentemente e, nos bastidores, a união é vista com bons olhos.
No Espírito Santo, a sinalização não é diferente e tudo indica que o Cidadania trocará o tucano pela pomba.
Sinal positivo no ES
Aqui, PSB e Cidadania já são aliados há um bom tempo. O Cidadania acompanha o governo Casagrande desde quando o partido ainda se chamava PPS. Já esteve no primeiro escalão do Palácio Anchieta como, da mesma forma, o PSB também ocupou lugar de destaque quando o Cidadania comandou a Prefeitura de Vitória – chegou a ter a cadeira de vice.
É fato que, em 2020, Cidadania e PSB se estranharam na Capital. O então prefeito, Luciano Rezende (Cidadania), e o vice-prefeito, Serginho Sá (PSB), romperam, e PSB e Cidadania ficaram em lados opostos nas eleições.
Isso, porém, não abalou a aliança estadual. Em 2022, Luciano estava no palanque de Casagrande pedindo voto para a reeleição do governador. E os partidos continuam caminhando juntos.
Com relação a 2026, tanto o presidente estadual do PSB, Alberto Gavini, quanto o presidente estadual do Cidadania, Luciano Rezende, são a favor de uma federação entre as legendas.
“Sim, somos favoráveis à federação, mas ainda está em fase de discussão. Provavelmente nas próximas semanas, no Congresso Nacional do PSB, este assunto será debatido”, disse Gavini.
O congresso do ninho socialista está marcado para ocorrer entre os dias 30 de maio e 1º de junho, em Brasília, onde também deve ser debatida a possibilidade de uma federação maior, com um terceiro partido: o PDT.
Se vingar, o comando da federação no Espírito Santo deve ficar com o PSB, pelo tamanho da legenda. No ano passado, o partido do governador elegeu 22 prefeitos, tem um deputado federal e três deputados estaduais.
Já o Cidadania vem enfrentando um processo de enfraquecimento e esvaziamento nos últimos anos. Só tem um prefeito em todo o Estado (Piúma) e não tem representação nem na Assembleia e nem no Congresso. Seu quadro de destaque é o presidente, o ex-prefeito Luciano Rezende.
Se não federar ou fundir com outro partido, dificilmente o Cidadania sobreviverá à próxima eleição. Para 2026, os partidos precisarão eleger no mínimo 13 deputados federais, em pelo menos nove estados. Hoje, o Cidadania tem quatro deputados federais, em todo o País.
“Sou favorável à federação com o PSB. No Espírito Santo só vejo aspectos positivos, já que temos caminhado juntos e com ótima relação”, disse o ex-prefeito de Vitória.
Segundo Luciano, a cúpula nacional do partido já está se reunindo para decidir o futuro da legenda. “Está se iniciando a discussão”, disse ele.
Questionado sobre o motivo do Cidadania não querer renovar a federação com o PSDB, Luciano respondeu: “Os resultados da junção não foram positivos na maioria dos estados”. Nos bastidores, haveria também um racha entre as duas legendas.
Em 2022, a federação PSDB-Cidadania elegeu apenas 18 deputados federais – sendo que 14 eram do PSDB. Nenhum do Estado.
Luciano Rezende vai disputar em 2026?
Federados ou não, o maior desafio dos partidos hoje é a formação da chapa federal. Conseguir montar uma chapa completa, obedecendo à regra da cota feminina e ainda ter nomes competitivos é o sonho de 10 em cada 10 dirigentes partidários.
Por isso que mandatários e ex-mandatários, que já têm um capital político, são cobiçados para a missão. E Luciano está nesse bolo. Desde que deixou a Prefeitura de Vitória, em 2020, ele tem sido sempre questionado sobre disputar novamente. Chegou a ser sondado em 2022 e no ano passado também.
A coluna De Olho no Poder questionou ao ex-prefeito se ele pretende disputar em 2026. Ele, porém, foi enfático: “Não disputarei no ano que vem”.
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