O movimento da Luta Antimanicomial do Paraná organiza um ato em Curitiba (PR) na próxima sexta-feira (16) contra o que chama de “hospícios camuflados” e o financiamento de comunidades terapêuticas com recursos públicos. A concentração começa às 19h na Praça do Redentor, conhecida como Pista do Gaúcho, no bairro São Francisco, com marcha prevista para às 20h.
A manifestação ocorre às vésperas do Dia Nacional da Luta Antimanicomial, celebrado em 18 de maio. A data remete ao encontro de profissionais da saúde mental realizado em 1987, em Bauru (SP), considerado um marco do movimento antimanicomial no Brasil. A mobilização impulsionou mudanças na política de saúde mental e resultou na aprovação da Lei da Reforma Psiquiátrica (Lei 10.216/2001), que prevê a substituição de hospitais psiquiátricos por serviços comunitários.
Integrantes do movimento criticam o que consideram um retrocesso. Segundo eles, práticas de isolamento e medicalização excessiva continuam presentes em instituições como comunidades terapêuticas e hospitais psiquiátricos, mesmo após duas décadas da lei.
“Os manicômios falham porque rompem laços familiares e comunitários, transformando o sofrimento em exclusão e lucro”, diz o texto de convocação do ato. O movimento cobra o fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), composta por serviços como Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Serviços Residenciais Terapêuticos e Centros de Convivência e Cultura, entre outros.
A mobilização ganhou força após o anúncio do governador Ratinho Junior (PSD), que destinou R$ 10 milhões a comunidades terapêuticas no estado. Parte dessas instituições, segundo os organizadores do ato, é vinculada a grupos religiosos e setores conservadores, sem estrutura técnica para lidar com casos complexos de saúde mental.
Além da política de saúde, o movimento também critica a atuação da segurança pública do Paraná, que, segundo eles, atinge “níveis históricos de assassinatos cometidos pela Polícia Militar” e contribui para a negação de direitos à juventude negra e periférica. “Rejeitamos esse projeto de morte que, assim como os manicômios, isola e destrói vidas”, diz a nota.
Desde 2023, o movimento tem retomado as mobilizações de rua, após quase dez anos sem atos públicos no estado. As atividades são organizadas por trabalhadores e estudantes da área da saúde, em parceria com movimentos sociais.
Durante todo o mês de maio, estão previstas ações em universidades e espaços públicos. Entre elas, está o II Encontro da Luta Antimanicomial, promovido pelo grupo Usuários RAPS Livre. A programação completa pode ser consultada nas redes sociais do movimento.
Serviço
Ato da Luta Antimanicomial
Data: 16 de maio (sexta-feira)
Horário: Concentração às 19h | Marcha às 20h
Local: Pista do Gaúcho – Praça do Redentor, Curitiba/PR