A presidência da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) reagiu nesta terça-feira (13) aos ataques do deputado estadual Ricardo Arruda (PL) contra a deputada Ana Júlia (PT) e a ministra Gleisi Hoffmann (PT), presidenta nacional do partido. Segundo o presidente da Casa, Alexandre Curi (PSD), discursos desrespeitosos e agressivos passarão a ser automaticamente encaminhados ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.
“Não vou permitir que o plenário seja tomado por discursos de cunho ideológico radical, nem que ideologias extremas se sobreponham ao verdadeiro propósito desta Assembleia, que é o debate e a aprovação de políticas públicas que atendam ao interesse da população”, afirmou Curi durante a sessão.
A declaração ocorreu um dia após Arruda usar o microfone do plenário para sugerir que a Mesa Diretora estaria sendo conivente com faltas em comissões e sessões plenárias. Na mesma fala, o deputado voltou a fazer ataques pessoais a adversárias políticas — comportamento recorrente, segundo parlamentares. Ele chamou Gleisi Hoffmann de “amante” e acusou Ana Júlia de perseguição.
A reação foi imediata. Deputados da base governista e da oposição manifestaram repúdio às declarações e defenderam medidas mais duras para coibir esse tipo de conduta.
“Apoiamos integralmente as medidas firmes adotadas pelo presidente. É hora de dar um basta definitivo a condutas incompatíveis com o decoro parlamentar”, afirmou o deputado Luiz Claudio Romanelli (PSD). “As falas proferidas afrontam a dignidade do Parlamento e desonram o cargo que ocupa.”
Ana Júlia Ribeiro reforçou a denúncia de violência política de gênero. “Deputados que mentem em tribuna e atacam colegas para tentar desviar o foco de denúncias graves não estão protegidos por prerrogativas parlamentares. Isso configura quebra de decoro e precisa ser enfrentado com rigor”, disse.

Críticas à Mesa Diretora
Na sessão da segunda-feira (12), Arruda sugeriu que a Mesa Diretora da Alep não aplicava punições a parlamentares faltosos. Ele mencionou o deputado Delegado Jacovós (PL) e o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Tiago Amaral (PSD), alegando que ambos se ausentaram durante o período eleitoral sem sofrer qualquer sanção.
“Eu, como suplente do deputado Jacovós, durante as eleições municipais, fiquei cinco sessões no lugar dele, ele estava em Maringá. Ele avisou e eu fiz aí, então ele faltou mais de três. O presidente da CCJ, Tiago Amaral, ficou um mês e meio em campanha, faltou umas sete ou oito, não três, voltou e assumiu a cadeira”, afirmou.
Em nota, Ricardo Arruda negou ter ofendido Gleisi e Ana Júlia. “O que ocorreu foi uma resposta proporcional às repetidas críticas que venho recebendo. A deputada [Ana Júlia] foi à tribuna quatro vezes para fazer insinuações infundadas a meu respeito”, disse.
A manifestação, porém, foi considerada insuficiente por parlamentares. Para eles, a reincidência nos ataques e o tom ofensivo do discurso exigem resposta institucional mais firme.