Na despedida da China, Lula diz que quer superar burocracias e acelerar projetos entre países

Na coletiva de encerramento de sua segunda visita de Estado, no presente mandato, o presidente Lula disse que quer que os dois países superem as burocracias nas relações bilaterais. Ele contou que pediu para que o presidente chinês, Xi Jinping, designasse alguém da confiança dele para ficar em contato com o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

“Os projetos e suas execuções têm que andar mais rápido”, porque os dois países têm necessidades”. Isso aumentou a responsabilidade do ministro Rui Costa que será cobrado por esse designado pelo governo chinês, e vice-versa, explicou.

Se por um lado Lula iniciou sua coletiva com o tema do falecimento do ex-presidente uruguaio Pepe Mujica, por outro disse estar “muito feliz com o respeito e o carinho com o que Xi Jinping e governo chinês nos receberam”. Ele exemplificou com o encontro que tiveram na noite anterior.

“Ontem nós fomos jantar num lugar que é a primeira vez que um presidente estrangeiro é convidado para jantar, e o Xi Jinping foi o primeiro presidente a ir jantar também na minha casa”. O Brasil de Fato apurou que Lula foi convidado à residência oficial do presidente Xi Jinping, conhecida como Zhongnanhai.

“Nossa relação não é uma coisa trivial, nossa relação com a China é muito estratégica [..] “A gente quer mais metrô, mas ferrovia, inteligência artificial, tudo o que eles podem compartilhar conosco”, disse o presidente.

Tarifaço

“Não temos medo de retaliação”, disse Lula ao ser questionado durante a coletiva se seu governo teme uma reação do governo Trump diante do fortalecimento dos laços com a China.

“Trump toma as medidas que acha que tem que tomar pros EUA e nós tomamos as medidas que temos que tomar pro Brasil”.

Lula foi consultado pela mídia chinesa sobre o acordo que reduziu, durante 90 dias, as tarifas de importação dos EUA de produtos chineses de 145% para 30%, e da China de produtos estadunidenses de 125% para 10%.

“É uma demonstração pura e simplesmente de que tudo seria mais fácil se antes de anunciar de forma unilateral as taxações, os Estados Unidos tivessem conversado com a China”, respondeu Lula.

Gaza

Na coletiva, Lula se referiu algumas vezes à questão palestina. “O que está acontecendo em Gaza é extremamente grave para a humanidade. E a ONU não toma nenhuma decisão. É preciso terminar o genocídio na Faixa de Gaza, aquilo não é uma guerra, aquilo é um genocídio,” disse Lula.

“Agora, se o Trump quiser fazer ali um resort, não dá certo, ali é um pedaço do mundo que precisa ser respeitado tanto quanto eu quero ser respeitado”, disse lula

“E eu não tô falando – como dizem alguns fascistas-, de judeus e palestinos, eu tô falando do exército de israel contra o povo palestino”.

Fotografía do Brics no Rio de Janeiro

Como em 2023, Lula voltou a questionar a hegemonia do dólar: “quem é que decidiu que o dólar era a moeda padrão? Vocês conhecem alguma reunião na ONU que decidiu [isso]? Não, foram os Estados Unidos que impôs”

“Não menosprezem a força nem a importância do Brics, vocês vão ver a fotografia dos Brics na reunião do Rio de Janeiro. A gente tá acostumado com um único lado mandando”, criticou o presidente.

No ano passado Lula foi convidado para participar da 46ª Cúpula da ASEAN, prevista para acontecer nos dias 26 e 27 de maio em Kuala Lumpur, na Malásia.

Lula disse que aceitou porque “é um mundo que precisa ser descoberto pelo Brasil”. Em troca, Lula falou da relação com a Europa: “se você pegar individualmente um país como a França, o comércio é 8 bilhões de dólares [R$ 45 bi], se você pegar a Inglaterra não passa de 8 a 9 bilhões de dólares [R$ 45 a R$ 50 bi], a Itália é a mesma coisa”,

O presidente comparou esses casos com o do Vietnã: “já são US$ 12,5 bilhões [R$70,3 bi]”. “O Brasil precisa procurar outros parceiros”, concluiu o presidente.

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